A importância de Jesus


England's Rose

















Por favor, toca a ajudar


Programação

É bom que tenham TV Cabo ou, por outro lado, podem sempre descansar na Sexta-feira 4 Set.

Quarta 2 Set. – PS-CDS (TVI)

Quinta 3 Set. – BE-PCP (SIC)

Sábado 5 Set. – PS-PCP ( TVI)

Domingo 6 Set. – BE-PSD (TVI)

Segunda 7 Set. – CDS-PCP (SIC)

Terça 8 Set. – BE-PS (RTP)

Quarta 9 Set. – PSD-PCP ( TVI)

Quinta 10 Set. – CDS-PSD (RTP)po

Sexta 11 Set. – BE-CDS (RTP)

Sábado 12 Set. – PSD-PS (SIC)


via 5 Dias

O Porreiro e a Senhora

(retirado do i)

O PS tem a Summer Fest, em Santa Cruz; o PSD tem a Universidade de Verão, em Castelo de Vide.

O ateísmo de Saramago I

"Uma fé que não duvida é uma fé morta."
Miguel de Unamuno


“Não sou um ateu total, todos os dias tento encontrar um sinal de Deus, mas infelizmente não o encontro.”
José Saramago


"Na cova do lobo não há ateus."
Provérbio húngaro

Get a life!

Sábado: 1, 2 e 3.
Domingo: 4, 5 e 6.

Legends of the Fall


Que também se poderia chamar qualquer coisa como O insustentável peso da Culpa ou A Parábola do filho Pródigo.

Penso mas não existo

Foto daqui.
Rua da Trindade, Chiado

Sinais (medo, muito medo)

Depois de ter publicado o post anterior, apareceu-me isto:

O ateísmo de Saramago

"Deus regressa com Saramago, no seu novo romance a publicar em Outubro. É um tema que levanta suspeitas – Saramago é ateu mas os seus livros supõem um sentimento religioso. Ao contrário de Richard Dawkins, por exemplo, que é ateísta militante e para quem a ideia de Deus não apenas é absurda como, ainda por cima, está na origem dos males do mundo. Saramago pode não andar longe, mas há um halo, uma respiração, um apelo do indizível e do invisível, os lugares onde Deus podia habitar: no meio do deserto ou na noite escura dos tempos, antes de os homens lhe terem emprestado o gene da crueldade e da vingança, e de se terem organizado em religiões rivais e exclusivas (“onde estou eu não podes estar tu”). Acontece que a ideia de Deus ou está em nenhuma parte ou em todo o lado."

nas Crónicas de Francisco José Viegas

Se eu fosse você (...eu voltava para mim)



Ou: Tony Ramos é o mais talentoso actor brasileiro, na minha modesta opinião.

Uma Canção Simples

Serendipity

Serendipity is the effect by which one accidentally discovers something fortunate, especially while looking for something entirely unrelated.


A Eureka de Tarantino I

*Na IMDB (local de culto), diz-se que Tarantino demorou uma década a planear Inglourious Basterds: valeu a pena!


*Não é de admirar a brilhante representação de Brad Pitt mas destaco também Christoph Waltz, no papel da repugnante ratazana Hans Landa (em cima)

*Pronto, não digo mais nada para não estragar o resto mas... não percam este filme. Está magnífico.

A Eureka de Tarantino

«Faríamos mal em acreditar que "Sacanas sem Lei" é o simples filme de aventuras na Segunda Guerra Mundial que a publicidade (alguma, pelo menos) tem querido vender. Tarantino recolhe elementos de múltiplos filmes de aventuras, na Segunda Guerra Mundial e não só (em certos momentos, a memória do "western", como género e como "mundo", é extremamente importante), mas o que faz com eles está bem longe de ser simples ou, sequer, típico. Por outro lado, e isto também é uma razão, esta Segunda Guerra Mundial não é bem a que conhecemos. Ou é a que conhecemos mas com um "twist", o "twist" suficiente para a lançar numa espécie de universo alternativo. Na cena crucial de "Sacanas sem Lei", quando as pilhas de rolos de película de nitrato pegam fogo ao estado-maior do Terceiro Reich, torna-se claro que Tarantino não reconstitui, reinventa, e que o seu filme é um exercício de história alternativa, de história ficcional.


Não necessariamente implausível nos seus pormenores decisivos: a película de nitrato ardia facilmente (como, se por mais nada, o leitor saberá através do "Cinema Paraíso" de Tornatore...) e os nazis gostavam muito de assistir a estreias de gala dos seus filmes de propaganda. Essa cena do incêndio, e como Tarantino não se tem cansado de dizer em entrevistas, reflecte o "poder do cinema" de modo simultaneamente "literal e metafórico". Ora tendo o Terceiro Reich vivido pelo cinema, e sido em parte não negligenciável uma construção para o cinema, que aqui o Terceiro Reich morra pelo cinema é menos um cúmulo absurdista do que um fecho de círculo, tão lógico e inevitável como qualquer outro. Num certo sentido, a Segunda Guerra de Tarantino é uma guerra decidida pelas imagens, combatida com as imagens.

Mais uma vez, o exagero é muito leve: toda a propaganda de qualquer dos lados em conflito sabia-o bem, fosse o lado dos alemães, dos americanos ou dos ingleses (Churchill chegou a comparar um filme, o "Mrs Miniver" de Wyler, a um "bombardeiro"). Elemento essencial da propaganda, consistia numa apropriação da imagem do inimigo, para a desviar, para a tornar na caricatura de si próprio. Em "Sacanas sem Lei" isto é, mais uma vez, "literal e metafórico": tudo se joga pela maneira como se podem controlar, interferir, dominar, as imagens do inimigo. É o que faz Shosanna, a miúda judia que gere o cinema que é o lugar central da acção, quando interpõe, por entre as imagens do filme de propaganda dos nazis, planos de si própria, em estética quase "riefenstahliana", a anunciar aos presentes o que lhes vai acontecer (e o plano em que o ecrã está já a ser consumido pelas chamas mas ainda se vê a imagem da rapariga a gritar algo como "olhem bem para mim, eu sou o rosto da vingança judaica!" é o plano mais absolutamente assombroso de "Sacanas sem Lei"). E é, a outro nível, o que fazem os "Bastardos", o grupo de americanos que dá ao nome ao filme mas tem uma presença quase secundária (em termos de "screen time", pelo menos), com a história das suásticas cravadas nas testas dos nazis que encontram pelo caminho: usar a imagem do inimigo, dominá-la, e utilizá-la contra ele (alguns dos nazis de "Sacanas sem Lei" terão tido mais dificuldade em viver anonimamente na América do Sul, depois da guerra, do que os seus equivalentes da vida real).

Justiça poética, claro, que como sabemos não tem forçosamente a ver nem com "justiça" nem com "poesia". É outra das coisas que liga "Sacanas sem Lei" aos filmes de Tarantino como "Kill Bill" ou "Deathproof"; e a personagem de Shosanna, cuja família é morta na primeira sequência, obviamente se aparenta com as mulheres em missão de vingança desses filmes.

