And in the night, you are my dream

Não foi assim há tanto tempo para que a lembrança mereça pronunciado destaque mas ia a caminhar no meio da rua, convicta de que o semáforo para os carros ainda aguentava o vermelho mais uns segundos à minha travessia, e lembrei-me. E, sabe-se lá o que não encontramos e não aproveitamos pensando que é só uma coisa achada na rua e afinal vemos depois, já tarde, que no vulgar há tesouros que ninguém escondeu pensando que, expostos no vulgar, seriam só vulgaridades entre vulgaridades. É preciso estar sempre atento.

Foi dias depois de Oslo, embora seja da persistente opinião de que a noite que passámos em Oslo não mudou nada, só veio confirmar. Era capaz de ser já muito perto das 9h, e eu estava na estação do campo grande, a descer a escada do metro que, mesmo não andando de metro há mais de um mês, sei que continua parada nos exactos momentos e percursos em que a usaria. Estava a descer os últimos degraus, telemóvel na mão e encostada à direita, porque é uma questão de educação facilitar a vida dos outros, já aí estava completamente distraída contigo, ainda agora. Falávamos da diferença entre amor e paixão e, como sempre, a tua resposta foi clara e determinada como o curso dos rios, a força e a imensidão tua a desembocarem em mim com certeza. Então, pela primeira vez de todas as vezes, tu disseste aquilo e ainda hoje não te calas com aquela palavra. Hoje, mais do que hoje, sinto no peito o tudo que é aquela palavra feita vida em nós, coisa romântica.

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