It Ain't Easy

Desgraçado

Reapareci, só a título de curiosidade. Nada. Agora é tempo de apagar.

Que chega a finigir que é dor

"Tudo é ilusão. Sonhar é sabê-lo."

F. Pessoa

Aurora Boreal

(Só) na tua cabeça

Os filmes que fazes (só) na tua cabeça. Os filmes que ficam (só) na tua cabeça. A ilusão. A carência e a dependência. Tu sabias. Mais cedo, mais tarde. Acabaria por ser tempo. Que não pára, que não pára. Uma palavra. Um gesto. Os gestos. Os gestos tudo. O não e a deprimente solidão na noite. A crueza de um ponto final inconsciente. E a tua disponibilidade. Como antes, como sempre. O desespero de um sempre. Chama-me, basta. A primeira palavra sempre tu. Ceder. For granted. Insistir ou desistir. Remember me ou forget me, como no messenger. Remember me. Tudo é exagero. Nada. O seu silêncio como uma faca.

A lua, cheia e de uma luz de baptismo. A lua, o céu e as estrelas. A aurora boreal no frigorífico. O universo todo no seu olhar. O mundo a renascer no seu sorriso. O cabelo, o cabelo. Medo, fez bem. Perto, mais perto. As excentricidades. Os risos. Cumplicidades. Partilha(-se). E sabes que poucos. Uma atitude. Normal. Só na tua cabeça o filme. A impulsividade. O controlo. Não magoar. Já magoada. Simples. Só um beijinho. Só conversar. Só existir. Só, só. Prioridades. Não tens de contar a ninguém.

O não e a deprimente solidão na noite. O calor e o desejo. O calor do seu peito. Só olhar. Os casais e os cães a passear. As memórias e a aliança no dedo. Amanhã. Desgraçado. Reaparecer. Apagar. O tempo e as metas, resultados, resultados. Mostrar. Ser. A postura. Não grites. As máscaras e as dores nos pés. O cansaço. Descansar de seres. As possibilidades. As infinitas e as irreais. As mais belas. As que se fazem (só) na tua cabeça. As oportunidades. Ainda. Ainda.

A vida. A pulsar. Imparável e surpreendente. Procurar, encontrar. A vida, felizmente, além dos filmes que fazes (só) na tua cabeça.

Project Thinking: disponibilidade

Querias que o seu peak fosse igual ao max units.

Patchwork: how can you mend a broken heart

Prescrutas o seu olhar trémulo, em concordância e apaziguamento, na tentativa de que te leia o que não lhe sabes dizer. Na realidade, não é sequer isso. O que te apetece é colocar-lhe a mão na face e dar-lhe beijos pequeninos e suaves nas pálpebras cansadas. As palavras não interessam, os gestos sim, os gestos tudo.

Notas a verdade da sua dor, a injustiça a quem tudo pode, e temes que nunca vá passar. A surpresa da sua fragilidade que te faz querer estar perto, mais perto. Já te magoaram tanto, minha querida. E gostavas de garantir que nunca mais vai suceder, que tu não vais permitir, mas sabes que não é assim. Queres protegê-la, mimá-la, aninhá-la, poupá-la à frieza do mundo, guardá-la só para ti, não permitir que se esqueça. Queres tomar o seu coração nas mãos, coser cada pedaço e cuidar dele, vigiá-lo como se vigia um bébé, com atenção e amor. Queres cuidar do seu coração.

Ela tem razão: fica um buraco que não se fecha, que não se cura, que não desaparece e não pode fazer nada. Pode convencer-se do tempo, dos outros, do espaço que ainda resta, mas não resolve. A única coisa que pode fazer é colocar um remendo.

Vai colocando remendos para disfarçar aquela ausência, tapa um sentimento, oculta um vazio e só ela sabe que por debaixo do remendo continua igual, irremediavelmente danificado. Um remendo por cada vez que a magoaram. E persiste triste. Uma vontade urgente de cuidar do seu coração.

No final, entenderá a beleza completa do seu coração, com remendos coloridos e de diferentes formatos e muita história para contar. Quando der por si, tem o coração mais belo que alguma vez se viu, aquele que todos hão-de querer. No final, não parecerão remendos, mas um coração totalmente novo. Não deixar de cuidar nunca do seu coração.


