(Só) na tua cabeça
A lua, cheia e de uma luz de baptismo. A lua, o céu e as estrelas. A aurora boreal no frigorífico. O universo todo no seu olhar. O mundo a renascer no seu sorriso. O cabelo, o cabelo. Medo, fez bem. Perto, mais perto. As excentricidades. Os risos. Cumplicidades. Partilha(-se). E sabes que poucos. Uma atitude. Normal. Só na tua cabeça o filme. A impulsividade. O controlo. Não magoar. Já magoada. Simples. Só um beijinho. Só conversar. Só existir. Só, só. Prioridades. Não tens de contar a ninguém.
O não e a deprimente solidão na noite. O calor e o desejo. O calor do seu peito. Só olhar. Os casais e os cães a passear. As memórias e a aliança no dedo. Amanhã. Desgraçado. Reaparecer. Apagar. O tempo e as metas, resultados, resultados. Mostrar. Ser. A postura. Não grites. As máscaras e as dores nos pés. O cansaço. Descansar de seres. As possibilidades. As infinitas e as irreais. As mais belas. As que se fazem (só) na tua cabeça. As oportunidades. Ainda. Ainda.
A vida. A pulsar. Imparável e surpreendente. Procurar, encontrar. A vida, felizmente, além dos filmes que fazes (só) na tua cabeça.
Patchwork: how can you mend a broken heart
Notas a verdade da sua dor, a injustiça a quem tudo pode, e temes que nunca vá passar. A surpresa da sua fragilidade que te faz querer estar perto, mais perto. Já te magoaram tanto, minha querida. E gostavas de garantir que nunca mais vai suceder, que tu não vais permitir, mas sabes que não é assim. Queres protegê-la, mimá-la, aninhá-la, poupá-la à frieza do mundo, guardá-la só para ti, não permitir que se esqueça. Queres tomar o seu coração nas mãos, coser cada pedaço e cuidar dele, vigiá-lo como se vigia um bébé, com atenção e amor. Queres cuidar do seu coração.
Ela tem razão: fica um buraco que não se fecha, que não se cura, que não desaparece e não pode fazer nada. Pode convencer-se do tempo, dos outros, do espaço que ainda resta, mas não resolve. A única coisa que pode fazer é colocar um remendo.
Vai colocando remendos para disfarçar aquela ausência, tapa um sentimento, oculta um vazio e só ela sabe que por debaixo do remendo continua igual, irremediavelmente danificado. Um remendo por cada vez que a magoaram. E persiste triste. Uma vontade urgente de cuidar do seu coração.
No final, entenderá a beleza completa do seu coração, com remendos coloridos e de diferentes formatos e muita história para contar. Quando der por si, tem o coração mais belo que alguma vez se viu, aquele que todos hão-de querer. No final, não parecerão remendos, mas um coração totalmente novo. Não deixar de cuidar nunca do seu coração.
O meu 25 de Abril
Hoje, noto que é algo que faço frequentemente àqueles de quem mais gosto - colocar-lhes a mão na cabeça e acariciar-lhes o cabelo.
(sinto muito a tua falta)
Tempo ou a falta dele
Roger: zumzum
"Bebe madrinha, bebe"
A pergunta e a resposta
E a minha mãe respondeu segura e serena.
E eu fiquei feliz, o medo do dia longe abandonou-me e o mundo pôde continuar.
A criança: Kinder
Di, a brincar - Marisa, estamos em público.
Eu - Sim.
Di - Afinal ainda continuas criança. Deixaste foi de gostar de Kinder.
Vaidade
Deve ser isto. Só pode ser isto.
Quando esse dia chegar não lhe fales.
"Um dia, o mais provável é tornares-te num chato, deixares de sair à noite e começares a levar-te demasiado a sério. Nesse dia vais começar a vestir cinzento&beje, pedir para baixar o volume da música e deixar a tua guitarra a apanhar pó. Vais tornar-te politicamente correcto, socialmente evoluído, economicamente consciente. Vais achar que tens de ir para onde toda a gente vai e assumir que tens de usar fato e gravata todos os dias. Nesse dia vais deixar de beijar em público, as tuas viagens serão mais vezes no sofá e dormirás menos ao relento. É oficial. Vais entrar na idade do chinelo e deixar de ser quem foste até então. Vais deixar de te sentar ao colo dos amigos e vais esquecer-te de como se faz um quantos-queres ou um barco de papel. Vais ficar nervosinho se não trocares de carro de quatro em quatro anos e desatinar se o hotel onde ficares não te der toalhas para o teu macio e hidratado rosto. Vais tornar-te muito crescido e começar a preocupar-te com tudo e com nada e a não fazer nada porque “vai-se andando” e a vida é mesmo assim. Vais dizer não mais vezes, vais ter mais medo, vais achar que não podes, que não deves, que tens vergonha. Vais ser mais triste. Nesse dia, o mais provável é que também deixes de beber refrigerantes. Aqui fica uma ideia: quando esse dia chegar, não lhe fales. Mantém-te Original."
Manifesto da Sumol
The naked truth
Revolutionary Road não tem o riso, é aquilo que é e está lá para quem tiver a coragem de ver, sem misericórdia ou paninhos quentes. Uma história que não se consegue ignorar, núa e real.
Sam Mendes destapa o problema, exibe-o ao mundo e coloca o dedo na ferida até fazer doer.
(dá beijinho até que passe)
Great Expectations (I do love the way you dance)
Spektor
Long Brown Hair (As pretty as can be)
She had long brown hair
All down her breast
Made me think about my future
Made me think about my past
She was so pretty
As pretty as can be
And I thought:
"My god, why shouldn't it be me?"