Filme sobre imagens, "Sacanas sem Lei" não é menos um filme sobre palavras. Tarantino, dialoguista genial que chega ao ponto, nas entrevistas, de dizer que se vê como um "escritor" antes de ser ver como um cineasta, constrói praticamente todas as sequências como "peças de conversa", integralmente assentes num delicado equilíbrio do poder decorrente da linguagem e de quem a usa, e de como a usa - não é por acaso que uma das cenas mais prodigiosamente tensas de "Sacanas sem Lei" (a da taberna, com o jogo das adivinhas) decorre sob o signo dos sotaques e das expressões idiomáticas (mesmo quando são apenas gestuais, como descobre o pobre oficial inglês interpretado por Michael Fassbender). E ao centrar o filme, com uma expressão quase teórica, no poder das imagens e das palavras, no poder da linguagem visual e da linguagem falada, Tarantino conquista-lhe uma dimensão fria, "intelectual", nem por isso demasiado subterrânea, que transcende em muito a questão da Segunda Guerra Mundial. É um filme sobre o poder e sobre os instrumentos do poder, que hoje já não são analógicos mas digitais. Como se pega fogo a um monte de ficheiros de computador?»

No Ípsilon

Inglourious Basterds (spoiler)


Tarantino pega numa raiva colectiva - meteu todos os chefes Nazis, Führer incluído, no mesmo sítio e pegou-lhes fogo - e uma satisfação cruel (mas nunca tanto como outras, as deles, antes), que já não precisa de ser contida, nasce-nos no rosto.

(depois falarei com mais calma disto)

Confiar na Medicina

Dizes-me "confia na Medicina" e, por mais que veja aí toda a tua dedicação e fé àquilo que amas e que vive em ti, mesmo notando a tua preocupação sincera, só não te respondi porque não fui capaz. Confio na Medicina com o mesmo à-vontade com que confio numa tesoura afiada, útil mas também eficazmente danosa. Não me julgues ingrata, por favor. Sou só uma leiga a quem não interessa todos os nomes complicados e os processos imprevisíveis mas apenas os resultados simples e visíveis.

Quando me disseste "confia na Medicina" não pude deixar de lembrar de imediato do avô. Poucas pessoas na família o confessaram mas sei que todas o pensaram, até eu. Talvez tivesse sido melhor se fosse diferente. Era inevitável, sei que sim, já me explicaste da complexidade e da pouca probabilidade que existia, mas seria diferente. Em todos a suspeita inútil de que o tratamento foi mais rapidamente mortal do que a doença, talvez mais benéfico até em dada perspectiva, mas no tempo que lhe/nos roubou foi cruel e impiedoso, e estupidamente certeiro: um mês.

Falas-me da confiança e não a consigo ter enquanto tudo for experiência, cobaia, vamos ver o que acontece; sei que teria obrigatoriamente de ser diferente neste caso mas como estar tranquila se tudo é hipótese, se nada é garantido, se todos parecem tão perdidos quanto eu, talvez apenas num disfarce mais credível por debaixo da bata branca?
Confio na Medicina como solução mais admissível mas confio mais em ti. Confio quando me dizes que vai ficar tudo bem e agradeço-te num abraço forte e sentido que já tenho saudades de partilhar contigo. Obrigada por estares perto, minha querida.

A teeny tiny possibility



PHOEBE: Ok, look, before you even start, I'm not denying evolution, ok, I'm just saying that it's one of the possibilities.

ROSS: It's the only possibility, Phoebe.

PHOEBE: Ok, Ross, could you just open your mind like this much, ok?
Wasn't there a time when the brightest minds in the world believed that the world was flat? And, up until like what, 50 years ago, you all thought the atom was the smallest thing, until you split it open, and this like, whole mess of crap came out. Now, are you telling me that you are so unbelievably arrogant that you can't admit that there's a teeny tiny possibility that you could be wrong about this?

ROSS: There might be, a teeny, tiny, possibility.

Tabu

Sinto-me dividida em dizer-to mas se não o dissesse agora acreditarias numa falsa verdade: não é um regresso ou uma conversão, é tentar desesperadamente tudo. Desculpa dizer-to com esta frieza de fase de negação ante toda a tua fé inabalável, mas não posso jamais acreditar em razões insondáveis ou fins últimos para o sofrimento e o mal. Sei que me tentas reconfortar mas esse é só o argumento plausível, mas ilógico, para o inexplicável, só porque precisamos fortemente de um motivo que nos tranquilize e nos permita viver em paz neste mundo condenado. Não há motivos que se excedam em si mesmos para justificar a loucura do Mundo e a dor dos Homens. Mas, neste momento, só me resta confiar. Confio em ti. E, mesmo que não me compreendas, mesmo que eu não te compreenda, agradeço-te com tudo o que de mais puro possa haver em mim e abraço-te na cumplicidade do que ficou e ainda nos basta.

(E, mais que a alguém, dói-me a certeza de saber que este será sempre um tema tabu entre nós...)

Caim (ou, como deixar a Marisa super-ansiosa pelo final de Outubro!)

"Caros amigos,

Saramago escreveu outro livro. O seu título é “Caim”, e Caim é um dos protagonistas principais. Outro é Deus, outro ainda é a humanidade nas suas diferentes expressões. Neste livro, tal como nos anteriores, “O Evangelho segundo Jesus Cristo”, por exemplo, o autor não recua diante de nada nem procura subterfúgios no momento de abordar o que, durante milénios, em todas as culturas e civilizações foi considerado intocável e não nomeável: a divindade e o conjunto de normas e preceitos que os homens estabelecem em torno a essa figura para exigir a si mesmos - ou talvez seria melhor dizer para exigir a outros- uma fé inquebrantável e absoluta, em que tudo se justifica, desde negar-se a si mesmo até à extenuação, ou morrer oferecido em sacrifício, ou matar em nome de Deus.


“Caim” não é um tratado de teologia, nem um ensaio, nem um ajuste de contas: é uma ficção em que Saramago põe à prova a sua capacidade narrativa ao contar, no seu peculiar estilo, uma história de que todos conhecemos a música e alguns fragmentos da letra. Pois bem, com a cabeça alta, que é como há que enfrentar o poder, sem medos nem respeitos excessivos, José Saramago escreveu um libro que não nos vai deixar indiferentes, que provocará nos leitores desconcerto e talvez alguma angústia, porém, amigos, a grande literatura está aí para cravar-se em nós como um punhal na barriga, não para nos adormecer como se estivéssemos num opiário e o mundo fosse pura fantasia. Este livro agarra-nos, digo-o porque o li, sacode-nos, faz-nos pensar: aposto que quando o terminardes, quando fizerdes o gesto de o fechar sobre os joelhos, olhareis o infinito, ou cada qual o seu próprio interior, soltareis um uff que vos sairá da alma, e então uma boa reflexão pessoal começará, a que mais tarde se seguirão conversas, discussões, posicionamentos e, em muitos casos, cartas dizendo que essas ideais andavam a pedir forma, que já era hora de que o escritor se pusesse ao trabalho, e graças lhe damos por fazê-lo com tão admiráveis resultados.

