Love is a feeling that we don't understand but we're gonna give it to ya.



I'll aim for your heart when the night comes.

(o teu melhor sorriso, agora.)

Annus horribilis

A única gota do deserto, sendo única, talvez até de fraca salubridade, basta para saciar quem vem buscando água.

Da memória

Criam-se as coisas para fazer memória, livros, fotografias, pinturas, esculturas, filmes, músicas. A arte faz do que fica memória porque até as memórias podem fugir-te, o espelho, a realidade, a memória. A ceifeira é inconsciente mas canta o canto da ave com mais razões para cantar do que a vida, reparou ele. A ceifeira canta e é belo o seu canto.

Para fazer memória, escrevi o nosso amor naquele livro que te dei, o único e verdadeiro livro que alguma vez verás meu, povoei de palavras cada dia dos muitos que ainda nos esperam em distância, olho a matrioska a baloiçar-se na minha pulseira e descanso na almofada que fizeste para mim, happybirds verdes, roxos, azuis a fazerem ninho com os fios do meu cabelo. Queremos fazer memória. Criamo-la com maior ou menor intenção, às vezes ela faz-se sozinha enquanto olhamos uma estrela cadente, outras prende-se num pormenor parvo daqueles que ninguém reparou antes e faz dele porto e destino. Estando dentro de nós, num sítio que dizem ser o cérebro mas do qual ainda desconfio que seja mesmo aí, é muito curiosa a memória, faz o que lhe apetece.

A minha, vê tu isto, embirrou contigo, apanhou-te no outro dia enquanto sorrias e, como os cães, não te larga. Estou eu a trabalhar arduamente, sempre arduamente, posso até estar a dormir, repara, e lembra-se-me de ti sem motivo, fica ali só a detalhar os pormenores do teu sorriso como se não tivesse mais nada para fazer, boa vida. E não é só o sorriso, chega a ser mais grave, pode ser a tua voz a cantar, o teu cheiro ou, imagine-se, a suavidade da tua pele. Não sei o que lhe aconteceu mas estás-me sempre na memória, temos de fazer algo a respeito.

Não sei ou da gestão das expectativas

Dizem os entendidos que nas avaliações de satisfação se devem usar escalas pares para evitar o valor mediano, sem inclinação ou interesse, do 3, não sei, nem satisfeito nem insatisfeito. Um não aplicável pode até ser melhor do que um não sei, por uma questão de expectativas, em tudo as expectativas. Foi das primeiras coisas que aprendeste: um âmbito que não se fecha é aquele onde cabem todas as expectativas a fracassar.

But there's a secret garden she hides




(you had me at hello.)

Follow no one

Sabemos que andamos a trabalhar demais quando, ao sairmos, encontramos as equipas de limpeza já a trabalhar.

Olha bolinha quentinha, fofinha, original, acabada de fazer

Aperto com cuidado e esperança as conchas que me deste, memórias de dias felizes que o sol e o mar souberam cuidar. O tempo será agora dolorosamente lento para o tanto que te preciso perto, não vou pensar nisso. Aperto aquelas conchas pequeninas e oiço o nosso riso nelas, quando o desejo é só desejo. Escolhe uma mão.

Não quero falar nisso

A fonte de onde te vem a força é a mesma onde reside a tua fraqueza.

Quando a tua avó disse que os teus olhos estavam diferentes, quase menos bonitos, e vieste a correr perguntar-me se concordava

O amor nada tem a ver com merecimento. A felicidade nada tem a ver com merecimento. A vida nada tem a ver com merecimento. O mal nada tem a ver com merecimento. Coisas más acontecem a pessoas boas e isso não tem a ver com merecimento. Que venham os do karma e outros esoterismos e mandá-los-ei a um sítio, ide-vos, direi. Tens sorte se mereceres os teus amigos, talvez o lugar que ocupas. Há poucas coisas que podes merecer, repara. O merecimento é uma das ilusões, bem-aventurados os que se iludem porque se esforçarão mais e alguém beneficiará nisso, talvez o próprio, se merecer. Que se procure a plausibilidade, uma cruzada sem fim para distrair tolos. Não digas por isso que não mereço, porque tu também não mereces e, todavia. Bastamo-nos além do mito da suficiência e do merecimento. A dor não se merece, tem a certeza disso. Quantas vezes for preciso.

(os teus olhos são os mais bonitos, a limpidez que só encontro em ti.)

E sabe-se lá o arriscado disso

Eu - Tu só gostas é de coisas arriscadas, ahn?
Ela (com o ar mais natural do mundo) - Não, também gosto de poesia.