Mas gosto da noite e do riso de cinzas
a dor de todas as ruas vazias
sinto-me capaz de caminhar na língua aguçada deste silêncio. e na sua simplicidade, na sua clareza, no seu abismo.
sinto-me capaz de acabar com esse vácuo, e de acabar comigo mesmo.
a dor de todas as ruas vazias
mas gosto da noite e do riso de cinzas. gosto do deserto, e do acaso da vida. gosto de enganos, da sorte e de encontros inesperados.
pernoito quase sempre no lado sagrado do meu coração, ou onde o medo tem a precaridade de outro corpo.
a dor de todas as ruas vazias
pois bem, mário - o paraíso sabe-se que chega a lisboa na fragata do alfeite. basta pôr uma lua nervosa no cimo do mastro, e mandar arrear o velame.
é isto que é preciso dizer: daqui ninguém sai sem cadastro.
a dor de todas as ruas vazias
sujo os olhos com sangue. chove torrencialmente. o filme acabou. não nos conheceremos nunca.
a dor de todas as ruas vazias
os poemas adormeceram no desassossego da idade. fulguram na perturbação de um tempo cada dia mais curto. e, por vezes, ouço-os no transe da noite. assolam-me as imagens, rasgam-me as metáforas insidiosas, porcas... e nada escrevo.
o regresso à escrita terminou. a vida toda fodida - e a alma esburacada por uma agonia de tamanho deste mar.
a dor de todas as ruas vazias
Écharpes
Uma família normal
Mik Mak
Constatações
- demora uma semana para comer um Kinder Surpresa;
- a última coisa que faz é ver qual é a surpresa.
Inevitabilidade
Foolosofia de Pacotilha
A liberdade é uma maluca que sabe quanto vale um beijo
Tira a mão do queixo, não penses mais nisso
O que lá vai já deu o que tinha a dar
Quem ganhou, ganhou e usou-se disso
Quem perdeu há-de ter mais cartas para dar
E enquanto alguns fazem figura
Outros sucumbem à batota
Chega aonde tu quiseres
Mas goza bem a tua rota
Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar
Todos nós pagamos por tudo o que usamos
O sistema é antigo e não poupa ninguém, não
Somos todos escravos do que precisamos
Reduz as necessidades se queres passar bem
Que a dependência é uma besta
Que dá cabo do desejo
E a liberdade é uma maluca
Que sabe quanto vale um beijo
Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar
Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar
A Primavera, os passarinhos e as florinhas: lógica
Ela - Não é bonita nem é feia.
Eu (deitada na relva, olhando o céu, muito calmamente) - Todas as pessoas são bonitas.
Ela - (olha séria para mim, quase irritada) - Tu estás apaixonada e não nos disseste nada!
À filme
She wants the fairy tale
Irmã Gémea (com bom gosto)
The best way to get over a woman is to turn her into literature*
I love her smile. I love her hair. I love her knees.
Man, i feel like a woman
Haven't met you yet: efeito adverso
Almoços de Páscoa: 2-0
Jane: Yes. Then I remember that I still get to have hot hate sex with random strangers and I feel SO much better!
Because it's not love (but it's still a feeling): só aos teus olhos
O que é que ela tem?
Casa
Na lista dos teus fins
de uma página nunca publicada,
e é justo que assim seja.
Embora saiba
mexer palavras, e doer de frente,
e tenha esse talento conhecido
de acordar de manhã, dormir à noite,
e ser, o dia todo, como gente,
nunca curei, como previa, a lepra,
nem decifrei o delicado enigma
da letra morta que nos antecede.
Por muito te querer, talvez pudesses
dar-me um lugar qualquer mais adiante,
despir-te de pudor por um instante
e deixá-lo cobrir-me como um manto.
António Franco Alexandre
Because it's not love (but it's still a feeling)
Minha querida AM,
Um blogue também é para isto, declarações desajeitadas de quem vai aos poucos aprendendo que ser sentimental não é ser ridiculamente vulnerável. Foi de resto por causa do blogue e através dele, as minhas linhas a encaixar na tua vida, let's be scared together.
Há mais de um ano atrás eu não sabia que existia alguém como tu no mundo, não fazia ideia que alguém prestava atenção ao que eu ia sendo, não poderia adivinhar a profunda pureza dos teus olhos ou a harmonia perfeita que nasceria da partilha. Fará agora um ano e por isso continuo a rejubilar-me com a beleza e força do inesperado, que te trouxe até mim.
Enviei-te o "precisa-se de um amigo" do Vinicius e respondeste à minha chamada, embalando-me com a tua calma e sabedoria de menina crescida. Fomos crescendo receosas, passo a passo, com uma experiente certeza de que a amizade não é um sentimento vulgar, mas algo de raro e extraordinário e que por isso deve ser acarinhado com cuidado, muito cuidado. Surgiste no momento necessário e acho que não poderás nunca ter real noção do quanto o teu sorriso, as tuas palavras e o teu abraço forte foram fundamentais para que eu pudesse retornar a mim, e por isso muito te sou grata. As pessoas por vezes esquecem-se de dizer obrigado ou o quanto gostam umas das outras e não quero perder nenhuma oportunidade para te dizer o quanto me és querida.
Recordo a curiosidade inicial, a fome de saber tudo e recuperar tempo, o calor da tua mão na minha e o reconforto imediato que senti na tua presença, uma paz imensa que ainda hoje noto quando me abraças, e sei que continuamos.
Fazes-me bem e gosto de te ter por perto.
Na próxima semana, vamos jantar e vou abraçar-te com aquele encanto que sempre se recria na tua presença.
Um sorriso luminoso como tu, com saudade,
[ ]
Marisa.