Dos incêndios

Podes dizer-me que não sei nada disso e é a pura verdade, mas há fogos que lavram no meu peito quando vais e que só se apagam quando voltas para mim. Então é isto.

I'm taking no calls unless it's her voice

No beijo, no abraço, não me lembro das diferenças, não me importam, não estão lá. A suficiência é uma armadilha e tu disseste que no amor cabe tudo, que o amor é tudo.

(not so easy)

Every single day I

Talvez o pior seja não compreender, porque se não compreendes não podes corrigir ou melhorar. O gesto não correspondeu à palavra, embora a minha mão se coadune com a tua. Não afastes os teus olhos dos meus.

Every single day



Todos.

(mesmo hoje, agora. sobretudo hoje e agora.)

Escreve mas para dissipar o que está escrito

Hoje sei que, mesmo que queira, não posso abandonar nunca este blog. Está cheio. Trouxe-me tu, tantas vezes tu, trouxe-me talvez até eu. É uma coisa sentimental. É-me sangue correndo.

Aquela de quem se ouve o sorriso

Fizeste-me lembrar de tudo antes de tudo e eu também fiquei feliz por naquele dia ter ido assim, de fato de treino, cansada, ainda suja. Foste a primeira a ver-me. E é uma bonita e verdadeira descrição aquela que te deram - tu és aquela de quem se ouve o sorriso.

Do verbo ficar

Talvez se questionem com o "ratinha limão", talvez se tenham surpreendido na demora do abraço, na forma como ainda sabemos tudo, eu estranharia. Beijaste-me sem querer o pescoço e não levei a mal embora me tenha rido e dito que não deverias fazer de novo. Ficar é um verbo demasiado importante para ser utilizado tão poucas vezes. Tu ficas.

(sei que me entendes o abraço, o texto, e, mesmo que não pareça por vezes, eu entenderei também, acredita. Porque tu sabes a importância do verbo ficar e conjuga-lo comigo todos os dias.)

The extra mile

É curioso como alguns pormenores, momentos que diríamos banais como tudo, nos permanecem na memória. Tu serás sempre a pessoa que estava comigo quando eu soube da morte do Saramago. Era ainda verão e seríamos felizes, eu estava a crescer, sentia os ventos da mudança - são sempre ventos, repara -, haveria de ser promovida e reconhecida, nem eu nem tu sabíamos do futuro desviado que depois foi. Eu esperava sempre o melhor das pessoas ou era uma optimista a pensar que as oportunidades são visíveis e por isso bem aproveitadas e, não variando, enganaram-me de novo nesse dia. Por essas alturas, geralmente às sextas-feiras, andava numa de ir almoçar ao frango da guia e, não variando, acreditei que era naquela sexta-feira que iam ser rápidos. É bem provável que, mesmo com o calor, tenha comido sopa e secretos. Não me lembro se pedi um guaraná. E tu estavas a almoçar comigo quando eu recebi uma mensagem no telemóvel e era o meu irmão, "o saramago morreu". E na memória, de uma ingratidão aleatória, sem medir a quem ou ao quê, tu ficaste a pessoa que estava comigo quando eu soube da morte do Saramago.

Nem sabia que me lias. É sempre esta situação estranha quando sei que alguém que me conhece na realidade me sabe mais do que sei, como se me apanhasses com a depilação por fazer, natural. Talvez eu não tenha sido a melhor pessoa. Lembro quando foste embora naquela noite, quando vieste e eu não te fui ver. As nossas pessoas não são as mesmas, embora tu sejas tu e eu seja eu. E falas de escrever o amor e eu quero dizer-te que isso não interessa para nada. Escrever interessa pouco e escrever o amor interessa para nada, anota. O que importa é viver ou, se quiseres, o que importa é viver o amor ou só o amor. E eu até posso ter estes laivos de loucura acidental e necessária, São Paulo, Oslo, o mundo todo, mas fui e vim. Tu foste e ficaste, pelo amor.

Agora nem sei de ti, se estás cá, se estás lá, sou felizmente desnaturada nessas coisas do espaço e do tempo, mas quando estiveres cá, haveremos de beber uma sangria um dia destes, ver cinema ao ar livre no miradouro de S. Pedro de Alcântara, talvez até falemos de amor.