O meu 25 de Abril

O 25 de Abril não é hoje. O 25 de Abril era quando almoçávamos todos lá em casa, a avó ralhava contigo por causa do vinho e a minha mãe ralhava com a avó por estar a ralhar contigo e o meu pai olhava para a minha mãe porque ela não tinha nada de estar a ralhar com a avó. Acabavas invariavelmente por te sentar do meu lado e, já pingado, haverias de ao longo do almoço colocar a tua mão áspera sobre a minha cabeça, festas muito lentas que me incomodavam.

Hoje, noto que é algo que faço frequentemente àqueles de quem mais gosto - colocar-lhes a mão na cabeça e acariciar-lhes o cabelo.

(sinto muito a tua falta)

That song: ney, nah neh nah

Tempo ou a falta dele

Tentar dizer tudo o que vem sendo importante e que consiga caber em poucas linhas.

Roger: zumzum

Quase dois anos depois, descobres que a discrição é sempre insuficiente quando o teu olhar consegue falar mais alto do que os teus gestos.

Windchill

Gosto de noites com sabor a Verão.

"Bebe madrinha, bebe"

Sumo de laranja, moscatel, espumante, vinho branco, caipirinha preta e smirnoff.

A pergunta e a resposta

No meio da conversa pergunta à minha mãe: e se fosses tu? E se o teu filho te aparecesse à frente a dizer que era gay?
E a minha mãe respondeu segura e serena.
E eu fiquei feliz, o medo do dia longe abandonou-me e o mundo pôde continuar.

A criança: Kinder

Eu, no meio do salão, de um lado para o outro, encantada por equilibrar um balão, com um equilíbrio perfeito, na ponta da unha.

Di, a brincar - Marisa, estamos em público.
Eu - Sim.
Di - Afinal ainda continuas criança. Deixaste foi de gostar de Kinder.

Diálogos Imperfeitos

Di - O teu pai é muito calado.
Eu - Pois, é como eu.
Di - E é bonito!
Eu - ?

Vaidade

Notar que, mesmo com a casa cheia, quem ele chama é a madrinha.
Deve ser isto. Só pode ser isto.

Amo-te Tejo

De vez em quando o Amo-te Tejo tem o sorriso mais bonito.

Nostalgia??

Sim, foi.
Gosto de te ter perto (para quê?).
Continuo patética.

Quando esse dia chegar não lhe fales.

"Um dia, o mais provável é tornares-te num chato, deixares de sair à noite e começares a levar-te demasiado a sério. Nesse dia vais começar a vestir cinzento&beje, pedir para baixar o volume da música e deixar a tua guitarra a apanhar pó. Vais tornar-te politicamente correcto, socialmente evoluído, economicamente consciente. Vais achar que tens de ir para onde toda a gente vai e assumir que tens de usar fato e gravata todos os dias. Nesse dia vais deixar de beijar em público, as tuas viagens serão mais vezes no sofá e dormirás menos ao relento. É oficial. Vais entrar na idade do chinelo e deixar de ser quem foste até então. Vais deixar de te sentar ao colo dos amigos e vais esquecer-te de como se faz um quantos-queres ou um barco de papel. Vais ficar nervosinho se não trocares de carro de quatro em quatro anos e desatinar se o hotel onde ficares não te der toalhas para o teu macio e hidratado rosto. Vais tornar-te muito crescido e começar a preocupar-te com tudo e com nada e a não fazer nada porque “vai-se andando” e a vida é mesmo assim. Vais dizer não mais vezes, vais ter mais medo, vais achar que não podes, que não deves, que tens vergonha. Vais ser mais triste. Nesse dia, o mais provável é que também deixes de beber refrigerantes. Aqui fica uma ideia: quando esse dia chegar, não lhe fales. Mantém-te Original."

Manifesto da Sumol

Esta (It says everything. Explains everything)

Gosto de nós

E lembrei-me disto:

The naked truth


Revolutionary Road é um American Beauty sem os possíveis risos que surgem da intensidade do ridículo, atenuantes simulados para o desconforto de quem consegue olhar mais de perto e se engana dizendo que é só um filme.

