I Dare You To Love Me

"Happy Together", The Turtles (cuidado, música contagiante!)

(cenas do filme Imagine Me & You, já por aqui falado)

Já tinha feito muitas loucuras mas nunca uma como aquela. Enquanto olhava lá embaixo uma cidade desconhecida, escondida entre as nuvens, não conseguia deixar de pensar nisso. Tudo aquilo era uma loucura completa, um daqueles sonhos malucos que ela sempre gostava de falar mas que, no fundo, achava que não passava disso: sonhos malucos. E agora, à medida que o avião ia perdendo altitude, ela ia perdendo a calma. Estava estupidamente nervosa e aborrecia-se com isso. Porque haveria de estar a tremer assim? Não era este o momento pelo qual ela ansiava há demasiado tempo? Era, claro que era. Preparou aquele dia ao pormenor, na sua imaginação. Ainda assim, sabia de antemão que se ia surpreender, e tal fuga de controlo deixava-a assustada e vulnerável.

Ouviu de quatro diferentes maneiras que iam agora aterrar, mas não prestou grande atenção àquela voz. Toda ela estava concentrada nas imagens que a janela lhe permitia reter. Começou a sentir o peito inquieto, a bater a velocidades pouco recomendáveis. Não de medo mas de ansiedade. Quando desceu a escada, respirou fundo, deixando entrar ar fresco nos pulmões. Apesar do arrepio de frio que a apanhou desprevenida, sentiu-se em casa. Depois, já com a respectiva bagagem nas mãos, recordou todos os gestos que tinha programado para quando aparecesse no átrio das chegadas. Procuraria aquela cara que estava gravada na sua memória desde o ínicio. Sorriria. Talvez um abraço. Talvez um beijo. E um tímido Olá!.

Mas foi quando os seus olhares se cruzaram que ela entendeu que, afinal, gostava das boas surpresas do acaso. Porque quando se encontraram ela deu por si a fazer um sorriso mais aberto e espontâneo do que o programado. Na sua frente, um novo encanto ao ouvir aquele "meu amor". Na sua frente, a ternura de ter dois lírios à sua espera. Na sua frente, um aperto no coração que lhe dizia que era isto. E que era para sempre.

Dia mais quente do ano :)

Nos teus braços vivo num eterno Verão. Iluminas os meus dias e aqueces-me o corpo em carícias abrasadoras, como um sol que não se extingue. Na tua pele, a vontade de ir colher frutos maduros, que me saciem esta fome de ti. Na tua boca, a necessidade de um beijo lânguido e demorado, da saliva quente que me desperta para uma volúpia animal, sem pudor. Fazer-te cócegas nos pés, como quando irrompes na areia fina. Provocar-te esse arrepio ao longo da espinha, (os meus dedos a brincar desde o teu peito até ao ventre) como quando entras de repente na água do mar e primeiro estremeces de surpresa e depois te delicias. Saborear cada réstia de sal que ficou em ti, demorando-me mais em certos sítios.

E, no gosto de um beijo, na cumplicidade daquele olhar terno (quando fechas suavemente as pálpebras, como que a guardar no fundo de ti aquela palavra, aquele gesto - e como me encantas!), me aperceber que comecei mal este texto. Porque nos teus braços não vivo só num eterno Verão. Porque és também a minha Primavera, e o meu Outono e o meu Inverno. Porque és todas as estações, todos os meses e todos os dias. Todo o meu tempo e todas as minhas sensações. És tu.

Música do Dia

"Stuck on You", Lionel Richie

Antiga mas...boa de ouvir. E já só apetece dançar agarradinha a ti...

Pré-Conceitos



descoberto aqui.

Heresias à Family Guy

E depois dos Simpsons...Family Guy! :) O melhor do Cristianismo...

Doh!

Quando anda toda a gente a falar do Simpsons, The Movie...as vozes!

(E para quem não sabe a voz do Bart é feita por uma mulher!)

Acto de Contrição

Meu amor, porque és infinitamente bom,
tenho muita pena de te ter ofendido
Ajuda-me a não tornar a pecar.

Música do Dia

"Relax, Take it Easy"*, Mika

* ou "eu tenho um plano" :p

Sonho tornado Real

"Sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só. Mas sonho que se sonha junto é realidade."
Raúl Seixas

A tua voz

O encanto da suavidade da tua voz, lenta, meiga. Descobrir a sonoridade de cada entoação, de cada ditongo, vogal e consoante. Sorrir com o teu "certo", "porta", "computador" e esperar pelo teu "amor". Saber que não me vais entender e falar-te lentamente, com cuidado. Ouvir o teu riso, sentir a tua vergonha escondida entre uma pausa. Entender que até o silêncio revela palavras de ternura, que até lá te revelas em toda a tua plenitude. Dizer-te que há uma linguagem universal que consigo captar no teu olhar, no teu sorriso, nos teus gestos. Garantir-te que no nosso beijo há palavras indizíveis e no nosso abraço histórias por inventar, em conjunto. E pensar que acaso será isto a felicidade: escutar a voz da pessoa amada com uma alegria que ecoa por nós adentro. Só pode ser isto a felicidade porque não consigo tirar este sorriso tonto do rosto. Porque me fazes descobrir que o nosso "amor" é "certo".

Multiculturalidade

Robbin Williams (em mais uma prova do seu talento!)




descoberto no 31 da Armada

Momento

"Momento", Pedro Abrunhosa

Pedes-me um momento

Agarras as palavras

Escondes-te no tempo

Porque o tempo tem asas

Levas a cidade

Solta no cabelo

Perdes-te comigo

Porque o mundo é o momento

Porque o mundo é o momento. E porque o meu mundo és tu. A minha vida resumida a um momento cabe toda no teu sorriso de estrelas.

Antes de Amar-te

Antes de amar-te, amor, nada era meu:
vacilei pelas ruas e as coisas:
nada contava nem tinha nome:
o mundo era do ar que esperava.


E conheci salões cinzentos,
túneis habitados pela lua,
hangares cruéis que se despediam,
perguntas que insistiam na areia.


Tudo estava vazio, morto e mudo,
caído, abandonado e decaído,
tudo era inalienavelmente alheio,


tudo era dos outros e de ninguém,
até que tua beleza e tua pobreza
de dádivas encheram o outono.