Her business love V

A árvore do raciocínio dele é o mapa de empatia do outro, as ortodoxias dele são as anti-regras de um outro. A roda é a mesma, todos os dias reinventada com outro nome. E, talvez sem saberem uns dos outros, talvez se achando especiais, andam todos a falar do mesmo. O negócio é negócio porque é um negócio, embora alguns lhe chamem consultoria.

(é verdade, candidatei-me a um mestrado, coisa fina.)

Where you are is where I wanna be I

Também queria falar da tua mão, do peso da tua mão e da sua determinação quando toca a minha, aquele momento que tanto me agradou. Tu conduzias e, quando a voltavas a pousar depois de colocares outra mudança, colocava-la sempre não sobre as minhas, não debaixo das minhas, mas sempre entre as minhas. Um caminho certo e sem hesitação porque o lugar da tua mão é entre as minhas. Tu disseste que a cidade era nossa e eu soube que naquele momento não era só a cidade a ser nossa.

Mas só hoje já falei do teu cheiro e da tua boca e, se falasse ainda da tua mão ou qualquer outro detalhe que guardo, poderias pensar que estou apaixonada por ti.

E, de todas as vezes, corres o risco. Confias, dir-se-ia.



no Uma mulher não chora

The mirror of love

Não confio no meu olhar, que é distraído, nem muito no teu, que é apaixonado, mas confio no de quem te conhece tudo, toda. É por isso que quando ajuíza da tua felicidade, sou eu quem fica feliz. É por isso este sorriso sereno e esta paz no peito e esta vontade tão imensa e demorada de te abraçar. Tu és o melhor reflexo daquela palavra nossa.

(e, sem querer, descubro um livro que comprarei daqui a minutos. talvez nada seja por acaso, como dizes.)

Where you are is where I wanna be

Há esse fascínio com a tua boca que eu não posso descrever. Podiam escrever-se artigos científicos, ensaios, romances, poemas ou peças de teatro sobre a tua boca, tema inesgotável dos meus sonhos e anseios, que não ouso sequer traduzir. A língua, os lábios, os dentes, as gengivas, a saliva. A forma, a textura, o tamanho, o sabor. Não consigo esquecer o sabor da tua boca, como ele canta. A vida ressuscita na tua boca, pela tua boca na minha boca.

(essa coisa estranha que aconteceu, saber que já escrevi e tu ainda não eras tu e era verdade antes e é verdade agora. a verdade é um círculo de eterno retorno.)

Marcha Soundtrack: don't be a drag, just be a queen.




É bem capaz de ser amor I

O amor não nega as diferenças mas tem o dom de as relativizar ao seu verdadeiro tamanho, acredito.

É bem capaz de ser amor

Estranhas que eu fale ainda assim com as pessoas que me foram tudo, que partilhemos viagens, histórias, concertos, caracóis, inconfidências e abraços. E eu estranho que tu estranhes, porque é das poucas coisas de que mais me orgulho - conseguir manter assim perto quem esteve mais perto. O amor, disse ela, não magoa. O amor, disse ela, não tem tempo, talvez só intensidade.

A minha aldeia podia chamar-se Spectre

Na minha aldeia, na estrada que a liga à outra aldeia, uma estrada recta e comprida ladeada de nada e por isso cheia de tudo, há agora, entre dois postes, umas sapatilhas pretas a ambicionarem o céu, apenas uns atacadores as prendem ainda ao mundo. Alguém que chegou e não quis nunca mais partir, poderia pensar.




I want to hear some love words



(Pedrógão ganhou o teu nome.)

Um livro de talvez

Há quem escreva porque até se publicam livros maus e há quem escreva porque até se publicam livros bons e, nesse intervalo, há uma literatura do talvez, a salvação para uns e a desgraça para outros, depende da capacidade de marketing depois e de mais alguns artifícios menores capazes de te encher o orgulho. Se com o filho e a árvore viesse outra coisa - sugiram vocês - talvez o mundo fosse mais pequeno mas mais rico.

(nunca sei o que é morcela e digo com vocês em vez de convosco. deviam, eu e vocês, repensar esta ideia absurda que já me colocaram na cabeça.)