Este último romance de José Saramago, que não é muito extenso, nem poderia sê-lo porque necessitaríamos mais fôlego que o que temos para enfrentar-nos a ele, é literatura em estado puro. Dentro de pouco tempo podereis lê-lo em português, castelhano e catalão, e então vereis que não exagero, que não me move nenhum desordenado desejo ao recomendá-lo: faço-o com a mais absoluta subjectividade, porque com subjectividade lemos e vivemos. E falo aos amigos, porque esta carta apenas a eles vai dirigida. Com muita alegria.


Felicidades a todos os leitores: um ano depois de A Viagem do elefante temos outro Saramago. São três livros em um ano, porque também há que contar com o Caderno, o livro que vamos lendo aqui em cada dia. Não podemos pedir mais, o nosso homem cumpriu, e de que maneira. A idade, amigos, aguça a inteligência e agiliza a capacidade de trabalho. Que sorte a nossa, leitores, de ter quem nos escreva."

Pilar del Río

Conversation Portrait

Conversation Portrait: Antonio Lobo Antunes and Paul Holdengraber from Flash Rosenberg on Vimeo.



via Jardim de Micróbios

Cosanostra


no Arrastão

Mais vale um pássaro na mão (aprende!)

Nem os bilhetes à borla para a antestreia nem o jantar ansiado no Valentino. Há situações em que a razão parece pouca digna do nome.

Se isto é um homem II

"Não temos regresso. Ninguém deve sair daqui, pois poderia levar para o mundo, juntamente com a marca gravada na carne, a terrível notícia do que, em Auschwitz, o homem teve coragem de fazer ao homem."

Primo Levi


Tudo o que se disser agora será inútil e distante. Mesmo que queira não consigo sequer dizer nada. Só pensar a citação acima e um peso doloroso na garganta, os dentes apertados em desalento, a dor de cabeça que se forma imediata, um choro compulsivo de vergonha. Tanta. E, todavia, sei que nada senão um momento que se diluí no meu tempo e que, por isso, me enraivece comigo mesma. Tentar dormir agora, depois desta torrente de morte, mas tranquila, na minha casa aquecida, comida quente e rostos amigos, livre e estupidamente ingrata da minha inconsciente sorte. Como ofensa de que agora dás conta mais intensamente. E essa certeza que dói no peito como mandamento: não podemos esquecer. Nunca mais.

Se isto é um homem I (notas soltas)

"A persuasão de que a vida tem uma finalidade está enraízada em todas as fibras do Homem, é uma propriedade da substância humana. Os homens livres dão a esta finalidade muitos nomes, e sobre a sua natureza muito se debruçam e discutem; mas para nós a questão é mais simples. Agora e aqui, a nossa finalidade é chegar à Primavera."

"verifica-se que existem entre os homens duas classes particularmente bem distintas: os que se salvam e os que sucumbem. Outros pares de contrários (os bons e os maus, os sensatos e os insensatos, os cobardes e os corajosos, os desgraçados e os afortunados) são muito menos nítidos, parecem menos congénitos, e sobretudo admitem graduações intermédias mais numerosas e complexas."

"(...) que hoje aconteceu uma coisa abominável que nenhuma oração propiciatória, nenhum perdão, nenhuma expiação dos culpados, nada, em suma, que esteja em poder do homem fazer, poderá nunca mais cancelar? Se eu fosse Deus, cuspiria para o chão a oração de Kuhn."

"a dor de recordar, o antigo e feroz sofrimento de me sentir homem, que me assalta como um cão no instante em que a consciência sai da escuridão. Então agarro no lápis e no caderno e escrevo o que não seria capaz de dizer a ninguém."

"(...) já não sou bastante vivo para ser capaz de pôr termo à minha vida."

"Destruir o homem é difícil, quase tanto quanto criá-lo; não foi fácil, não foi rápido, mas os Alemães conseguiram-no. Desfilamos dóceis, debaixo dos seus olhares; da nossa parte nada mais têm a recear: nem actos de revolta, nem palavras de desafio, nem sequer um olhar de condenação."

Primo Levi, Se Isto é um Homem

Se isto é um homem

Vós que viveis tranquilos
Nas vossas casas aquecidas,
Vós que encontrais regressando à noite
Comida quente e rostos amigos:

Considerai se isto é um homem
Quem trabalha na lama
Quem não conhece paz
Quem luta por meio pão
Quem morre por um sim ou por um não.
Considerai se isto é uma mulher,
Sem cabelos e sem nome
Sem mais força para recordar
Vazios os olhos e frio o regaço
Como uma rã no Inverno.

Meditai que isto aconteceu:
Recomendo-vos estas palavras.
Esculpi-as no vosso coração
Estando em casa andando pela rua,
Ao deitar-vos e ao levantar-vos;
Repeti-as aos vossos filhos.

Ou então que desmorone a vossa casa,
Que a doença vos entreve,
Que os vossos filhos vos virem a cara.

Primo Levi, Se Isto é um Homem

Um coração de puta

«Ela diz: "Do princípio ao fim amamos sempre o mesmo. O que vamos amando é que encaixa pior ou melhor nesse mesmo. Por vezes é preciso forçar um bocadinho. Por vezes, julgamos que é exactamente, finalmente isso por que ansiávamos e exultamos para depois descobrirmos que nos enganáramos, redondamente. Do princípio ao fim o mesmo, que não há maneira de saber o que é. Continue tentando. Faz parte do verdadeiro procurar o não saber o que se procura, o estar permanentemente à espera de ser surpreendido, o ser surpreendido, continue."


Amo a beleza de um corpo, mais do que a de uma coisa. Por estar vivo, morrendo, puxa mais pelo amor. A beleza suspensa na cara de Rita que vejo de muito perto numa fotografia, todas as noites, antes de me deitar e começar a insónia. A doce tristeza que acompanha a beleza, como uma sombra.»

Pedro Paixão. Barely Legal

4 Copas

"O amor é uma invenção da nossa cabeça".

Tagline do filme

I guess I'll try again today



e ainda esta.

Viver offline: missão (im)possível?

Isabel Coutinho, da Ciberescritas, conta como foi passar uma semana "desligada" do mundo.

Unfaithfully Yours: a perfect storm



Dear Karen,

If you're reading this, it means I actually worked up the courage to mail it, so good for me. You don't know me very well but if you get me started, I have a tendency to go on and on about how hard the writing is for me. This, this is the hardest thing I've ever had to write. There's no easy way to say this so I'll just say it. I met someone. It was an accident, I wasn't looking for it, I wasn't on the make. It was a perfect storm. She said one thing, I said another. Next thing I knew I wanted to spend the rest of my life in the middle of that conversation. Now there's this feeling in my gut: she might be The One. She's completely nuts in a way that makes me smile, highly neurotic, a great deal of maintenance required. She is you, Karen. That's the good news. The bad is that I don't know how to be with you right now. And it scares the shit out of me. Because if I'm not with you right now, I have this feeling we'll get lost out there. It's a big, bad world full of twists and turns and people have a way of blinking and missing the moment, the moment that could have changed everything. I don't know what's going on with us, and I
can't tell you why you should waste a leap of faith on the likes of me. But damn you smell good. Like home. And you make excellent coffee -- that's got to count for something, right? Call me.