Pablo Neruda

(Con)Fusão

Querer confunde-se com ter
(saber).
Amar confunde-se com mar
(cantar).
Tua confunde-se com lua
(nua).
Eu confundo-me contigo
(nós).

Música do Dia

Para a minha querida Daniela (a tua música) e para a querida Prof.ª Teresa Viola, com votos de Parabéns...

"Princesa", Boss AC (com a espantosa Merche Romero)

Amar-te, Assim, Perdidamente

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Áquem e de Além Dor!


É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!


É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!


E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!
Florbela Espanca

Música do Dia

"Vambora", Adriana Calcanhoto

Entre por essa porta agora

E diga me que adora

Você tem meia hora

P'ra mudar a minha vida...

A Escada Sem Corrimão

É uma escada em caracol
E que não tem corrimão.
Vai a caminho do Sol
Mas nunca passa do chão.


Os degraus, quanto mais altos,
Mais estragados estão,
Nem sustos nem sobressaltos
servem sequer de lição.


Quem tem medo não a sobe
Quem tem sonhos também não.
Há quem chegue a deitar fora
O lastro do coração.


Sobe-se numa corrida.
Corre-se p'rigos em vão.
Adivinhaste: é a vida
A escada sem corrimão.
David Mourão-Ferreira

Lembranças...

Enquanto almoçava, falava-se na tv do "massacre do Montijo": um construtor civil que matou a mulher, a filha de 20, a filha de 9 e depois se suicidou, deixando em cima da cama cerca de 130 mil Euros. Recordaram também o caso do lutador de WWE, que matou mulher, filho e se suicidou em seguida.

Depois lembrei do documentário que queria ter visto ontem na rtp2, do suicídio colectivo de Jonestown. Lembrei do Baptista daqui da Consolação, que se suicidou. Lembrei do Márcio, amigo da Lena, que se mandou para debaixo de um comboio. Lembrei do irmão da minha avó, padrinho da minha mãe e pessoa de quem eu também gostava, que, num gesto completamente inesperado (tresloucado?) matou um homem e tentou suicidar-se depois. Sobreviveu por milagre (ou por castigo?) e ficou com o rosto totalmente desfigurado. Passaram 8 meses.

Lembro o quanto fiquei dividida, por ele ser sangue do meu sangue, o herói da infância da minha mãe, e por, no fundo, achar que ele merecia ter morrido. Seria melhor para todos. Lembro de ouvir as pessoas a falarem dele, a inventar suposições, procurar razões, chamar nomes. Lembro dos olhos da minha mãe, da relutância para falar da situação. E recordo que ela nunca o foi visitar à prisão, porque prefere guardar dele uma imagem feliz, que já não condiz com o bigode que lhe falta, com a língua e maxilar que ficaram destruídos naquele dia.

E penso em tudo isto e não sei. Fazer frente a Deus? Donos da nossa vida? Ou simples cobardia e egoísmo? Talvez isso. Certamente isso.

Boas ancas de parideira

A "função das mulheres é a procriação"*

Rafaela Fernandes, deputada do PSD Madeira,
a propósito da não aplicação da lei do aborto na ilha,
no Público de hoje

"Já que o coito

- diz Morgado -

tem como fim cristalino,

preciso e imaculado

fazer menina ou menino;

e cada vez que o varão

sexual petisco manduca,

temos na procriação

prova de que houve truca-truca.

Sendo pai só de um rebento,

lógica é a conclusão

de que o viril instrumento

só usou - parca ração! -

uma vez. E se a função

faz o órgão - diz o ditado -

consumada essa excepção,

ficou capado o Morgado."

(Natália Correia - 3 de Abril de 1982 )

*Pergunto-me qual a fonte inspiradora de pensamentos destes...

Música do Dia

"That I Would be Good", Alanis Morissette

Dear Jenny

Que engraçado! Estava à procura de um vídeo para música do dia e encontrei isto por acaso. Como gosto muito da Jenny na sua 1a temporada de L Word, aí vos fica...

Música: "Mary Jane", Alanis Morissette

Aquela Palavra

Não sei se não entenderás como precipitada aquela palavra. Algumas palavras pesam muito, não é? São simples, curtas, sonoras. Certezas. Afirmações. É tornar palpável e até sério o que pode parecer ténue e frágil. Mas que culpa tenho? Nunca gostei de prazos, de metas próprias da idade, de obrigações do tempo, de caber em dias. Não importa a cadência do tempo, importa como o sentes e vives. E é por isso que seja passado um dia, uma semana, mês ou ano, não me interessa, porque não me canso de te olhar, porque te quero em cada instante, em mais uma palavra importante e pesada: Sempre.

Não era assim daquele jeito, abreviado e confuso, que ta queria dizer. Nos meus sonhos e pensamentos, ela é te sussurrada ao ouvido quando, entre os teus braços, reparar nos teus olhos fechados e supor que dormes. Mas que culpa tenho? A palavra queria sair ao teu encontro ainda antes da minha certeza em ta dizer ou, como se diz, foi mais forte do que eu. Assomou-me à boca como uma necessidade a cumprir, vinda do fundo de mim para se entregar a ti. Talvez aquela palavra estivesse à tua espera há muito tempo, desde eras imemoráveis, e agora, excitada na descoberta de ti, não se aguentou mais como prisioneira. Escapou-me. Voou para ti. Apanha-a entre os dedos e trata bem dela. E então, aquela palavra será vida e o verbo será carne e eu serei tu.

Abre-olho! Só 30 €!

Ridículo! Já não faltava trazerem gente de Cabeceiras de Basto para celebrar vitória em Lisboa, agora, o Governo contrata figurantes para o papel de alunos interessados!

Vai e não tornes a pecar...

O humor acutilante e brilhante do grande Jon Stewart sobre a indemnização de 660 milhões de dólares a pagar pela diocese de LA a cerca de 500 vítimas de abusos sexuais.

descoberto aqui.

Fazes-me Falta



"São de nada tempestades ante a falta que me fazes."

David Mourão-Ferreira

Paraíso

Foge comigo. Vamos deixar tudo e viver noutra cidade, noutro país, noutro mundo. Noutra vida, até. Vem ver comigo o nascer do sol, a despontar por trás da Torre Eiffel, o entardecer numa savana africana do Quénia, e depois vê-lo desaparecer no horizonte, entre os jardins do Taj Mahal, e dar lugar à lua, à noite que nos esconde, sob o olhar atento de um Cristo Redentor. Vamos correr trilhos ainda não percorridos, verdadeiros descobridores de mares ainda não navegados, possuir com voraz vontade as terras virgens. Vem, prepara-te.