O artigo definido

O artigo definido separa as águas, o necessário do acessório. Não é apenas ser conhecido ou ser próximo, o artigo definido delimita e, estranhe-se, define. Dizer-se "o" ou "a" torna único, exclui, nada mais é possível além dele. Houve o momento em que o nosso beijo, meu amor, se tornou o beijo e agora só sei dizê-lo assim, o beijo.

Junto ao ombro

Não o notas mas tens um cheiro próprio que não se replica, que é só o teu e que só eu sei. É uma mescla de várias sensações, um cheiro que se sente e que prende. O teu cheiro é de intimidade, baunilha, verão, casa, felicidade. Sinto-o e não quero fugir. 

(chamei-lhe cheiro de fofinha e tu riste-te na minha cara, obviamente.)

Listen to the girl as she takes on half the world moving up and so alive in her honey dripping beehive.



 (Lost in Translation, agora, na Fox Movies)

O tão fundo e límpido dos teus olhos meus

O melhor do regresso é este cheiro inundado de mar. Chegar, descobrir no mar a cor dos teus olhos, e sentir-me em casa nessa certeza feliz.

(agora à proximidade de um desejo, meu amor.)

Her business love IV

Passei no jogo da Playstation, como tu dizes: 66 out of 70. Londres faz-me bem, está provado.

("és um bicho.")

Her business love III

Quando se falou em colaboradores questionou, quase irritado, se se tratavam de pessoas a colaborar em part-time, que iam à empresa colaborar de vez em quando. Trabalhar não deve ser um estigma. Ser trabalhador devia ser orgulho e não vergonha, tem razão. 

Her business love II

Explicou aquele conceito tão verdadeiro do "impacto da ausência" - em caso de se verificar dificuldade em mensurar o benefício de algo, intangível muitas vezes, devemos aferir o seu valor pela ausência, porque há coisas das quais só percebemos o valor quando as não temos. O negócio bebe da vida.

Her business love I

Não esqueças o que ele, supra-sumo internacional maior, disse: o mundo é maior do que o teu quintal e as oportunidades existem  para quem não for exigente ao ponto de querer ficar no País - lembra-te dos gráficos salariais. Tudo é volátil e o crescimento vem com a mudança, mover para crescer, parar de ser e começar a estar.

(reler este post no final do ano e ponderar seriamente o assunto.)

Her business love

Na generalidade das conferências de gestão, como aquela, há quase sempre um espaço para a inteligência emocional. Alguém haverá de falar da importância das emoções, da empatia, talvez arrisque até colocar no powerpoint a imagem de um coração. Se for realmente ousado, falará de coaching, felicidade, intuição, voz interior. A plateia finge-se interessada, riem disfarçadamente e com cuidado, que nestas coisas é preciso cuidado para não se ficar mal visto, esperam ansiosos pelos temas a sério. O orador está lá na frente, um louco que se tolera.

Escolham o título, não tenho jeito para isto

Se fosses tu ias a correr para última página, descobrir logo aquela palavra última que pode mudar tudo. Tens essa urgência de conhecer o fim. Não te apresses, não te canses, fazemos isto da maneira mais fácil, digo-te já. São 128 páginas e no final ela morre, pronto. Vai lá num instante confirmar as 128, eu espero. Não me chames agora desmancha-prazeres, ou spoiler se o teu português for outro. Todos já conhecemos o fim e, dizem os melhores livros de auto-ajuda, o mistério e a beleza estão no intervalo, a viagem a importar mais do que o destino. Agora é contigo continuares ou não, mas recorda que tudo é acção e reacção e cada acto terá uma consequência.

Nem sei como vieste aqui parar. Ou vieste enganado - acontece a todos, não te envergonhes - ou a editora fez um bom trabalho na capa, valha-nos isso, que uma estante bonita é tão importante quanto uma estante composta. Na verdade é irrelevante a intenção. Fica para aí, se quiseres. Mas é importante que saibas desde já - este livro não te salvará, esta história não é tua.

(não me digas que é arrogância e presunção minha interpelar-te assim, tu nem me conheces.)

O livro

Saiu do exame e disse: - Pronto, agora vou pensar no livro.

And I'll sing in your ear again

A peça mais importante do xadrez, o trunfo mais alto da sueca e a casa do Rossio do monopólio I

O que é precioso guarda-se, defende-se, mas o que se sabe precioso e seguro não precisa de defesa. É a fé o que sustenta as igrejas.