Unfaithfully yours, Hank Moody



ontem, no Californication

Não me chames linda. Não tens assim tanta confiança.

Extrema importância: não ser tão impulsiva; não ser bruta e fria quando não obtenho a resposta que quero; não ser vingativa ou o magoar por magoar, por me parecer justo; não escrever/ explicar demais quando peço desculpa; não ceder tão facilmente quando eu sei que tenho razão; não tornar a minha briga na causa da briga do outro; entender os limites que medeiam o respeito próprio e o desespero; saber que às vezes é preferível desistir e não insistir; lembrar-me que o verniz das unhas dos pés, pintadas propositadamente para hoje, também dura até amanhã. Pacificar-me para que a minha paciência também dure até amanhã.

Y Uno Aprende

Después de un tiempo,
uno aprende la sutil diferencia
entre sostener una mano
y encadenar un alma,
y uno aprende
que el amor no significa acostarse
y una compañía no significa seguridad
y uno empieza a aprender...
Que los besos no son contratos
y los regalos no son promesas
y uno empieza a aceptar sus derrotas
con la cabeza alta y los ojos abiertos
y uno aprende a construir
todos sus caminos en el hoy,
porque el terreno del mañana
es demasiado inseguro para planes...
y los futuros tienen una forma de caerse
en la mitad.
Y después de un tiempo
uno aprende que si es demasiado,
hasta el calorcito del sol quema.
Así que uno planta su propio jardín
y decora su propia alma,
en lugar de esperar a que alguien le traiga flores.
Y uno aprende que realmente puede aguantar,
que uno realmente es fuerte,
que uno realmente vale,
y uno aprende y aprende...
y con cada día uno aprende.

Jorge Luís Borges

Taras e Manias



Metades de laranjas

"Enquanto algumas almas se encontram para perfeita harmonia, os opostos se distraem e os dispostos se atraem..."


Talvez dos filmes, dos livros, das vidas que cruzam a nossa, talvez instinto competitivo que corre no sangue, comparações que não podes fazer porque não há igual a ti. Ou talvez sem razão que o pudesse explicar mas sempre achaste que o normal, o esperado e convencionado, fosse não gostares de quem te substitui nessa corrida, testemunho que só os seleccionados carregam com dedicação, mas que apenas um conduzirá à meta final e que já não vais ser tu. Por isso, este sentimento estranho, de quem sente uma intrigante simpatia, uma partilha comum e invisível mas presente nas palavras e nos medos, não deverá ter sido à toa que nos apaixonámos pela mesma pessoa afinal. Não seria porém mais fácil, normal, confortável até, o contrário? Pergunto-lhe a ela, mais sábia que eu, o que é isto. E ela responde-me serena e certa: uma sensação de paz. Aceno a cabeça em concordância, tem razão. Um contentamento indecifrável por ser quem é e como é, mesmo que insistas que não conheço e que não tem nada a ver comigo. O testemunho foi bem entregue.

(não é obsessão, é só um comentário, porque gostei muito daquela frase ali em cima)

Scarlett




(descoberto no Jardim de Micróbios)

Tranquila Indiferença

Cinderela

E vendo o seu sorriso de Cinderela, na webcam, foi transportada para outro tempo onde ela já viveu: o dos contos de fadas em que se inventam finais felizes e que começa com o aceitar de um convite.


Conversas com Deus I

Sou uma pessoa estranha: em tempos comprei "Conversas com Deus I", porém sei que dificilmente vou alguma vez comprar um livro de Nora Roberts ou de Jodi Picault.

Conversas com Deus

No Jumbo, enquanto o funcionário da caixa vai passando os artigos, entre os quais o livro "V." de Thomas Pynchon (1,50€):

Ele - Um livro grande por um preço pequeno.
Eu - Pois.
Ele - Assim é que devia ser. Não é como "Conversas com Deus", os 3, foram quase 50 Euros! Uma senhora disse para eu procurar lá as respostas.
Eu - Então e encontrou?
Ele - Não mas ainda comecei há pouco tempo. Ainda tenho que ir estudar aquilo.

Financiamentos (I)lícitos



(ou: razões para gostar tanto do blogue 31)

PS: mas gosto do Nuno Melo.

Dia de festa na aldeia

Acordar ao som da banda filarmónica a percorrer as ruas.

(gosto)

Gatos vadios (to be continued...) III

Memorando: arranjar um vestido verde.

Sintomas

Um quarto de século, cabelos brancos e surda do ouvido esquerdo.

Gatos vadios (to be continued...) II

Fui re-baptizada de "Marisa Piquet".

Clubbing (perv mode on)

Gatos vadios (to be continued...) I

Disse-lhe que a ser um animal ela seria um gato vadio. Então, sorriu no seu sorriso maroto, o sinal que sempre me apetece beijar agora mais perto, e olhou-me longamente. Acho que fiquei com a marca.

Gatos vadios (to be continued...)

Às vezes é preciso percorrer quilómetros para perceber que o melhor está perto.

O que aconteceu?

Ontem perguntaram-me por ti, seguindo-se aquela inevitável pergunta a que nunca sei ou não quero responder. Apontar uma razão para o fim é como apontar uma razão para o início e contigo nunca tive razões. Amei-te, com tudo e em tudo, sem precisar de um motivo que nos justificasse, como tudo o que é intenso e só pode por isso ser vivido. E, assim, à falta de resposta mais completa ou mais verdadeira, cabeça baixa para que me não veja os olhos confusos, disse-lhe que foi a vida que aconteceu. Fez então um sorriso breve de compreensão e colocou a sua mão sobre a minha.




- Well, what happened?
- Life happened.
Things happened. Time happened.





- Sometimes, even if you have the keys those doors still can't be opened. Can they?
- Even if the door is open, the person you're looking for may not be there, Katya.

Hoje é o dia

A Fox Life tem publicidades muito bem construídas.

You can tell everybody



This is your song. It is.

Tomar Portugal, blog a blog, cidade a cidade



Monárquicos tomaram a Cidadela de Cascais.

Conversa de Circunstância

Se sem filhos, pergunta pelo tempo que tem feito.
Se com filhos, pergunta pelos filhos.

Nunca falha.

Ser ter pão, ser tua comida

Eu quero a sorte de um amor tranquilo
Com sabor de fruta mordida
Nós na batida, no embalo da rede
Matando a sede na saliva

Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia

E ser artista no nosso convívio
Pelo inferno e céu de todo dia
Pra poesia que a gente não vive
Transformar o tédio em melodia

Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum veneno antimonotonia

E se eu achar a tua fonte escondida
Te alcanço em cheio, o mel e a ferida
E o corpo inteiro como um furacão
Boca, nuca, mão e a tua mente não

Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum remédio que me dê alegria

Cazuza

Don't say a word*

Qualquer sangria sabe ainda melhor quando bem acompanhada (ou, o sonho de voar, como nos filmes que tornas reais).

*just kiss me.

O vazio de um sentido

Acabei "Para Sempre" e agora vou começar "Se isto é um Homem". Se não der sinal de vida nos próximos tempos, podem daí concluir o que quiserem.