Não precisas de trazer muita roupa, porque à noite, sob um manto de estrelas, quero cobrir-te a nudez com o meu próprio corpo, fundir-me contigo num universo maior, infinito. Não tragas muita bagagem, carrega-te só de abraços apertados e de memórias, daquelas que te enternecem o olhar e despertam um sorriso de paz.

Vem comigo, meu amor. Vamos ser desertores de qualquer pátria, sem fronteiras que nos limitem ou línguas que nos atrapalhem. A minha pátria és tu, e basta-me morar entre as fronteiras do teu coração e conhecer a tua língua, fala universal e a única que me interessa.

Vem, esquece tudo e parte comigo. Vamos ser duas almas perdidas, em busca do paraíso ansiado e retirado sem razão àquele Adão e àquela Eva. Começar tudo de novo, sem remorsos, sem passado, raízes ou prisões. Fazer um novo Génesis, onde não exista arrependimento, pecado ou serpentes. Vamos trincar a maçã proibida, sem medo e brincar entre as árvores e as fontes, lado a lado com os animais da Arca, com o corpo a descoberto, sem pudor. E quando a excitação vier, vivê-la sem culpa, porque não pode haver mal em algo que é tão bom. E então, saborear as tuas essências sagradas, único alimento de vida, que me torna uma mulher nova e redimida. Vem. Vem-te.

E quando corrermos todos os recantos do mundo, aqueles mais conhecidos e aqueles mais recônditos, quando tiveres pousado a cabeça sobre o meu colo em todos os lugares possíveis e inimagináveis, e quando nos tivermos amado em todos os continentes e em todos os oceanos, poderei assim confirmar o que já sei agora, neste momento. Não há outro paraíso. Só existes tu. Tu, que és o meu único Paraíso.



"Come Away With Me", Norah Jones

Come away with me and we'll kiss

On a mountaintop

Come away with me

And I'll never stop loving you

And I want to wake up with the rain

Falling on a tin roof

While I'm safe there in your arms

So all I ask is for you

To come away with me in the night

Come away with me

Fenómeno Harry Potter

Imagem retirada daqui.

Milagres Impossíveis


Estavam um inglês, um alemão e um português num café, quando o inglês diz aos outros:
- Esse tipo que entrou agora é igualzinho ao Jesus Cristo!
- Pois, pois - dizem os outros.
- Estou-vos a dizer. A barba, a túnica …


O inglês levanta-se, dirige-se ao homem e pergunta:
- Tu és Jesus Cristo, não é verdade?
- Eu? Que ideia!
- Eu acho que sim. Tu és Jesus Cristo.
- Já disse que não. Mas fala mais baixo.
- Eu sei que tu és Jesus Cristo
Tanto insiste que o homem lhe diz baixinho:
- Sou efectivamente Jesus Cristo mas fala baixo e não digas a ninguém senão isto fica aqui um pandemónio.
- Fiz uma lesão no joelho em pequeno. Cura-me.
- Milagres, não. Tu vais contar aos teus amigos e eu passo a tarde aqui a fazer milagres.
O inglês tanto insiste que Jesus Cristo põe-lhe a mão sobre o joelho e cura-o
- Obrigado. Ficarei eternamente grato - agradece emocionado, o inglês.
- Sim, sim. Não grites e vai-te embora. Não contes a ninguém.


O inglês, mal chegou à mesa, contou logo aos amigos. O alemão levantou-se logo e dirigiu-se a ele.
- O meu amigo disse-me que eras Jesus Cristo e que o curaste. Tenho um olho de vidro… Cura-me!
- Não sou nada Jesus Cristo. Fala baixo…
O alemão tanto insistiu que Jesus Cristo passou-lhe a mão pelos olhos e curou-o.
- Vai-te agora embora e não contes a ninguém.
Mas Jesus Cristo bem o viu a contar logo a história aos amigos e ficou à espera de ver o português ir ter com ele.


O tempo foi passando e nada. Mordido pela curiosidade, Cristo dirigiu-se à mesa dos três amigos e, pondo a mão sobre o ombro do português, começou a perguntar:
- E tu, não queres que …
O português levanta-se de um salto, afastando-se dele:
- Eh, tira já daí as mãozinhas que eu sou funcionário e estou de baixa!


E foi assim que Jesus Cristo não pode ajudar Vieira da Silva a reduzir o défice da Segurança Social… Há milagres que nem Cristo pode fazer! "

in Macroscópio

Enfeitiçada

"Foi Feitiço", André Sardet

Não sei o que me aconteceu. Só consigo pensar em ti. Há quem lhe chame obsessão. Loucura. Amor. Mas estou convicta de que isto foi obra tua. Enfeitiçaste-me com esse sorriso que me concede uma paz inigualável. Só pode.

Sem talismãs, sem invocações ou rezas. Porque o meu talismã é a tua mão apertada na minha. Porque a minha única invocação é o teu nome na minha boca, no auge do prazer. E rezar, é só no teu ouvido, num murmúrio de gemidos que se confundem com preces de devoção.

Não foram precisos bonecos vudu ou unguentos mágicos. A magia, essa, revela-se no encontro do nosso olhar, e eu sou já e só uma boneca nas tuas mãos, vulnerável à tua vontade e capricho.

Não sei mesmo o que me aconteceu. Só sei que me aconteceu alguma coisa. Chamo-lhe obsessão por ti. Loucura por ti. Amor de ti. Feitiço teu.

Música do Dia

A letra tem pouca significância para mim neste momento (só se em relação ao meu fantasma - boa sorte para ti!), mas gosto muito da sonoridade, portanto...

"Boa Sorte (Good Luck)", Vanessa da Mata ft. Ben Harper

Já antes, eras tu

"o tempo, subitamente solto pelas ruas e pelos dias,

como a onda de uma tempestade a arrastar o mundo,

mostra-me o quanto te amei antes de te conhecer.

eram os teus olhos, labirintos de água, terra, fogo, ar,

que eu amava quando imaginava que amava. era a tua

voz que dizia as palavras da vida. era o teu rosto.

era a tua pele. antes de te conhecer, existias nas árvores

e nos montes e nas nuvens que olhava ao fim da tarde.

muito longe de mim, dentro de mim, eras tu a claridade."