A peça mais importante do xadrez, o trunfo mais alto da sueca e a casa do Rossio do monopólio.

Hoje descobri que existe uma Avenida Recíproca e achei que poderíamos morar lá.

(eu não vou embora, pessoa da minha vida.)

O mundo é perfeito em quem se quer bem.



Sou uma pessoa previsível.


Is this alive?

Retomei o abraço, aquele onde está tudo e onde somos ainda nós, uma nova relação a construir. O que é puro, repito, sempre perdura.

Foi o tempo que perdeste com a tua rosa que tornou a tua rosa tão importante.

Um texto pode ser uma resposta, às vezes um anúncio noutras um prenúncio, uns dias para ti e outros para outros, às vezes tem objecto, personagem, enredo, local, tempo, até cheiro, noutros são só letras, frases que se sucedem. Por vezes começa a ser uma coisa e depois, se te distraíres, vais ver e já lá está outra, é impossível prever. E há outras, não menos comuns, em que é só um texto.


(uma flor exige cuidado e manutenção, a rosa do principezinho. o que é forte não quebra.)

Priberam

Há este problema com as palavras. Tenho de perguntar-te como se diz determinada coisa, qual o sinónimo mais apropriado, estou quase sempre indefinida, a tentar escapar e a voltar lá sempre. És limitada pelas palavras e nas palavras. Se soubessem. Tu perguntas se isto me dá muitas vezes.

Shelter



Quase.

The quote

As fases passam. Os desejos ficam. E os que ficam, serão sempre a melhor definição possível do que somos. Não é o nome nem a idade. Não é o filme preferido ou o que gostamos de ler. Não são os gostos que definem o que somos. Os gostos, quanto muito, serão a reação à realidade que nos apresentam. Mas os desejos que ficam, o que realmente queremos, não tem nada a ver com a realidade nem com o que nos rodeia. É independente.

Ser filho de pescadores e ter o desejo profundo de viver no deserto. Viver na praia e procurar na imaginação o toque da neve.

Nós somos os nossos desejos.

(não digo a ninguém que é teu. não gostas que te cite)

Sententia, -ae, maneira de sentir

Não te perguntei porque sei que um nome é para ti um nome, o que quer que signifique, um rótulo não te define, uma vontade é sempre mais forte do que um compromisso. Então tu não perguntaste e eu não respondi. Não se pergunta o que já se sabe, talvez seja isso. Decidiste e transmitiste-me a tua decisão como sentença, resolução inabalável, esta maneira de sentir que ganhou nome.

Blimunda: what does it mean when she laughs

Eu disse que era o riso e houve uma felicidade imensa, quase comovente, nessa afirmação. Não foi apenas um progresso, mas uma conquista que só eu e tu podemos interpretar, como se eu tivesse vindo de muito longe, atravessado todos os infernos e corrido todos os perigos só para chegar àquele momento e, chegada, ler-te. A resposta está no teu riso.

É tão fundo o silêncio

Este ano hei-de ir, finalmente, ao Festival Silêncio.

Havia um cheiro que era nosso e que já não se faz

Road Fighter. Duck Hunt. Wild Gunman. Ice Climber. Battle City. Grim Fandango. Wipeout. GI Joe. Oddworld: Abe's Oddysee. Cadillacs & Dinnosaurs.

(todos estes nomes têm a nossa memória, tu ganhavas tudo e rias muito. tenho um orgulho desmesurado em ti.)

A bolt of blue

Quanto tempo precisas para o amor

Noutro tempo eu também diria, eu também duvidaria. E, porém, eu sei, tu sabes e ela sabe, e só isso importa. A questão, a mais importante, é a da lealdade e da pureza. Os sentimentos não se medem no espaço do tempo. Não me digam que prolongue à espera que passe, que acalme o que me vai revolvendo por dentro. Não me peçam que adie ou que aguente o que em mim é urgente. Que não digam que então não era amor, que não te amei com tudo e por tudo, que não tentei o suficiente. Não uses transponível, verdade, rapidez, palavras que não encaixam aqui. Todos os amores são intemporais. E a vida a correr sob a artéria poplítea dela é tudo em verdade e em amor. Digo amor como quem lhe sabe todas as entoações do nome.  Tudo o que pertence ao coração é defensável, intocável.