Para Sempre (notas soltas)

"Porque a vida humana. Como ela é intensa. Porque o que nela acontece não é o que nela acontece mas a quantidade de nós que acontece nesse acontecer."

"Amar é pôr ao alto e ao longe, treme-se como diante de um deus tresloucado. Amar muito é ter pouco de nós com que se possa ser gente. Amar é ser desgraçado e eu era."

"Não sei fingir que amo pouco quando em mim ama tudo."

"O cão é o nosso outro sem as chatices, as bandalheiras de todos os outros. O cão é o homem em melhor. É a moral mais perfeita porque é feita de deveres sem direitos."

"Não há nada que pensar. Uma ideia muito intensa não dá mais que para vivê-la. Não tenho nada que pensar."

"Mesmo que seja falso. Desde que tenha uma função, é verdadeiro."

"(...) já sei que no mito do Homem que não quero mitificar cabem todos os mitos, mesmo o que nos põe prendas no sapatinho, como se o Homem não fosse mito bastante para não haver mais nenhum."

"(...) porque relembrar? porque recontróis a vida no oco da imaginação? eu sei. Eu sei que tudo é vão e estúpido como a invenção infantil. E todavia. Recuperar o absoluto, mesmo que em ficção. Mas toda a vida é um fingimento e só uma pedra é real. E o estrume."

Vergílio Ferreira, Para Sempre

Sinais dos Tempos


Só hoje reparei que a embalagem de Pringles, original, tem inscrito: "suitable for vegetarians".

Leve Beijo Triste




Deixa que te leve
assim tão leve
Leve e que te beije meu anjo triste
Deixo-te o meu canto canção tão breve
Brando como tu amor pediste

Espectros de sanidade

E logo as sombras que te povoam, em espectros de sanidade: deixa-a em paz. Se é verdade o que proclamas em altos brados, então esquece e fica feliz. Tanto tempo, porra! O teu não é diferente ou especial, todos acham que são mas nenhum é. Todos acham que o seu é o mais sincero, o mais impossível, o mais incomparável, o mais intemporal, o mais belo, mas repara bem. Não vês? Não venhas agora choramingar, ai coitadinha de ti, deixa-te de lirismos patéticos e de obsessões bizarras, tiveste tempo criatura, (es)tiveste (em) tudo, por isso não lamentes. Aceita: és o que fizeste. E podes escrever todos os textos, ouvir as mesmas canções, repetir as mesmíssimas palavras até que se esgotem, tenta tudo o que conseguires ou até onde o orgulho to permitir mas não destruas. Se prezas, não destruas. Se precisas assim tanto, então expele, grita, cospe, amaldiçoa mas logo acarinha, beija, benze, ama. Porque não podes perder o que ficou. Se perdes está perdido, estás perdida. Sê inteira na tua dignidade, sê Mulher plena no teu esforço de existires. Há amores que ficam para a história e outros que ficam para a vida. Escolhe um lado. Lança a moeda. E depois vive com isso.

Lembrar até esquecer*

Apetece-me este vídeo hoje, novamente. Sei que não notaste, mas quando o vi, pela primeira vez, foi isso que me prendeu a atenção. Os detalhes, meu Deus, os detalhes. Todas as particularidades que te tornam inteira na intensidade de seres. Posso apostar que não reparaste, talvez unicamente atenta ao génio perfeito, como qualquer genialidade aliás, com que ele toca as cordas. Mas foi por causa disso. Alguém mais to terá já dito? Até mesmo quando te mandei o link, cortesia disfarçada a ansiar a tua resposta, qualquer que fosse, e que tanto tardou para tudo o que esperava. A queda. São afinal sempre infinitos e absurdos todos os lugares onde te procuro, ou talvez nem seja a memória, talvez que só a imaginação elevada à sua potencialidade palpável. Não importa já, desde que continue assim.

Mas eras tu e só eu é que poderia saber. Porque existia aquele crescendo que faz acelerar o coração numa roda viva, a respiração já fora do seu compasso habitual, a vontade premente de querer mais num sorriso que desponta de lado, safado, de luxúria e concupiscência, a cabeça abanando, incredulidade e desejo nesse abandono e até o teu olhar semi-cerrado e desperto na expectativa cruel e demorada que me dava prazer deixar em ti. O indicador atrevido, lento dolorosamente lento, a passear-se nos lábios, na boca, na língua, provocador e em câmara lenta como no cinema, como agora. Bastava isso e logo a tua expressão súbita e transformada de posse e loucura, desejo que arrasta desejo. Não sei esquecer isso, portanto continuo a lembrar. Lembrar até esquecer.



3 Quilos e Tal

Teoria da Conspiração

Almost one o'clock bottle



If only for tonight...

Parecenças

Tanto para te falar, a vida toda a nascer em mim para embater violenta na impossibilidade absurda de ti, e como dói. Saber que nunca, nunca mais e a inevitabilidade anunciada nisso tudo, nós sabíamo-lo mas preferimos ignorar e tão tarde já. Quero falar-te da Joana, só recentemente me apercebi, não entendo ainda como só agora me lembrei, a ferrugenta memória indomável que se prende em pormenores imprevistos, aqueles que na altura nem notaste e que agora despertam em vertigem na esperança de um novo génesis onde caibam inteiros. A vida tão lá atrás, um tempo tão distante ainda antes de ti, e que por isso inexistente. O mundo só começou mais tarde, quando te pude enfim enlaçar a cintura e ver que tinhas a alma escondida dentro dos olhos e por isso essa cor que não há em mais nenhum paraíso, única, exclusiva e tua. Ter um mapa para não me perder, novamente, no teu olhar, como se fosse assim, simples e fácil. Antes de ti era rascunho, projecto, quimera e o abismo. E tu vieste, beijaste-me a boca em sofreguidão e vontade e tornaste-me real, sopro de vida eterna.

Mas dizia-te eu da Joana. Foi noutra vida, há sempre muitas vidas numa vida e às tantas confundem-se todas e depois já não sabes quem és. Alguma vez soubeste? Que mania tens tu de quereres saber. Falava-te pois da Joana, deixar-me por fim de voltas quando se pode chegar em linha recta, o problema sempre foi o dos desvios e atalhos, demorar na instância de prolongar. Sabia que me lembrava alguém e foi só há dias, lembrei-me então. Era a Joana.

O mesmo cabelo livre e selvagem, os mesmos olhos grandes e a sua luz de desejo de infinito, o mesmo interesse genuíno no acto de criar, como se brotasse dela, como se necessidade, a mesma força e confiança que me intimida e fascina, como quando se olha enfeitiçado para o fogo, cuidado para não queimar. Deixava-lhe poemas de Pessoa debaixo da porta, subtis e de alento, quando a via chegar a casa com o olhar apagado de tristeza, e certa de que estaria já a dormir. Infantil e cobarde até na surpresa. E no dia seguinte ela sorria-me de manhã e nada tinha acontecido. Pois bem, é a Joana, mostrar-te uma fotografia, se a tivesse, e concordarias comigo. Tanta ironia, ter vivido com ela, tanto descaramento na parecença óbvia. E agora tu já sem nós mas ainda eu contigo e tu comigo, embora num espaço onde não posso ser. Outra vida, distante. Tão distante quanto tu. Mas ainda menos. Certamente menos.