José Luís Peixoto

A Ota dá trabalho!

Jogo da Ota, encontrado no 31 da Armada e concebido por Zé Cartoon





Lento

"Lento", Julieta Venegas

(para ti)

Si quieres un poco de mí,

me deberías esperar.

Y caminar a paso lento,

muy lento

y poco a poco olvidar,

el tiempo y su velocidad

frenar el ritmo, ir muy lento, más lento.

Ser delicado y esperar,

dame tiempo para darte

todo lo que tengo…

Si quieres un poco de mí,

dame paciencia y verás

será mejor que andar corriendo,

levantar vuelo

y poco a poco olvidar,

el tiempo y su velocidad

frenar el ritmo, ir muy lento,

cada vez más lento.

Ser delicado y esperar,

dame tiempo para darte

todo lo que tengo…

Si me hablas de amor

si suavizas mi vida

no estaré mas tiempo

sin saber que siento

Ser delicado y esperar,

dame tiempo para darte

todo lo que tengo.

O tempo passa lento, muy lento. Mas, sê paciente, meu amor. Porque a espera é só o tempo de deixar crescer aquilo que já é.

O tempo não sabe nada

"O tempo não sabe nada, o tempo não tem razão
O tempo nunca existiu, o tempo é nossa invenção
Se abandonarmos as horas não nos sentimos sós
Meu amor, o tempo somos nós


O espaço tem o volume da imaginação
Além do nosso horizonte existe outra dimensão
O espaço foi construído sem princípio nem fim
Meu amor, huuum, tu cabes dentro de mim


O meu tesouro és tu
Eternamente tu
Não há passos divergentes para quem se quer
Encontrar


A nossa história começa na total escuridão
Onde o mistério ultrapassa a nossa compreensão
A nossa história é o esforço para alcançar a luz
Meu amor, o impossível seduz


O meu tesouro és tu
Eternamente tu
Não há passos divergentes para quem se quer
Encontrar


O meu tesouro és tu
Eternamente tu
Eternamente tu"

Eternamente Tu, de Jorge Palma

Música do Dia

"I Was Born To Love You", Queen

Da Parolice

Adoro este blogue. Algumas razões:

Ensaio Sobre a Parolice (1) , (2), (3), (4) e (5).

Hieros Gamos*

Lembrei-me**!


O ritual pagão que entende a união sexual entre homem e mulher como uma união sagrada e que vê o orgasmo como o momento de encontro com Deus: Hieros Gamos***. Não desprezeis a sabedoria ancestral!




*Meu Deus, estou a falar de sexo no blog! Misturado com religião! E esta frase começou por "Meu Deus"! :p


**O que não significa que tenha andado a pensar ininterruptamente em sexo e a tentar recordar o nome! Por quem me tomam? :p


***E acabei de lembrar de uma cena muuuuito embaraçosa e que vem a propósito do tema: fui ver o Eyes Wide Shut ao cinema com os meus pais...

Pertenço-te

Sento-me em frente ao computador e as palavras não saem, hesitantes. Querem todas escapar desta prisão, mas têm medo de ser atropeladas pelo teu escrutínio. Porque para ti, meu amor, nenhum palavra chega e nenhum adjectivo tem o dom de traduzir adequadamente o efeito do teu sorriso em mim. O sol a morrer no mar em fins de tarde de Verão é só uma tentativa imperfeita de alcançar a paz do teu olhar. A lua cheia, que me encanta, até pode ser mágica, mas não tanto como tu, quando ris e fechas os olhos com força, como uma criancinha que ganhou um doce. Cada manifestação da Natureza não passa de uma cópia da natureza viva que tu és, em cada qualidade e defeito, cada gargalhada e lágrima perdida.
E sinto-me uma Casanova, a conquistar-te com frases feitas e lugares comuns! Herege de todas as poesias, prostituta de todos os amores alguma vez havidos! Mas, que me importa? Sei que já pertenço a um qualquer cantinho do teu viver, acolhedor e só meu. E sei que já te pertenço incondicionalmente, qual cadela que não larga o dono. Levas-me a passear? :p


"I Belong To You", Lenny Kravitz

Entre a vida e a morte

Magníficas constatações, daquelas que dão que pensar, encontradas aqui...

"O romântico
Entre a vida e a morte, escolho o casamento.

O homem de gravata no crash de vinte e nove
Entre a vida e a morte, escolho o suicídio.

A mulher moderna
Entre a vida e a morte, escolho um cabriolet.

O militar
Entre a vida e a morte, escolho a morte dos outros.

O médico
Entre a vida e a morte, escolho a vida dos outros.

O deus
Entre a vida e a morte, escolho o exílio."

Música do Dia

"Wish You Were Here", Pink Floyd



Nós por cá...Quase Resolvido :)

Venho adiantar que o assunto referido em "Nós por cá", está à beira de uma resolução (surpreendentemente rápido!).
Como munícipe responsável, mandei um mail ao presidente da Câmara (não encontrei contactos dos Vereadores na página oficial mas..pode ter sido distracção minha), a expor a situação.
Acabei de receber a seguinte resposta:

"Cara Marisa Silva:
Agradeço a sua msg e estou neste momento a dar instruções para a eliminação da inscrição. Obrigado.
Cumprimentos
O Presidente da Câmara Municipal de Peniche
António José Correia"

Há dias em que nos sentimos contentes com o andamento das coisas. Hoje é um deles.

Tenho o verde secreto dos teus olhos

A meu favor
Tenho o verde secreto dos teus olhos
Algumas palavras de ódio
algumas palavras de amor
O tapete que vai partir para o infinito
Esta noite ou uma noite qualquer

A meu favor
As paredes que insultam devagar
Certo refúgio acima do murmúrio
Que da vida corrente teime em vir
O barco escondido pela folhagem
O jardim onde a aventura recomeça.
Alexandre O'Neill

Música do Dia

Gosto do OC. Gosto da Alex (muito!). E gosto da música. Por isso aí vos fica, com a devida advertência para pessoas menos tolerantes...