My precious

No fundo não há fundo mas uma planície aqui e ali com altos e baixos, uma questão de disposição e circunstância, vales e depressões de vida e de mundo. Tirando uma ou outra palavra mais complicada, como eu ter dito ao taxista que era do lado oposto ao cinema e ele ter questionado se era então em frente ao cinema, é tudo simples. Até demasiado simples, tudo à vista, nu, e sem mistério de maior senão este de estar aqui, viva, a escrever-te, o mistério maior de todos, nem fales da santíssima trindade.

Tu não. É preciso decifrar-te, reconhecer-te, ir mais fundo, histórias e planos, conquista e acumulação. Não me assusta o tempo, a proximidade, a intimidade, haveremos de chegar lá e sem pressa. Quero ser essa pessoa para ti, quem te sabe os gestos e as matizes do sorriso, as marcas, todas as marcas, passado que foste, futuro que sei, sabes, serás. Todos os tesouros valiosos estão escondidos e, repara, descobrimo-nos.

O suficiente

Por vezes, entre uma gargalhada e outra, desconfio que és feita de poesia. 

(assim, o suficiente para ser tua.)

Podes vir por um abraço. Podes vir sem ter motivo.

Não me importa muito onde nos levará o caminho, serei franca. Sei que será um sítio bonito. Vamos caminhando e aprendendo. Enquanto houver o teu sorriso há a oportunidade de ser feliz e isso, amor, basta-me.

I love this city III

 















Hei-de fotografar todos os bancos de Londres.
Um dia terei o meu próprio banco.

I love this city II




I love this city I

No espaço que vai de uma hora a outra, vi um Lamborghini preto, depois um branco, depois um amarelo e depois um laranja.

I love this city

Existem três tipos de Ingleses: os que bebem Costa, os que bebem Starbucks e os que bebem chá.

But one man loved the pilgrim soul in you


 Pedro Picoito, no Cachimbo de Magritte

We were dancing all night

Essa tal liberdade

Explicas-me que aprendeste a possibilidade de ser livre e eu só sei ouvir-te, cheia da poesia das tuas palavras seguras, livres, até determinadas. Quem me lesse, quem me visse, poderia dizer que talvez esteja apaixonada por ti.

I have to have you now I

É importante que venhas, vem, vem depressa. Não apenas importante, nem sequer necessário, é urgente, urgente, sabes? É que eu estive a estudar sobre isto e não é apenas a probabilidade e o impacto, há também a proximidade, um estado de iminência que é preciso ter em conta, que é perigoso negligenciar. Dizem que se não vieres rápido, se não estiveres aqui do meu lado para que te afague o cabelo e te beije com demora a boca, se não puder fazer-te amor (o "make love to you" que te contei) e te vir adormecer e acordar no meu peito em felicidade e sem pressa, coisas más podem acontecer no mundo. É preciso que eu sinta o teu coração a pulsar debaixo da minha mão, que te possa respirar em desejo no ouvido e que te possa entender o sorriso, senão não sabemos. Sim, eles inventam muito, já se sabe, mas nunca fiando, não é? Então não demores, meu amor.  

I have to have you now



Don't say a word, just come over and lie here with me
'Cause I'm just about to set fire to everything I see
I want you so bad I'll go back on the things I believe
There I just said it, I'm scared you'll forget about me

What happens in London stays in London I

Quando o coração está (com)prometido nada há a temer.
Quem tem uma vontade nomeada não precisa de um compromisso nomeado.

Isto vale para tudo.

What happens in London stays in London

Eu dormirei os próximos dias na cama com ela. Tu dormirás os próximos dias na cama com ele. Talvez tenhas razão quanto às probabilidades, há o perfume e foi ontem. Ainda assim, não (me) testes.

Uma casa Portuguesa, com certeza I

Fomos jantar hambúrgueres e vinho no Monumental, uma tradição cada vez mais Portuguesa em noite de Santos.

Uma casa Portuguesa, com certeza

Não tentes agradar a gregos e a troianos. Mas se tentares depois não estranhes se não te sorrirem de contentamento.

É melhor agradar a alguém do que não agradar a ninguém. 

(e tu, que te preocupas sempre comigo, que te importas comigo acima de todas as coisas, tu com o teu abraço. e todos os nossos gestos dizem que um dia nos amámos.)