Transa Atlântica


Li o livro de um fôlego. Não sei se está publicado aí, talvez ainda não, mas, quando estiver, lê, acho que também vais gostar. Ou oferece, é um bom presente. E, não acredites se quiseres, mas fiquei com uma irresistível e súbita vontade de ir ao Rio. Podes rir, deves mesmo.

Ser mal-educada

"Começa-se por esquecer a voz, os planos, as graçolas, os sinais, os pratos preferidos e, daí a nada, a criatura está totalmente abandonada e sem sentido. Dizem-se coisas, «eu não falo mais com essa pessoa», não a vejo mais. Nenhuma pessoa bem educada fica a falar sozinha na vida de outra pessoa."

Mónica Marques, Transa Atlântica

Em que é que pensas?

"Quando vês uma mulher gira, em que é que pensas? Penso em como será ela na cama.
E tu? Quando vês um gajo giro, pensas em quê? Nos livros que lerá.
Sobre o que é o teu livro? É um livro sobre patinagem no gelo."

Mónica Marques, Transa Atlântica

Pessoas normais

"Pessoas normais têm a decência de esconder a imagem que dão, a imagem daquilo em que se tornaram, mesmo que sejam uma só pessoa na vida. A que escolheram para viver aos dezoito anos. A que já viu tudo. Pessoas normais gostam de sexo. Pessoas normais bebem vinho. Pessoas normais dizem palavrões e têm sonhos obscenos. Pessoas normais sonham com a mulher de quatro à beira da cama, mas não pedem que ela se ponha de quatro, a bunda erguida como nos filmes. Pessoas normais pensam toda a vida em ter uma vida diferente. Pessoas normais compram quinze dias de férias numa praia de agência de viagem e não vêm ao Rio. Pessoas normais conhecem «Nessun Dorma» cantado pelo Pavaroti. Pessoas normais esquecem todos os dias quem são, só para não se chatearem. (...) Cansei. Não há coisinha mais egoísta do que uma pessoa normal. Nem mais perigosa. Grau de acidez superior a 0,4%. Extra-virgem."

Mónica Marques, Transa Atlântica

Pessoas vivas e felizes

"As pessoas vivas e felizes não vivem na net: vão à praia, apanham sol e criam filhos, odeiam blogues, têm contas a prazo, investimentos pequenos e uma família na província."

Mónica Marques, Transa Atlântica

Inquérito de Satisfação

via 8 e coisa 9 e tal

Bipolar



presentinho do 31 da Armada

Recuperar, aqui

"Porque eu estou tão saudoso de ti. Ou não de ti, talvez, mas de um tempo em que tudo em ti se centralizava. Ou não do tempo mas de quanto foi a minha vida e eu procuro numa palavra que viesse desde então até mim e não encontro."

Vergílio Ferreira, Para Sempre



Estou lembrando menos de você
Falta pouco pra me convencer
Que sou a pessoa errada

The one and only I

"Mas houve uma palavra - meu Deus. Uma palavra que eu disse e repercutiu em ti, palavra cheia, quente de sangue, palavra vinda das vísceras, da minha vida inteira, do universo que nela se conglomerava, palavra total. Todas as outras palavras estavam a mais e dispensavam-se e eram uma articulação ridícula de sons e mobilizavam apenas a parte mecânica de mim, a parte frágil e vã. Palavra absoluta no entendimento profundo do meu olhar no teu, palavra infinita como o verbo divino. Recordo-a agora - onde está? como se desfez? ou não desfez mas se alterou e resfriou e absorveu apenas a fracção de mim onde estava a ternura triste, o conforto humilde, a compaixão. Não haverá então uma palavra que perdure e me exprima todo para a vida inteira? E não deixe de mim um recanto oculto que não venha à sua chamada e vibre nela desde os mais finos filamentos de si? Uma palavra. Recupero-a agora na minha imaginação doente. Amo-te. Na intimidade exclusiva e ciumenta do nosso olhar mútuo e encantado. Fecha-nos o lençol na claridade difusa do amanhecer, estás perto de mim no intocável da tua doçura. Frágil de névoa. Fímbria de sorriso e de receio, de pavor, no meu olhar embevecido. Uma palavra. A primeira que em toda a minha vida me esgotou o ser. A que foi tão completa e absorvente, que tudo o mais foi um excesso na criação. Deus esgotou em mim, na minha boca, todo o prodígio do seu poder. Ao princípio era a palavra. Eu a soube. E nada mais houve depois dela."

Vergílio Ferreira, Para Sempre

Ismos (de qualquer espécie)

"Without a supertheory of supereverything."

(meu bem)

Hey

Sala

Quando finalmente tiveram a sala que queriam, conjuntamente, perceberam que afinal só precisavam de quartos maiores, individualmente.

A evolução (natural) das espécies

A. afirmava que o filho, de poucos anos, estava agora mais inteligente: já sabia mentir.

Festival do Marisco (ostras)

Comi pela primeira vez ostras, sem perder, uma após uma, a esperança fantasiosa de que haveria uma pérola algures. No final, concluí que mais não são do que berbigões grandes.

Festival do Marisco (souvenir)

Antes o bilhete era mais caro mas incluía a tradicional caneca do Festival, um prato de camarão e uma bebida. Agora o bilhete é mais barato mas é só o bilhete, sem extras. E, embora pudessem comprar as mesmas coisas que antes, e o preço total, nesse caso, seja praticamente o mesmo que o de antes quando incluído, a queixa que mais se ouviu era que não havia caneca. Todos gostam de um belo souvenir.

Festival do Marisco (família)

Nunca fui boa a avaliar idades mas teria idade suficiente para o 5º ano, digamos. Extrovertida e irrequieta, gabava o seu nível de Inglês com a mãe, uma mulher que queria parecer mais nova do que era e que tinha o cabelo queimado do Sol, talvez por isso sem cor definida, e que falava demasiado alto, sobretudo para dizer indignada "olha que bonito!" quando um rapaz, distraído, lhe passou à frente na fotografia de família, ou quando falou das muitas canecas do Festival que tinha em casa, há coisas que convém partilhar publicamente.

Depois havia o pai, onde a menina ensaiava os truques de karaté que tinha aprendido com a amiga na escola e ficavam assim largos momentos, o pai a espicaçá-la, ela a responder-lhe à letra. O pai era um sujeito pequeno mas muito confiante de si, que achava que a "Brandie Charlie" era um homem, camisa desapertada a deixar antever o peito cabeludo de macho que se preza, óculos de sol, sorriso malandro de quem gosta de agarrar as mamas da sua fêmea em público, e já alguns cabelos cinzentos nos cantos, junto às orelhas, que lhe davam uma ponta daquele irresistível charme que um cabelo grisalho pode despertar. Ou talvez fosse porque o seu sorriso me parecia o de um Rui Unas mais velho, e eu gosto muito do Rui. Estavam ainda a avó e o avô, que não pareciam largamente satisfeitos, trazidos de arrasto para não ficarem distantes da sua solidão.