Billie Myers, Kiss the Rain

Sou Patriota porque pago em Portugal


"Este foi o regresso mais longo de José Saramago a Portugal desde que a polémica que envolveu a candidatura do seu livro O Evangelho segundo Jesus Cristo ao Prémio Literário Europeu o levou para um "exílio" na ilha espanhola de Lanzarote.

A atribuição do Prémio Nobel parece tê-lo feito esquecer essas mágoas, mas não amoleceu a sua visão da sociedade e da História, que continua a ser polémica. Como se pode ver nesta entrevista.

Durante dois dias, o Nobel da Literatura português sentou-se no sofá e analisou o estado do mundo. Na única entrevista que concedeu durante a temporada passada na sua casa de Lisboa, falou muito de política, mais de literatura e também da vida e da morte. Pelo meio ficou o anúncio da criação da fundação com o seu nome e a revelação de que está a escrever um novo livro.
A união ibérica

Este regresso a Portugal é um perdão?

O país não me fez mal algum, não confundamos, nem há nenhuma reconciliação porque não houve nenhum corte. O que aconteceu foi com um governo de um partido que já não é governo, com um senhor chamado Sousa Lara e outro de nome Santana Lopes. Claro que as responsabilidades estendem-se ao governo, a quem eu pedi o favor de fazer qualquer coisa mas não fez nada, e resolvi ir embora. Quando foi do Prémio Nobel, dei uma volta pelo país porque toda a gente me queria ver, até pessoas que não lêem apareceram! E desde então tenho vindo com muita frequência a Lisboa.



Vive num país que pouco a pouco toma conta da economia portuguesa. Não o incomoda?

Acho que é uma situação natural.



Qual é o futuro de Portugal nesta península?

Não vale a pena armar -me em profeta, mas acho que acabaremos por integrar-nos.

Política, económica ou culturalmente?

Culturalmente, não, a Catalunha tem a sua própria cultura, que é ao mesmo tempo comum ao resto da Espanha, tal como a dos bascos e a galega, nós não nos converteríamos em espanhóis. Quando olhamos para a Península Ibérica o que é que vemos? Observamos um conjunto, que não está partida em bocados e que é um todo que está composto de nacionalidades, e em alguns casos de línguas diferentes, mas que tem vivido mais ou menos em paz. Integrados o que é que aconteceria? Não deixaríamos de falar português, não deixaríamos de escrever na nossa língua e certamente com dez milhões de habitantes teríamos tudo a ganhar em desenvolvimento nesse tipo de aproximação e de integração territorial, administrativa e estrutural. Quanto à queixa que tantas vezes ouço sobre a economia espanhola estar a ocupar Portugal, não me lembro de alguma vez termos reclamado de outras economias como as dos Estados Unidos ou da Inglaterra, que também ocuparam o país. Ninguém se queixou, mas como desta vez é o castelhano que vencemos em Aljubarrota que vem por aí com empresas em vez de armas...


Seria, então, mais uma província de Espanha?

Seria isso. Já temos a Andaluzia, a Catalunha, o País Basco, a Galiza, Castilla la Mancha e tínhamos Portugal. Provavelmente [Espanha] teria de mudar de nome e passar a chamar-se Ibéria. Se Espanha ofende os nossos brios, era uma questão a negociar. O Ceilão não se chama agora Sri Lanka, muitos países da Ásia mudaram de nome e a União Soviética não passou a Federação Russa?



Mas algumas das províncias espanholas também querem ser independentes!

A única independência real que se pede é a do País Basco e mesmo assim ninguém acredita.



E os portugueses aceitariam a integração?

Acho que sim, desde que isso fosse explicado, não é uma cedência nem acabar com um país, continuaria de outra maneira. Repito que não se deixaria de falar, de pensar e sentir em português. Seríamos aqui aquilo que os catalães querem ser e estão a ser na Catalunha.



E como é que seria esse governo da Ibéria?

Não iríamos ser governados por espanhóis, haveria representantes dos partidos de ambos os países, que teriam representação num parlamento único com todas as forças políticas da Ibéria, e tal como em Espanha, onde cada autonomia tem o seu parlamento próprio, nós também o teríamos.



Há duas Espanhas

Os espanhóis olham-no como um deles?

Há duas Espanhas neste caso. Evidentemente, tratam-me como se fosse um deles, mas com as finanças espanholas ando numa guerra há, pelo menos, quatro anos porque querem que pague lá os impostos e consideram que lhes devo uma grande quantidade de dinheiro. Eu recusei-me a pagar e o meu argumento é extremamente simples, não pago duas vezes o que já paguei uma. Se há duplicação de impostos, então que o governo espanhol se entenda com o português e decidam. Eu tenho cá a minha casa e a minha residência fiscal sempre foi em Lisboa, ou seja, não há dúvidas de que estou numa situação de plena legalidade. Quanto aos impostos, e é por aí que também se vê o patriotismo, pago-os pontualmente em Portugal. Nunca pus o meu dinheiro num paraíso fiscal e repugna-me pensar que há quem o faça. O meu dinheiro é para aquilo que o Governo entender que serve.



Mas não pode negar que o olham como um deus...

Não diria tanto...


Mesmo sendo a crítica espanhola tão positiva em relação à sua obra?

Também já foi uma ou outra vez um pouco negativa - talvez devido às minhas posições políticas e ideológicas - mas de um modo geral tenho uma excelente crítica em toda a parte, como é o caso dos EUA, onde é quase unânime na apreciação da minha obra."



in DN de ontem

Da abstenção

Não me venham dizer que altos níveis de abstenção representam um cartão vermelho, de protesto contra a política em geral e o estado em que as coisas estão. Desculpas!
Querem prostestar, votem em branco! Abstenções de 60% não são formas de protesto, mas só mais uma forma de mostrar o quanto o tuga (bem ao jeito dos Tugas, do Corta-Fitas!) se desinteressa por aquilo que lhe diz respeito. Mas depois querem um país democrático, que avance...Tenho pena, muita pena.