Revolutionary Road não tem o riso, é aquilo que é e está lá para quem tiver a coragem de ver, sem misericórdia ou paninhos quentes. Uma história que não se consegue ignorar, núa e real.

Sam Mendes destapa o problema, exibe-o ao mundo e coloca o dedo na ferida até fazer doer.

(dá beijinho até que passe)

Great Expectations (I do love the way you dance)

Ms. Nora Digger Dinsmoor: She'll only break your heart, it's a fact. And even though I warn you, even though I guarantee you that the girl will only hurt you terribly, you'll still pursue her. Ain't love grand?

Spektor

Estou a gostar cada vez mais de Regina Spektor. Não consigo ser indiferente a alguém com uma música de título "Love, You're a Whore".

Long Brown Hair (As pretty as can be)



She had long brown hair
All down her breast
Made me think about my future
Made me think about my past
She was so pretty
As pretty as can be
And I thought:
"My god, why shouldn't it be me?"

Mas gosto da noite e do riso de cinzas

deus tem que ser substituído rapidamente por poemas, sílabas sibilantes, lâmpadas acesas, corpos palpáveis, vivos e limpos.

a dor de todas as ruas vazias

sinto-me capaz de caminhar na língua aguçada deste silêncio. e na sua simplicidade, na sua clareza, no seu abismo.
sinto-me capaz de acabar com esse vácuo, e de acabar comigo mesmo.

a dor de todas as ruas vazias

mas gosto da noite e do riso de cinzas. gosto do deserto, e do acaso da vida. gosto de enganos, da sorte e de encontros inesperados.
pernoito quase sempre no lado sagrado do meu coração, ou onde o medo tem a precaridade de outro corpo.

a dor de todas as ruas vazias

pois bem, mário - o paraíso sabe-se que chega a lisboa na fragata do alfeite. basta pôr uma lua nervosa no cimo do mastro, e mandar arrear o velame.
é isto que é preciso dizer: daqui ninguém sai sem cadastro.

a dor de todas as ruas vazias

sujo os olhos com sangue. chove torrencialmente. o filme acabou. não nos conheceremos nunca.

a dor de todas as ruas vazias

os poemas adormeceram no desassossego da idade. fulguram na perturbação de um tempo cada dia mais curto. e, por vezes, ouço-os no transe da noite. assolam-me as imagens, rasgam-me as metáforas insidiosas, porcas... e nada escrevo.
o regresso à escrita terminou. a vida toda fodida - e a alma esburacada por uma agonia de tamanho deste mar.

a dor de todas as ruas vazias

Al Berto

Écharpes

Uma pessoa só é realmente importante a partir do momento em que tem uma pasta com o seu nome no nosso desktop.

Uma família normal

"Já estás com o cepticismo dentro de ti! Quando as pessoas começam só assim a abanar a cabeça, sem ouvir, já é o cepticismo a falar por elas."

o meu irmão

All days are nights

Mik Mak

Sei que em alguma ocasião se perguntaram porquê eu. Às vezes até eu. Mas depois recordo o início, não a pasta de dentes no jardim de infância que não lembro, mas a professora de Js, a caixinha dos segredos, a tua presença certa e segura a caber no sempre, sem que seja preciso explicações ou perguntas. O tempo passa e continuamos a não precisar das palavras e congratulo-me nessa raridade de quem sabe tudo uma da outra. Adivinhas-me as expressões e distingo a verdade de ti. you know what i know you feel what i feel. Por isso quando divertida me olhas, dançando e cantando, te sentas no meu colo e me segredas coisas ao ouvido, quando brindamos alegres ou reverentes, sei que nos olham e sinto-me vaidosa, deixando-os a eles confusos. Só tu e eu é que sabemos.

Constatações

Percebe que está crescida quando:

- demora uma semana para comer um Kinder Surpresa;
- a última coisa que faz é ver qual é a surpresa.

Inevitabilidade

Ofereceu-me um livro, sem nenhum motivo particular e talvez já por todos. Era por isso inevitável, penso-o agora.