Sonhei com gavetas cheias de livros

Sonhei com gavetas cheias de livros, abria as gavetas a procurar roupa para vestir e só encontrava livros enfileirados, um autêntico closet de paraíso.

(o meu inconsciente anda a ansiar por quintas-feiras melhores do que as vossas.)

Es tevi milu

Tu és a favor do acordo ortográfico e eu sou contra, é simples de ver que isto assim não poderá funcionar. Disseste que a chave era o entendimento e, para que nos entendamos bem, não pode haver espaço para esses mal-entendidos do acordo. 

Teremos, portanto, de inventar uma língua só nossa.

By the way, it's you

Poplítea

Volto sempre aos meus lugares, às mesmas palavras, até às mesmas canções. Nunca fica tão bonito quanto as penso. Eu também poderia ser demasiado autista para qualquer coisa, falta-me aquela criatividade que tens para fazer diferente. E, porém, a resposta a todas as perguntas está ali, na tua artéria poplítea, duas pessoas e a vida que descobrem, ambas, na tua artéria poplítea.

(para saber do mundo, pergunto por ti.)

Until

"Que seja eterno enquanto dure" não é condenação mas exaltação. Felizes daqueles que conseguem fazê-lo eterno a cada dia, todos os dias.

Só aperto o que não sinto*

Usa-se o tempo como dá jeito, para esquecer, para crescer, para poupar, vendo bem o tempo dá para tudo. Há até quem ache que é o tempo que faz o amor, como se fosse uma espécie de evolução ou uma consequência, uma curva-S com introdução, crescimento, maturidade e declínio, tão certinho que até pode ser esquematizado, tão previsível que até satura, o momento entre a maturidade e o declínio e que, falando verdade, também existe.

Há quem espere o tempo para poder soltar o amor. Esses são os que padecem de retenção de amor, vivem contidos e medrosos de si e dos outros, mais vale esperar porque o risco é muito grande e muito mau, mais vale a tranquilidade das tardes e o quotidiano dos hábitos porque o meu coração já não aguenta. 

O nosso amor não é uma evolução mas é um acontecimento, um amor que não se consegue ou não se pode conter. É um amor sem tempo, só com vontades, consome-me a si mesmo em urgência e necessidade, faz ranger dentes e uivar à lua, cria noites e dias dentro de si, num mundo particular e de luz própria. Este amor não se contém, este amor não se poupa.

(*Mia Couto, dizem, na Ler)

Não existe nenhum descrição disponível

Ciclo de vida

Há um momento na vida de um mulher em que ela quer ser a primeira. Mais tarde, haverá o momento em que ela só quer ser a última.

(quero ser essa pessoa, a primeira e a última.)

O teu nome podia ser amanhã

O teu nome podia ser "amanhã", assenta-te bem no rosto e assenta-me bem na vida. É um nome bonito, cheio de possibilidades, e não seria mentira.

Parva-padre-frangueira

Talvez as coisas nos aconteçam realmente no momento certo. Mesmo assim dá uma vontade de questionar o porquê de agora e não antes. Mas os pontos haverão de se ligar depois, ensinou ele, por isso não te apresses.

Não sei se terás pensado o mesmo que eu. É que eu tinha aquele quadro mental na cabeça há tanto tempo e, sem planeamento, ele aconteceu. A chuva ameaçava cair, havia os saloios todos, as moscas, os risos descabidos e os pés a sujarem-se naquela areia negra do pinhal e a tua presença era então ali natural, estavas e não eras estranha. E o meu irmão ficaria impressionado com a leveza e precisão do teu lançamento de disco a deslizar pelo céu, e a minha mãe haveria de dizer piadas mórbidas sobre a sua saúde como habitualmente e incentivar-te a comer mais, a minha avó mostraria que ainda é criança entre crianças.

Mas o mais importante foi ele, tu sabes, não sabes? É que às crianças tu não podes enganar, a sua atenção e o seu abraço são genuínos e só os dão a quem bem entendem merecer. Por isso quando ele soube dizer prontamente o teu nome, eu sorri. Por isso quando ele veio com cuidado ao teu encontro para te abraçar, um pé ante o outro, foi o meu coração que se apertou.

Havia

Tristes os livros que se vendem pela capa. Felizes os leitores que, comprando pela capa, lá descobrem algo de interessante.