A Camioneta*

Vê-se o monte de gente que o PS recrutou para a festa da vitória, de Évora a Cabeceiras de Basto, e só me consigo lembrar de uma parte dos apanhados da tv, em que um jornalista perguntava "O que a trouxe cá?" e a senhora, em toda a sua naturalidade e ingenuidade respondia "A camioneta".
Deve ter sido mais ou menos assim com o PS...:p

* ou, O Rídiculo do Aparelho

A minha praia na tv


Praia da Consolação na “Praça da Alegria”

"Na próxima 2ª-feira, dia 16 de Julho, entre as 10h e as 13h, o Programa “Praça da Alegria” irá ter intervenções em directo da Praia da Consolação (Peniche).
O bem conhecido Hélder Reis será o repórter de serviço e terá como missão transmitir para Portugal e para o Mundo as características e o ambiente que tornam tão singular a Praia da Consolação. Para os emigrantes do concelho de Peniche, será uma excelente oportunidade para matarem saudades da sua querida terra natal, assim como dos seus familiares.Durante toda a manhã de 2ª-feira, os mais novos que estiverem na Praia da Consolação terão igualmente a oportunidade de praticar actividades lúdico-desportivas, tais como jogos de educação ambiental ou ténis de praia."

in site da CMP

Nós por cá...

É um conteúdo chocante e de cariz local mas não posso deixar de o frisar. Hoje encontrei em plena parede do estádio do Grupo Desportivo de Peniche e em letras bem visíveis a morada de um blogue. Não que seja contra a arte urbana (desde que seja arte, tudo bem!) mas achei um atentado à limpeza e estética do local, bem à entrada de Peniche. Depois, achei caricato e revelador do poder e dimensão da blogosfera porque, afinal, não era um "Amo-te Teresa" nem um "Viva Salazar". Era simplesmente uma hiperligação. Obviamente fiquei curiosa, mas logo me arrependi. Trata-se de um blogue de aspecto duvidoso e sexualmente explicíto de alguém que se diz professora na escola da Atouguia da Baleia. É certo que o carácter de uma só pessoa não se pode alargar ao todo mas..só espero que os nossos turistas não sejam curiosos como eu, senão...vão ficar com uma péssima imagem de Peniche. Alguém que limpe aquilo por favor!

Música do Dia

"É isso aí", Ana Carolina e Seu Jorge

(a versão brasileira de Blower's Daughter)

De que cor são as saudades?

Da cor dos teus olhos, meu amor.

Eleições em Lisboa*

Os meus destaques:

*António Costa ganhou sem surpresa, mas também sem maioria absoluta.
*Carmona Rodrigues vai obter um honroso 2º lugar, o que já é uma grande vitória (fez lembrar Alegre e Soares...)!
*Será que Marques Mendes e o PSD ainda precisam de mais provas?
*Helena Roseta ficou à frente do CDU, do PP e do Bloco de Esquerda.
*A abstenção vai rondar os 60%. Sempre achei que quem se abstém despreza toda uma luta passada na conquista de um direito fundamental mas..ok, eles lá sabem. Mas depois não se atrevam a queixar-se e a dizer que os políticos são todos iguais.

*ou, gosto de ser surpreendida :)

O teu sorriso

Acordas e pensas "Marisa, o que raio andas tu a fazer?". Am I real? Are you real? Is this real? Depois recordas o seu sorriso e entendes.


"Secret Smile", Semisonic

Bushism


Coisinhas boas vindas do 31 da Armada

A completar com magníficos Bushisms, como este:

"I'm honored to shake the hand of a brave Iraqi citizen who had his hand cut off by Saddam Hussein."—Washington, D.C., May 25, 2004

Mais um...

Não te sentes mais velha. Ontem, quando passou da meia-noite, o tempo continuava a sua cadência normal e a ginja tinha o mesmo sabor que minutos antes.
Na noite de ontem não fizeste balanços do ano que findou, talvez com medo das conclusões. Não falaste dos projectos para o ano que começa, mas sabes que vai tudo mudar. Não te sentiste especialmente alegre ou pensativa. Viveste o momento simplesmente, certa de que é irrepetível. Só isso.

Mas depois, chegada a casa, demoras a adormecer. Dás voltas na cama. Inquietas-te. Sem quereres, acabas por ter os pensamentos típicos de um dia de anos. Porque, inevitavelmente, esse é o dia em que te questionas e prescrutas. Sobre quem és afinal, onde erraste, o que te arrepende, o que te falta ainda. Quantos planos? Quais sonhos? Acreditas ainda ter tempo, quem decide és tu.

No teu dia de anos, lembras-te do ano passado, onde estavas, com quem estavas, o que fizeste. Tentas entender onde mudaste. (Será que mudaste? Não está afinal tudo na mesma?). Revês todo o passado e tentas encontrar uma evolução, medir resultados. Aprendeste alguma coisa? Ou será que é tudo somente uma sucessão de erros, de pára-avança? Admites que te sentes nostálgica. E, sem nada poder fazer, adormeces, por fim.

Acordas tarde, a gozar os privilégios de um dia que é teu. Estranhas a normalidade de tudo. Até que o telefone toca. As mensagens acumulam no telemóvel. Alegras-te com a previsibilidade e garantia certa que a amizade concede. Sorris ao seres surpreendida pela memória de outros. Aquece-te o coração saberes que há alguém que está sempre a pensar em ti. Vais mentalmente anotando quem se lembrou de ti, aqueles para quem és importante.

Sentes-te feliz e o sol brilha. Tens todos os motivos para sorrir, porque apesar do tempo passar, tens quem te acompanha. E por mais passado que te pese, há ainda um mundo cheio de incertezas e possibilidades a conquistar. Cometeste erros mas construíste um caminho e vais levá-lo até ao fim, com melhores ou piores decisões. E é por isso que hoje vais ver o mar, e mandar um mergulho, como quem mergulha em mais um ano de vida. Com um sorriso estampado no rosto, porque és feliz. Com os olhos fechados por causa do sal do mar, é certo, mas sem medo porque sabes nadar e porque tens quem te resgate.

O meu melhor presente

Vieste com semanas de antecedência, pela caixa de correio. Um papel brilhante e luminoso cobria-te o corpo, todo escondido, reclamando atenção. Uma fita feita de sorriso encimava o embrulho, à espera de ser desfeito. A acompanhar, um bilhete da cor dos teus olhos, que me dirigia juras de amor, na língua dos anjos.
Olhei com surpresa e ansiedade, perguntando-me o que era isto que o acaso me trouxera. Enquanto te desnudava, a emoção aflorava-me os sentidos, os olhos enchiam-se de gratidão. Porque eras mesmo tu que eu queria!
Vieste com semanas de antecedência pela caixa do correio, mas sei hoje que eras o presente que esperava à muito, meu amor. Obrigado por me teres descoberto.