E entre as muitas situações que o bom senso aconselhou a não comentar ficaram-me três: a daquela menina a sugerir um golpe no pescoço de sua avó e dizer para o pai "queres que eu mate a tua mãe?"; a de quando disse com gozo, era gozo, que havia uma fufa na escola, tentando imitar o seu comportamento; e, quando a avó não conseguiu tirar a linda foto da linda família com a recente câmara digital, logo ela, prontamente: "és mesmo burra!".

E custou-me pensar mas acredito que aquela vai ser a miúda popular na escola, que ninguém vai querer irritar, que vai fazer a vida negra a muita gente e que não tem medo algum, porque tem os sagrados paizinhos para a defender, mesmo na mais ultrajável e absurda situação. E um dia a directora vai chamar a atenção dos pais e eles não vão perceber o porquê.

(Tenho tanto orgulho na educação que os meus pais nos deram.)

Allgarve (rituais) I

Ouvir, nem que por cinco minutos, a rádio regional Foia. Música popular em abundância.

Allgarve (rituais)

Comer sardinhas, salada de pimentos e sangria tinta a acompanhar.

Allgarve

Não fosse ter encontrado uma bandeira portuguesa hasteada, efectivamente, no terraço de uma casa em Albufeira e facilmente me convenceriam de que era território estrangeiro.

Tocar-te os dedos dos pés, suavemente, como se teclas de piano



- If he cannot percieve her regard, he is a fool.
- We are all fools in love.

Pride and Prejudice

The one and only

"Estás só, agora, biliões de palavras se transformaram na vida - uma só que soubesses, a única, a absoluta, a que te dissesse inteiro nos despojos de ti. A que atravessasse todas as camadas de sermos e as dissesse a todas no fim. A que reunisse a vida toda e não houvesse nenhum possível da vida por dizer. A que dissesse todo o espírito do nosso tempo e no-lo tornasse tão inteligível que nem afinal o entendêssemos, o víssemos, como se não vê a luz mas só o que ela ilumina. A que redimisse tudo o que enche um viver e nada deixasse de fora como inútil ou desperdício. A que tivesse em si um significado tão amplo que tudo nela significasse e não fosse coisa vã. A que reunisse em si um homem inteiro sem deixar mesmo de fora o animal que também tem de ir vivendo. A palavra final, a palavra total. A única. A absoluta."

Vergílio Ferreira, Para Sempre

Geometrias

Amar-te à tangente.

Fascínios


Becca

A Bandeira do 31, ainda (a próxima é do Sporting)

Essa coisa chamada amor


Achava que já sabia tudo o que havia a saber, génio incompreendido a quem o tempo trará a devida glória, domador de todas as palavras selvagens de dor e de amor, que são quase sempre as mesmas. Mas foi quando ele a conheceu, a ela, que se sentiu ignorante. Então teve de re-aprender a escrever e inventou um novo alfabeto só para se poder declarar, porque ela já conhecia todos os seus feitos e palavras. Havia que saltar o esperado e tocar o improvável. E ela, que amava o escritor que contava da guerra e das pessoas, apaixonou-se pelo homem dos olhos azuis, cheios de infância, enquanto ele falava, seguro, com aquela voz doce sobre a impulsividade que há em qualquer grande amor, como o que ele estava a sentir por ela.

(António Lobo Antunes, 66 anos e aclamado escritor Português, conheceu a jornalista Brasileira Raquel Cristina dos Santos de 31 anos, quando esteve na FLIP, em Paraty. Dois meses volvidos, estão prestes a casar.)

Donos da Verdade

"Desconfio sempre de quem acha que sabe muito de sentimentos e relações, não se abstendo de aconselhar outros e revelar-lhes o segredo da felicidade. Normalmente são pessoas um bocado burras e que lêem livros como O Segredo."

Já não se pode ser bom

Elementos do 31 da Armada levados pela PJ quando entregavam bandeira na Câmara.

e Rodrigo Moita de Deus foi constituído arguido: estou solidária.

Mas vale a pena, ouviste?

"Mas, então, lembrar faz bem e até dá para escrever livros, como sabes.

Por isso te digo que nenhum amor é vão. Nenhum. Nem os que acabam à bofetada, ou em silêncios ressentidos porque se disse tudo e não se foi a lugar nenhum e realmente as palavras não chegam - ás vezes a cena que também me acontece, é a de que as palavras vêm às golfadas e por isso o melhor é ficar calada para não perder a compostura e não fazer feio.

Depois deixamos, muitas vezes, de poder ouvir músicas boas durante uns tempos, porque nos lembram o lado de talhante dos nossos amores e em casos mais graves ainda, podemos até deixar de ler bons autores, porque também nos lembram a carnificina que é o fim do amor. Mas vale a pena, ouviste? Vale a pena, porque é como ter filhos e a gente esquece-se e o prazer de perder o controlo mais e mais e mais uma vez é tentador e mágico como se tivesses cheirado uma linha de cocaína. E dá uma tesão do caraças."

Mónica Marques, no SushiLeblon


Lá Fora

"- É cómico pensar que uma pessoa levou a vida toda assim, trabalhada a traça e a bafio. Dá vontade de rir, que é que queres? a gente pensar que lá fora há coisas, acontecem coisas, revoluções, e gente que nasce e que morre, e alegria, e ar livre, e uma cama para se fornicar com prazer até rebentar, e passeios, e paródias, e convívio, e o prazer enorme de esquecer, de não ligar, de ir vivendo, de espremer cada instante até deitar sangue, e de estar livre por dentro e por fora, e de não ter ligação com nada, tecer a teia das relações mas com os fios todos partidos. E de repente pensar que há um tipo, que és tu, que levou a vida a cheiriscar os palimpsestos. É de rebentar a rir, hás-de concordar."

Vergílio Ferreira, Para Sempre

Poder dizer todas as palavras

Ainda a Bandeira do 31

Resultados de uma acção de guerrilha bem sucedida.

Restaurar de Escadote, de Ferreira Fernandes.


A notícia, (até!) na Globo.

Pets

Já que não posso ter um esquilo, informo que aqui em casa agora há um tigre branco bébé: o Mika. Quase me consigo sentir uma adolescente.

(Se parecer que ele quer fugir é só impressão. Aqui trata-se bem os animais.)

Californication


Começou a segunda temporada de Californication na RTP1. Corram, agora.

Time

Terapias

Todos os blogues têm um efeito terapêutico, estou convencida. Este não é excepção. (Pronto, já passou.)

Ser especial

Quando lhe fui perguntar o nome exacto e a quantidade de Varfines, riu e disse: se a tua amiga me quiser estudar, diz-lhe que cobro 20 euros por hora. É por isto, também.