Foolosofia de Pacotilha

Não os oiças. Tapa os ouvidos e recomeça. Foge se for preciso mas não te deixes enganar. Enche os pulmões de ar e recomeça. Inspira e recupera tudo aquilo que perdeste, distraída. Torna-te naquilo que és. És. Escolhe uma estrela e segue-a. Relembra tudo o que sonhaste para ti. Ousa. Cai. Ri. Toma a vida nas mãos e caminha. Rebenta o que há em ti e renasce. És sarça ardente em renovação. Não temas, estás cada dia mais perto. Não te queixes. Escuta. Perdoa. Solta o teu coração e deixa-o vaguear. Liberta-te desse sufoco. Mergulha no que está imerso em ti, revolve, exibe. Levanta a cabeça. Abre os braços e voa.

Maybe we'll meet again



Há algo com esta cena. A mais bela.

A liberdade é uma maluca que sabe quanto vale um beijo



Tira a mão do queixo, não penses mais nisso
O que lá vai já deu o que tinha a dar
Quem ganhou, ganhou e usou-se disso
Quem perdeu há-de ter mais cartas para dar
E enquanto alguns fazem figura
Outros sucumbem à batota
Chega aonde tu quiseres
Mas goza bem a tua rota

Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar

Todos nós pagamos por tudo o que usamos
O sistema é antigo e não poupa ninguém, não
Somos todos escravos do que precisamos
Reduz as necessidades se queres passar bem
Que a dependência é uma besta
Que dá cabo do desejo
E a liberdade é uma maluca
Que sabe quanto vale um beijo

Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar

Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar

A Primavera, os passarinhos e as florinhas: lógica

Eu - E é bonita?
Ela - Não é bonita nem é feia.
Eu (deitada na relva, olhando o céu, muito calmamente) - Todas as pessoas são bonitas.
Ela - (olha séria para mim, quase irritada) - Tu estás apaixonada e não nos disseste nada!

Once upon a time

O amor pode ser uma história que se esqueceu de acontecer.

À filme

São 3h da manhã. O parque de estacionamento vazio. Ouve-se nas colunas I've got you under my skin, do Frank Sinatra. E uma imensa vontade de dançar com alguém aquela música naquele parque de estacionamento vazio. A culpa é dos filmes.

She wants the fairy tale


[Kit is trying to cheer up Vivian]
Vivian: Tell me one person who it's worked out for.
Kit: What, you want me to name someone? You want like a name? Oh, God, the pressure of a name... I got it. Cindafuckin'rella

Pretty Woman

Linda Rosa (pobres desses rapazes que tentam lhe fazer feliz)

Irmã Gémea (com bom gosto)

De vez em quando O Barrigas, no Bairro Alto, tem o melhor fado de Lisboa.

Training: Uncle Ben dixit

With great power comes great responsibility.

Spider Man

Qual o momento

em que és verdadeiramente livre?

The best way to get over a woman is to turn her into literature*


You mean she would rather imagine herself relating to an absent person than build relationships with those around her?

Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulain

*Henry Miller

I love her smile. I love her hair. I love her knees.




I love how she licks her lips before she talks. I love her heart-shaped birthmark on her neck. I love it when she sleeps.

Man, i feel like a woman

Dove Supreme cream oil beauty care shower de essências de flor de cerejeira e amêndoa e máscara para o cabelo da Gliss.

Haven't met you yet: efeito adverso

"Hás-de encontrar alguém" é daquelas expressões que deveriam ser reconfortantes mas a ti só te parecem deprimentes.


Almoços de Páscoa: 2-0

Jane's Aunt: Must be so hard to watch your younger sister get married before you.
Jane: Yes. Then I remember that I still get to have hot hate sex with random strangers and I feel SO much better!

in 27 Dresses

Because it's not love (but it's still a feeling): só aos teus olhos

Os últimos dias conduzem-te a certezas que preferirias ignorar. Não só aos meus olhos. A sua ausência aumenta o poder da sua presença, diz ele com razão. O primeiro nome, o primeiro pensamento, a primeira imagem e a leveza da gargalhada. A vida é uma armadilha e tu não lhe queres escapar. Observam e dão risos pequeninos, perguntam o que tu não tens coragem. Já notaram. Até tu. Vais contendo essa certeza até que morra dentro de ti, se consuma em si mesma, se não alimentares há a hipótese de te salvares. A carência. A dependência. Conheces-te, sabes o que isto é. Controla até que seja incontrolável. Quando já não te couber no peito, acabou. Quando admitires, sofreste. Quando confessares, destruiste. Não destruas. Guarda e será teu.