Recados

Não sei o que te deu. Não me pesa a culpa do teu desânimo. Maltrataste-me. Insultaste-me. Duvidaste. Magoaste-me. E não percebo porquê. Devias ficar feliz por mim e afinal...
Só queria ser a tua mais doce recordação. Tal como és a minha, fofo. Mas nunca vamos conseguir conversar, não é? É pena.

Leva-me contigo

Vento que tudo podes, que és indomável e chegas aonde não chego, leva-me contigo! Vamos acariciar-lhe a pele, fazer-lhe festas no cabelo...

Músicas do Dia

Glasgow Love Theme, composta por Craig Armstrong




PM's Love Theme, composta por Craig Armstrong

Romantismos

Lembrei-me há dias deste filme magnífico - "Love Actually". Um dos meus preferidos e recheado de actores 5 estrelas! Para memória futura, aí vos fica duas das minhas cenas preferidas, daquelas de romantismo de cinema (retirando a bela língua popular portuguesa! lol). Enjoy...



Dualismo

"Não és bom, nem és mau: és triste e humano...
Vives ansiando, em maldições e preces,
Como se, a arder, no coração tivesses
O tumulto e o clamor de um largo oceano.

Pobre, no bem como no mal, padeces;
E, rolando num vórtice vesano,
Oscilas entre a crença e o desengano,
Entre esperanças e desinteresses.

Capaz de horrores e de ações sublimes,
Não ficas das virtudes satisfeito,
Nem te arrependes, infeliz, dos crimes:

E, no perpétuo ideal que te devora,
Residem juntamente no teu peito
Um demônio que ruge e um deus que chora."

Olavo Bilac

Os teus olhos

Há olhos lindos. Olhos azuis ou verdes. Exóticos e invulgares. Olhos com pintinhas dentro. Há olhos castanhos, de avelã, comuns. Há olhos redondos e olhos achinesados, em bico. Os olhos gigantes das criancinhas famintas. O olho do Camões. O olho da Maddie. Olhos grandes onde cabe o mundo inteiro. Olhos pequenos onde só cabe uma pessoa. Olhos que vêem ao longe e descortinam o futuro. Olhos míopes que não conseguem ver o que é mais evidente. Olhos vítreos, parados no tempo, num instante que já foi. Olhos vermelhos de raiva ou enternecidos de amor. Olhos líquidos de choro. Olhos receosos, com medo do escuro. Olhos de fé que vêm o que outros não conseguem.
E depois, há os teus olhos, capazes de me espelhar a alma. Olhas-me e passo a existir.

Música do Dia

"Encosta-te a mim", Jorge Palma

Descubra os blogs "escondidos"

Sei que não sou a pessoa com maior autoridade moral nestas andanças (veja-se o histórico deste blog e confirme-se) mas alguém tem de fazer alguma coisa contra isto. Isto não é só plágio. É puro descaramento!

Música do Dia

"You Are So Beautiful", Joe Cocker

( ending scene de Carlito's Way)




E depois disto..."You can leave your hat on"! :p

Best-Seller

Ainda sobre o tema Paulo Coelho, lembrei-me da expressão "besta célere" de O'Neill e, consultando a estante, aí fica o artigo:

"Há quem lhe chame, por brincadeira, besta célere para carcterizar a qualidade mediana (tomada por média) desse produto cultural (agora tudo é cultural!) e, ao mesmo tempo, a rapidez com que ele se esgota em sucesivas edições. O best-seller é um produto perfeita (ou eficazmente) projectado em termos de "marketing" editorial e livreiro. É para se vender - muito e depressa - que o best-seller é construído com os olhos postos num leitor-tipo que vai encontrar nele aquilo que exactamente esperava. Nem mais, nem menos. Os exemplos, abundantíssimos, nem vale a pena enumerá-los. Convém não confundir, pelo menos em todos os casos, best-seller com "topes" de venda. Embora seja cabeça de lista, o best-seller tem em relação aos livros "normais", uma característica que logo o diferencia: foi feito propositadamente para ser um campeão de vendas. A sua razão de ser é essa e só essa. E aqui poderia dizer-se, recuperando o lugar-comum para um sentido sério, que «o resto é literatura».

Estou a pensar em bestas céleres como Love Story ou O Aeroporto. Não estou a pensar em "topes" de vendas como O Nome da Rosa ou Memórias de Adriano. Estes últimos são boa, excelente literatura que, por razões pontuais e, muitas vezes extrínsecas à sua própria feitura, conheceram grandes êxitos de venda, o que é bastante diferente. Enquanto o best-seller é esquemático, quer dizer, não comporta mais do que o necessário, em termos de ingredientes, para comover (ou motivar, como é costume dizer-se) os simplórios, o livro "normal" nem pensa nisso. Nascido de uma necessidade interior, o livro "normal" chega ao leitor de dentro para fora. O best-seller é exactamente construído ao contrário: chega de fora para dentro ou, até de fora para fora, visto que a sua penetração no leitor não é nenhuma, ao passo que a sua propagação é imensa.

Habitualmente, o best-seller, ao fim de alguns anos, está esquecido ou, então, foi posto em cinema ou em tv e será, durante uns tempos, ainda lembrado, quase nunca em termos de literatura, que não é, mas apenas de história. O cinema ou a tv não podiam senão tornar ainda mais liso o que liso e correntio era.
Editores com o sentido da oportunidade aproveitam, então, para lançar ou desenterrar tiragens, que às vezes se vendem, outras não, mas sempre com a inevitável cinta: Um grande sucesso agora no cinema (ou na tv). Alimentam, deste modo, curiosidades menores do público: saber com antecipação o que vai acontecer (caso das séries televisivas, aliás «adiantadas» na Imprensa diária e semanal) ou ver até que ponto o cinema respeitou ou não respeitou a história original.

O best-seller é feito a pensar num leitor «espremido» por computador e serve a esse leitor tanto quanto lhe pode servir qualquer outro objecto de conforto. É um típico produto da chamada indústria cultural. Toma, exteriormente, a forma de livro para melhor se confundir com os verdadeiros livros. É uma espécie de ornamento (do espírito, da estante ou do caixote do lixo...) e cumpre, quase sempre, o seu papel, virada a última folha.