Quem tem vida não precisa de escrever


Colectivo Chato

Não afastes os teus olhos dos meus (Gi) I

É preciso o catálogo para escolher o caixão, o dinheiro, os papéis, os telefonemas, os lenços, aquelas merdas todas que não deviam sequer ser precisas. As flores murcharão e a vida continuará. Faz sol e a seguir vou comer caracóis. E, no entanto, estavam ali todos, os que já foram e os que podem ser, tu até. Estavam os de ontem, os de hoje e os de amanhã. Choravam não apenas por ela mas por si mesmos.

Não afastes os teus olhos dos meus (Gi)

Everyone must leave something behind when he dies, my grandfather said. A child or a book or a painting or a house or a wall built or a pair of shoes made. Or a garden planted. Something your hand touched some way so your soul has somewhere to go when you die, and when people look at that tree or that flower you planted, you're there.

It doesn't matter what you do, he said, so long as you change something from the way it was before you touched it into something that's like you after you take your hands away. The difference between the man who just cuts lawns and a real gardener is in the touching, he said. The lawn-cutter might just as well not have been there at all; the gardener will be there a lifetime.

Ray Bradbury, Fahrenheit 451 (1953)

Estas as mãos que me estreitem

Inferência

Por A + B, o amor pode ser uma conclusão.

Com todos os caracteres e em todas as formatações

É ainda possível reaprender-se uma palavra, descobrir-lhe como novo o sentido e ganhá-la para nós. Educas-me naquela palavra que afinal é simples, vais-me corrigindo os percalços, "não é muito, muito já lá está", e eu vou sabendo-lhe o gosto e a entoação, tomando-a para mim, e em cada sílaba dessa palavra sei o teu nome.

(mesmo agora enquanto vês os vídeos idiotas do youtube e te vais rindo animada.)

E depois adormecer-te no meu porto

No hay manera ni forma

A insegurança é uma armadilha onde todos podem cair, palavra puxa palavra, medo que empurra outro. Quando chegares à encruzilhada, que sejas firme. A quem tem a resposta central não interessam as questões residuais. Não te levo a mal.

Mi Bachata



Está provado.

O que importa (é o que) fica

Foi mais demorado do que o costume. Demoro a perceber o que está ali dentro, mas só aceito. Não sei o que era mas soube-me à melhor lembrança. Disseste que o tempo não conta, que há coisas intemporais que são maiores do que nós. Havia isso no teu abraço. Sei que estás genuinamente feliz por mim e agradeço os dias.

There's a new manager in town

E no momento em que eu chego e digo-lhe que às vezes me sinto burra pelas oportunidades profissionais que provavelmente estou a perder por continuar ali, ele diz-me  que me chamou para me anunciar que ia ser promovida e que o ia comunicar a todos.

(salvo excepções, as pessoas não abandonam empresas, abandonam líderes.)

As dores fechadas em caixinhas

Há sempre coisas que eu não vou saber, caminhos que são só teus, vim agora e não os sei. Não sei falar dessas coisas e às vezes tenho medo do escuro ainda, das sombras que se criam, monstros debaixo da cama, sopros de lado nenhum.

Não te disse que passei a manhã a pesquisar notícias até encontrar aquela, num jornal regional, com o nome. Não me perguntes porque raio precisei de fazer isso.

Eu não sabia das tuas dores fechadas em caixinhas, dos caixõezinhos, como ele diz, que levas no peito. Mas acredito que importa a vida e que nunca a fazes só por ti. Mesmo que não te leve a dor, eu quero ser vida para ti. Mesmo que tudo seja diferente, eu quero que na felicidade tu sejas feliz e que o meu riso te faça rir. Percorre os caminhos que precises. No final desse caminho eu espero-te, garanto-te, a tua mão na minha mão, e tu nunca mais partirás.

O amor não é tanto uma coisa que se faz quanto uma outra que se aceita I

Gosto da forma como concebes o amor, que só o concebas dentro desses limites, que não limitam.

(há pessoas dentro de conceitos e há conceitos que estão dentro de pessoas.)

Nível de exposição

O sexo não liga mas expõe, disseste.