O que é que ela tem?

Além dos cabelos brancos, noto que estou cada vez mais parecida com o meu pai: não conheço ninguém mas todos me conhecem a mim.

Casa

O sapateiro saber quem eu sou mesmo que só o veja uma vez por ano e ele nem sequer more na minha aldeia. O pai da minha melhor amiga que faz uma festa sempre que me vê. A vizinha que me vendo espera para acenar adeus antes de entrar em casa. A terra, as abóboras, os tractores e os cães. O mar e o cheiro do mar. O gato irritante do lado que começa a miar logo de manhã. Tomar banho e não duche. Deitar cedo e acordar cedo. As refeições da minha mãe. As horas certas para almoçar e jantar. As piadas do meu pai. O braço de ferro com o meu irmão. As torradas e o chá de limão da avó. O meu afilhado a descobrir a madrinha sem hesitação numa foto repleta de rostos. Estar em casa. Sentir-me em casa. Pequenos detalhes. Gosto.

Esse teu amigo mais parece teu amor

Na lista dos teus fins

Na lista dos teus fins venho no fim
de uma página nunca publicada,
e é justo que assim seja.
Embora saiba
mexer palavras, e doer de frente,
e tenha esse talento conhecido
de acordar de manhã, dormir à noite,
e ser, o dia todo, como gente,
nunca curei, como previa, a lepra,
nem decifrei o delicado enigma
da letra morta que nos antecede.
Por muito te querer, talvez pudesses
dar-me um lugar qualquer mais adiante,
despir-te de pudor por um instante
e deixá-lo cobrir-me como um manto.


António Franco Alexandre

Páscoa

Acreditar é uma necessidade.

Because it's not love (but it's still a feeling)

Vai vivendo sem sobressalto, ingénua e feliz, imersa no belo e indolor mundo das possibilidades: irreal.

At Last

Minha querida AM,

As pessoas têm muito a mania de fixar datas, assinalar momentos importantes como quem pára o tempo. Como se o tempo importasse.

Um blogue também é para isto, declarações desajeitadas de quem vai aos poucos aprendendo que ser sentimental não é ser ridiculamente vulnerável. Foi de resto por causa do blogue e através dele, as minhas linhas a encaixar na tua vida, let's be scared together.

Há mais de um ano atrás eu não sabia que existia alguém como tu no mundo, não fazia ideia que alguém prestava atenção ao que eu ia sendo, não poderia adivinhar a profunda pureza dos teus olhos ou a harmonia perfeita que nasceria da partilha. Fará agora um ano e por isso continuo a rejubilar-me com a beleza e força do inesperado, que te trouxe até mim.

Enviei-te o "precisa-se de um amigo" do Vinicius e respondeste à minha chamada, embalando-me com a tua calma e sabedoria de menina crescida. Fomos crescendo receosas, passo a passo, com uma experiente certeza de que a amizade não é um sentimento vulgar, mas algo de raro e extraordinário e que por isso deve ser acarinhado com cuidado, muito cuidado. Surgiste no momento necessário e acho que não poderás nunca ter real noção do quanto o teu sorriso, as tuas palavras e o teu abraço forte foram fundamentais para que eu pudesse retornar a mim, e por isso muito te sou grata. As pessoas por vezes esquecem-se de dizer obrigado ou o quanto gostam umas das outras e não quero perder nenhuma oportunidade para te dizer o quanto me és querida.

Recordo a curiosidade inicial, a fome de saber tudo e recuperar tempo, o calor da tua mão na minha e o reconforto imediato que senti na tua presença, uma paz imensa que ainda hoje noto quando me abraças, e sei que continuamos.

Fazes-me bem e gosto de te ter por perto.
Na próxima semana, vamos jantar e vou abraçar-te com aquele encanto que sempre se recria na tua presença.

Um sorriso luminoso como tu, com saudade,

[ ]
Marisa.