O best-seller pode ser preparado com muita habilidade e, para os desprevenidos, constituir, até, uma obra de qualidade. A propaganda fará o resto. Mas isso será só ilusão. O best-seller tem a qualidade apenas necessária para não comprometer a quantidade que alcançou ou deseja alcançar. Esse é o seu verdadeiro objectivo: quantidade e mais quantidade.
Hoje, que a literatura integra áreas cada vez mais vastas, uma há que não poderá integrar, a do best-seller, sob pena de se transformar no contrário de si mesma: o fabrico e o consumo desenfreado de um produto que por acaso se chama livro."


Alexandre O'Neill, Uma Coisa em Forma de Assim

Música do Dia

"Something about the way you look tonight", Sir Elton John

There was a time

I was everything and nothing all in one

When you found me

I was feeling like a cloud across the sun

I need to tell you

How you light up every second of the day

But in the moonlight

You just shine like a beacon on the bay

And I can't explain

But it's something about the way you look tonight

Takes my breath away

It's that feeling I get about you, deep inside

And I can't describe

But it's something about the way you look tonight

Takes my breath away

The way you look tonight

With a smile

You pull the deepest secrets from my heart

In all honesty

I'm speechless and I don't know where to start

Zeitgeist

Por indicação do JAM aqui fica reproduzido um excelente documentário (espero que não te importes mas parece-me produtivo divulgar isto). Pode parecer teoria da conspiração, mas não deixa de ser interessante. É grande mas vale a pena assistir...
ZEITGEIST
" That being said, it is my hope that people will not take what is saidin the film as the truth, but find out for themselves, for truth is not told, it is realized."

Paulo Coelho, Zaramago e Toy

Já antes aqui estive para falar de Paulo Coelho, quando o Macroscópio disse que Saramago (ou Zaramago!) não passava de uma versão rasca daquele para domésticas com aspirações literárias.

Sinceramente, não gosto do Saramago-pessoa. Nunca gostei. Irrita-me a forma como repudia a pátria que o criou. Irritam-me as suas teorias políticas e o facto de, no passado, ter censurado outros e irrita-me que ele tenha ganho o Nobel, em vez de ter sido o Lobo Antunes, por exemplo (lembro-me sempre de uma coisa que li algures, que dizia que antes se era repreendido por não usar devidamente a pontuação e agora é-se premiado!). Já para não falar das pessoas que fazem questão de comprar os livros dele, só porque ganhou o Nobel.

Mas gosto do Saramago-escritor. Adoro o "Evangelho Segundo Jesus Cristo" e o "Ensaio da Cegueira"! Gosto da ironia pensada, do ateísmo presente, das palavras simples. É um dos meus escritores de eleição. Obviamente, não o posso comparar à inteligência de Eça ou até à de Vergílio Ferreira (outro que me fascina) mas gosto, ainda assim. Porém, compará-lo a Paulo Coelho parece-me, no mínimo, incomparável.

Agora perguntam na Morada do Silêncio (minha leitura habitual pela beleza das palavras) se merecerão benevolência aqueles que citam Paulo Coelho. Certa de que o tenho feito ultimamente, senti-me visada, é claro. :)
A verdade é que, no fundo, sou só uma espécie de doméstica com aspirações literárias (vê-se bem pelo que escrevo!). Já li muito de Paulo Coelho, como li de Margarida Rebelo Pinto, e isto sim, parece-me comparável. Encaro estes dois autores da mesma maneira: não lhes reconheço nenhuma qualidade literária de maior mas gosto à mesma. Como aqueles filmes que não trazem nada de novo e de que passados dias já esquecemos o nome, mas que, na altura, até gostámos de ver.
Não fazem pensar muito, mas fazem sentir bem. E, às vezes é só isso que quero, sentir-me bem. Porque "pensar é estar doente dos olhos". :)

Confesso que ando mais selecta nas minhas leituras, mas não é a sobranceria da intelectualidade associada a um nome que é capaz de mudar os meus interesses. Acho até que talvez seja também por isso, que a palavra "intelectual" tem hoje na sociedade portuguesa um carácter pejorativo, mas isso é outra história...
Posto isto, devo ainda dizer que não gosto de Toy mas sei uma ou outra música de Tony Carreira. Isto significará o quê? Que gosto de Nicholas Sparks? :p

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Percentagem de Europeus que acreditam em Deus

Via O Jumento.

Caricaturas

Muito se poderia dizer do debate de ontem na RTP com os candidatos à CML.
Para quem ainda está em dúvida, sugiro esta óptima caricatura do Macroscópio.
Enjoy...

Quero voar para ti...

"Asas", GNR

Só quando quiseres pousar

da paixão que te roer

É um amor que vês nascer

sem prazo, idade de acabar

Não há leis para te prender

aconteca o que acontecer.

Soneto da Fidelidade

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Vinicius de Moraes



Inspirada por O País das Mil Ervilhas

UAI

Tenho que te dizer uma coisa:

Conheço-te há pouco tempo, sei que as hipóteses são remotas e que és bem diferente de mim, mas..uai, ADORO-TE. ADORO-TE. ADORO-TE. ADORO-TE. ADORO-TE.

(Meu Deus, como estou a ficar lamechas! :p )

As coisas que descubro!

Depois de 22 anos de existência, acabo de descobrir que existem ratos que sabem nadar melhor que eu: ratos-de-água!
E eu que passei uns bons minutos a pensar que o pobre rato, que o meu pai encontrou em cima de uma esferovite dentro do poço, ia morrer à fome por não conseguir sair dali! Afinal....:P

O corpo Os corpos

"O teu corpo O meu corpo E em vez dos corpos
que somados seriam nossos corpos
implantam-se no espaço novos corpos
ora mais ora menos que dois corpos

Que escorpião de súbito estes corpos
quando um espelho reflecte os nossos corpos
e num só corpo feitos os dois corpos
ao mesmo tempo somos quatro corpos

Não indagues agora se o meu corpo
se contenta só corpo no teu corpo
ou se busca atingir todos os corpos

que no fundo residem num só corpo
Mas indaga sem pausa além do corpo
o finito infinito destes corpos."
David Mourão-Ferreira