Este post não terá um título bonito

Escolhemos com cuidado o título dos emails, como quem se aprimora e seduz, como a melhor roupa, os olhos com lápis e rímel, os lábios mais suaves no sorriso mais bonito.

As relações, quaisquer que sejam, trabalham-se como se podem.

O amor não é tanto uma coisa que se faz quanto uma outra que se aceita.

Tudo isto para dizer o quê? Que não é suposto eu ter amigas que se sentem mal quando são a única solteira num grupo de três casais. Que não é suposto um homem usar-se de uma mulher para se sentir validado socialmente (e vice-versa). Que não é suposto fazer de uma relação entre dois adultos uma relação filial. Que não é suposto isto ser um jogo, um campo de guerra, uma coisa entre inimigos. Que não é suposto eu pensar três mil vezes antes de escrever estas linhas, porque enfim, o que é que as pessoas vão pensar. Que não é suposto precisar-se tanto de carinho que se aceite o mínimo possível. Que é preciso, antes de mais, que cada um saiba quem é, e o que quer, e que isso seja claro o suficiente para não dominar nem se deixar subjugar. Que é preciso que os encontros sejam de facto encontros e não embates. Que as pessoas se saibam sólidas, feitas de uma massa que, não sendo perene, se aguenta bem para as curvas durante uma data de tempo. E que isso vale. Perder o medo, dar o corpo ao manifesto, mas dá-lo todo, e sem perder nada. Porque quem se tem a si próprio, não se perde. Nunca.


no Colectivo Chato
(que um dia ainda me acusa de lhe copiar os textos todos)

Os abraços que resolvem tudo

Há abraços que resolvem a vida. O resto, o intervalo, vai-se gerindo caso a caso.

A mesma moeda

Quando te apontei o "memo", tu falaste do "cómigo" e foi assim que descobri que afinal era verdade.

What fires together wires together

É natural que se busque a continuidade daquilo que é bom, deve ser por isso que existem vícios e casamentos. Não sei dizer-te nada sobre o futuro mas sei que a viagem importa mais do que o destino, sei das palavras que falei aos teus olhos, sei que o tempo se pode criar.

Why are you so late?

Poderia ter dito como o cliché e seria verdade, que se perde a noção do tempo quando se está feliz, mas achei que se dissesse isto provavelmente não me teriam deixado embarcar.

Gardermoen: canal 11

Não foi por ser o último nem foi por acaso que o poema foi aquele. Começaste entre coisa livre e coisa escrita e és hoje coisa inquebrável, foi por isso. Atenta bem no significado: inquebrável.

The connecting flight

O Mclaren MP4-12C, o novo Nissan 350Z, o Audi A7 Quattro, o BMW 6 Gran Coupé. Ir a um aeroporto alemão é quase como ir a um salão automóvel.

Don't be a maybe

Houve aquela frase que tu escreveste sem olhar para trás, porque tu nunca olhas, a mesma frase que eu interpretei, porque tento sempre interpretar. "Fica minha", como se fosse uma transição ou um feitiço, mais do que um desejo, um estado. E depois dizeste aquela perguntas dos se, aquele tipo de pergunta que me parte sempre a cabeça, porque nos detemos demasiado nos se. Fizeste a pergunta e disseste que todas as noites esperavas que eu voltasse com aquela resposta. Talvez não saibas o quanto me doeu ouvir-te  aquela resposta, que não ta dei.

E então foi preciso contar-lhe tudo, dizer-lhe da minha loucura e desta necessidade, esclarecer esse talvez que para ti era uma quase certeza. Os pressupostos são isso mesmo, legítimos mas também falíveis. E eu não sei se foi uma libertação, uma confirmação, um alívio, outra coisa qualquer, mas foi importante. Sei aquilo da lealdade e do para sempre, da pureza que nos sobrou e do amor que há. Desejaste-me o amor. Foi, acho, uma espécie de bênção.

Something pure must last

Ela sempre veio com aquele teoria de que a lealdade é mais valiosa do que a fidelidade e eu sempre duvidei da clareza ou honestidade sentimental dessa afirmação, a posse é ainda nossa e até há animais, homem incluído, que se matam por isso.

Mas talvez ela tenha razão naquilo da lealdade. O sentido de real, sentido, verdadeiro, não pode magoar. Naquilo que é puro perdura a pureza.

(sempre antes do amor e por isso sempre além do amor.)