Bichos e Bichas I

(...) Há, porém, um comentário na mesma notícia que revela algo de mais sinistro: alguém que diz que todos temos filhos e netos e que, portanto, com "telhados de vidro". Assim, ninguém gostaria que semelhante coisa "nos" acontecesse; não o assassinato, presume-se; mas sim esta "corrupção" que é, afinal, vista como a causa de tudo. É a insinuação velada, confusa e muito comum, de misturar homossexualidade com pedofilia (afinal, tudo perversões, certo?): chamá-lo repetidamente de "o rapaz", "o rapaz", como se fosse um moço de 14 anos e não um homem adulto. Isto eleva a questão a outros patamares, com o efeito assumido de favorecer e desculpabilizar a "vítima".

Evidentemente, nada disto estaria em causa se o Castro fosse um velho babado por saias e o Renato, uma cheerleader de formas redondas. Nesse caso, a relação seria apenas mais uma "subida na horizontal" (bocejo!). E se ocorresse um homicídio, ninguém viria em socorro da autora, decerto que seria uma assassina interesseira, uma puta ladra que esteve meses a chular o pobre velhinho apaixonado e iludido e que tentou, decerto, um qualquer "golpe do baú" (provavelmente com um parceiro por trás pois, já cá se sabe, as mulheres não são muito inteligentes) que correu mal. Assim não, é apenas uma história, simultaneamente trágica e moralizante, de "uma vida perdida" de um jovem iludido, um aviso a todos os jovens para não se deixarem seduzir por iguais enganos e a confirmação da "violência da comunidade homossexual" (como o inefável Arroja defendeu, num post que, por pudor, me recuso a indicar), embora o gay é que tenha sido assassinado, mas que interessa isso? No fundo, estava a pedi-las, não estava?"

1 comentário:

um quarto para duas disse...

A coisa mais acertada que já li sobre o assunto.