Preciso de ti porque preciso dela

Não tenho vergonha alguma, dirás. É verdade. Mas não sei a quem mais possa recorrer, por isso estou-me a cagar para as moralidades e as contradições e o que digam e o que possas pensar de mim. Não me importa. E não digas que só me lembro quando preciso, só tu e eu sabemos que não é verdade. Tu sabias que mais tarde ou mais cedo eu voltaria. Pois bem, podes rir-te agora de contentamento, como afinal sempre tens feito, venceste, estou aqui. Não porque és especial mas só porque és o que conheço melhor. Entregar-me-ia a qualquer divindade e a qualquer ritual, basta que me garanta que é possível. Vou com todos, puta que só pensa no que vai ganhar, e podem falar, que me é indiferente. Demasiado desesperada e desconfiada dos teus humores incertos e da tua credulidade no que em mim há de mais sincero, vou mais longe, com medo que me não oiças a mim: peço aos teus servos de sempre, aqueles cujo nome te deveria ser mais querido de tanta adoração, que me ajudem, que falem contigo, que te contem desta dor. Talvez a eles os oiças. Já não tenho vergonha de os usar assim, todos os meios são legítimos.

O mal sempre esteve mas é quando lhe dói que me dói também e logo o pânico de ser cedo demais. Não te atrevas. Não há sentidos últimos a decifrar mais tarde, não tens qualquer justificação que o mereça, escusas de me falar do reconforto dos verdes prados e da vida eterna. Prefiro esta! Pede-me o que for preciso. Não tenho medo desde que me garantas que é possível. Sempre gostaste tanto de sangue! Por isso tinha de ser sangue, não é? Carne da minha carne, sangue do meu sangue. Tomai e bebei. Só não te chamo os nomes que me apetece agora para não blasfemar, podias levar a mal e eu só quero a tua compaixão. Faço trocas e acordos contigo, como fazem quase todos, se isso quiseres. Diz-me o que queres. Mas tira-lhe o peso, entranhado nas pernas, da morte. Liberta-a e toma-me a mim. Mesmo que ela diga que não e que está bem e que não é preciso, não importa. Preciso de ti porque preciso dela. Preciso dela porque a amo. Tenho medo agora. E não tenho vergonha.

Anticorpo SAF (o corpo virado contra si próprio)

A ignorância consciente, como opção, é também uma forma de auto-protecção porque a informação acelera o medo.

A Restauração da Monarquia


Um vazio no tempo


Ainda sobre a morte de Raúl Solnado é
urgente atentar nisto.

Happy Ever After (Beautiful Disaster)




She would change everything for happy ever after
Caught in the in between of beautiful disaster
She just needs someone to take her home

Coisa Ruim

Inventamos todos os nomes para não dizer aquele que nos dói. A minha avó chama "coisa ruim" ao cancro.

Títulos

A pensar mudar o nome deste blogue para "Cartas para Tu" ou "Monólogos para Tu". Faz sentido.

Diferenças

Essa afirmação desarma-me, deixa-me contente e a sentir-me uma fraude ao mesmo tempo. Não sei se o meu coração é assim tão diferente, sou moralmente obrigada a confessar-to. Não sou inocente. Passei o resto da noite a pensar nisso. Não sei. Preferia que fosse eu e que fosses tu e que fossemos nós. Se me desses espaço para, eu não sei se. Tu sabes. Talvez eu não seja assim tão diferente, só os nossos limites o são. Mas não podendo assim ser, só te quero saber feliz. Sou feliz se estiveres feliz. E não sei se isto é auto-comiseração, se é resignação, se é liberdade, se é amizade e carinho ou se é aquilo a que chamam amor. Só sei que é verdade.

Delação

O passado já tão longe (!) e a carne viva a pulsar debaixo da pele, numa ferida fechada que não sangra mas há, quando me revelas que descobriste quem, finalmente. Tanto tempo a tentar decifrar esse enigma, suspeitas sem provas, pistas sem conjugação, a nulidade de uma hipótese que rapidamente deixou de importar ante o seu resultado devastador em nós. E, só agora, consumado tudo e sem salvação, se torna evidente e óbvio. Porquê? Mil vezes porquê.

E, num instante de fúria longamente contida, apetece-me destruir quem tão árdua e cobardemente se deu ao trabalho de destruir, não faças aos outros para que não volte para ti. Afogar, sufocar, esganar, todas as formas possíveis de lentamente apagar uma forma doente da Criação. Torno-me por momentos assassina em potência, imune a remorsos e impiedosa para com palavras de arrependimento e choro em pranto. Mas até a morte tem de ser merecida, por isso ainda não.

A tua bondade sempre foi mais visível do que a minha, por isso, apenas consegues sentir dó por pessoas assim, instáveis e atormentadas, egoístas e pouco escrupulosas, que não medem os meios para atingir os fins que procuram. Não me aches cruel por escrever isto. Não posso ignorar tudo o que sofremos naquele fim antecipado do qual éramos apenas vítimas e que não conseguimos evitar. Não posso aceitar sem ser com indignação e raiva que a mesma pessoa tenha agora o descaramento de te submeter de novo a esse terrorismo psicológico, indiferente aos danos que causou já antes, insistindo numa obsessão psicopata de posse. Perdeste tanto por isso, meu amor, que às vezes quero assumir todas as culpas só para que tenhas a certeza que nada foi em vão e que tudo vais recuperar.

Muito embora queira absolver-me na fatalidade e assim culpar algo que está fora de mim, sei que não foi por causa disso. Mas a adivinhar-nos um fim, diria que começou aí, nesse gesto de asco para o qual ninguém estava preparado. E depois a minha petrificação no medo e na impotência, querer resgatar-te desse negrume em que os dias se tornaram e não saber como. Devia ter ido mal me informaste, largar tudo mas nunca te largar a mão, poder estar do teu lado para te abraçar e dizer que ia correr tudo bem porque nos bastávamos, mas a minha cobardia não o permitiu e só me restou esperar. O fim. Sei que não foi por causa disso mas não duvido que contribuiu, não me tentes convencer do contrário. Mas basta de ses.

Não vou permitir que tudo volte de novo, o pânico, a preocupação e o medo. Porque tu não mereces isso e porque, egoísta também nas minhas justificações, não quero ser testemunha da diferença da sua atitude para contigo, que sei corajosa, em comparação com a minha, que foi cobarde - a comparação é subcutânea e inconfessável, perdoa-me. Desta vez vai ser diferente, garanto-te. Agora segura a minha mão na tua, desta vez não te largo a mão.

Problema de Expressão



Só pra dizer que te Amo,
Nem sempre encontro o melhor termo,
Nem sempre escolho o melhor modo.

Devia ser como no cinema,
A língua inglesa fica sempre bem
E nunca atraiçoa ninguém.

O teu mundo está tão perto do meu
E o que digo está tão longe,
Como o mar está do céu.

Só pra dizer que te Amo
Não sei porquê este embaraço
Que mais parece que só te estimo.

E até nos momentos em que digo que não quero
E o que sinto por ti são coisas confusas
E até parece que estou a mentir,
As palavras custam a sair,
Não digo o que estou a sentir,
Digo o contrário do que estou a sentir.

O teu mundo está tão perto do meu
E o que digo está tão longe,
Como o mar está do céu.

E é tão difícil dizer amor,
É bem melhor dizê-lo a cantar.
Por isso esta noite, fiz esta canção,
Para resolver o meu problema de expressão,
Pra ficar mais perto, bem mais de perto.
Ficar mais perto, bem mais de perto.