A soma daquilo que somos com tudo o que damos ou ziles como quem diz miles

Apesar de já ter notado que as tristezas são mais propícias a este teclar do que as felicidades, cada um tem as suas taras e manias, deveria ser mais fácil, pensei. Mas já passaram demasiados dias e há ainda esta insuficiência para falar deste imenso que me vem ocupando cada espaço de pele, cada poro e cada sopro, és-me tudo. Como nos vídeos do youtube, não existe nenhuma descrição possível mas tão-somente fechar os olhos, sentir-lhe a boca sempre tão macia, sentir, sentir tudo de todas as maneiras, como ele diria, adormecer nos seus braços enquanto me canta baixinho canções que podiam ser de amor. A intimidade está no sono e no seu abraço sei o meu melhor repouso. Mas eu não sei falar de amor, só sei vivê-lo, e quando ela sorri, o amor, tudo recomeça.

Amor maior I ou o post demente

Vejo agora, já com a saudade a minar as horas, aquilo que escreveste enquanto estava deitada no teu sorriso e toda na alegria de te poder olhar como se fosse ainda e sempre a primeira vez. Poderia ter sido eu a escrever a mesma coisa, aquele post poderia ser meu: amo-te nas tardes dos dias que foram feitos para nós.

(só não te disse que o tipo de letra era Georgia.)

Amor maior

Amo-te nas tardes dos dias que foram feitos para nós.

A água límpida de todas as noites

Não se pode relativizar o que é absoluto.

Duzentos e qualquer coisa

Vão já em mais de duzentos, imagina. Dizes que não tens de ser tudo, que tem de haver mais além de ti. Mas deixa-me que te diga que este blog há muito atingiu aquele patamar do piroso e lamechas como o amor deve ser, e como ele canta. Deixa-me que te lembre que, apesar de ser bicho do mato arraçado de labrador, autista nas expressões e insensível ao mundo em geral, todos os textos que aqui possas ler assentam no amor ou nalguma espécie dele. Deixa-me que te mostre com todos os gestos aquela verdade que tomei para mim na primeira vez que a li, sagrado mandamento para quem busca a salvação, "não sei fingir que amo pouco quando em mim ama tudo". Venham mais duzentos.

And through your eyes, all the things I wanna see

And in the night, you are my dream

Não foi assim há tanto tempo para que a lembrança mereça pronunciado destaque mas ia a caminhar no meio da rua, convicta de que o semáforo para os carros ainda aguentava o vermelho mais uns segundos à minha travessia, e lembrei-me. E, sabe-se lá o que não encontramos e não aproveitamos pensando que é só uma coisa achada na rua e afinal vemos depois, já tarde, que no vulgar há tesouros que ninguém escondeu pensando que, expostos no vulgar, seriam só vulgaridades entre vulgaridades. É preciso estar sempre atento.

Foi dias depois de Oslo, embora seja da persistente opinião de que a noite que passámos em Oslo não mudou nada, só veio confirmar. Era capaz de ser já muito perto das 9h, e eu estava na estação do campo grande, a descer a escada do metro que, mesmo não andando de metro há mais de um mês, sei que continua parada nos exactos momentos e percursos em que a usaria. Estava a descer os últimos degraus, telemóvel na mão e encostada à direita, porque é uma questão de educação facilitar a vida dos outros, já aí estava completamente distraída contigo, ainda agora. Falávamos da diferença entre amor e paixão e, como sempre, a tua resposta foi clara e determinada como o curso dos rios, a força e a imensidão tua a desembocarem em mim com certeza. Então, pela primeira vez de todas as vezes, tu disseste aquilo e ainda hoje não te calas com aquela palavra. Hoje, mais do que hoje, sinto no peito o tudo que é aquela palavra feita vida em nós, coisa romântica.

O verde e o roxo

Nem o (mau) cheiro das sandálias nem o (bom) cheiro da vela são suficientes para afastar o cheiro que me deixaste em presente naquela almofada, um cheiro que ocupa tudo em redor. Abro até a janela com medo, não o posso perder. E porém não invade, não força, não oprime. Prolonga-me o pensamento até ao momento em que, não o podendo sentir, te reconheço a perfeição do toque, tão próxima que se esticar só mais um pouco a mão saberei que é o teu cabelo. Nunca chegaste a sair deste quarto.

Writing skills

A maioria dos oradores é mais bem paga do que a maioria dos escritores.

(disseram que eu tenho boas writing skills.)

Dedicação ou o coming out profissional

Com uma naturalidade que me surpreendeu, respondi que a dedicação que me encontrou ontem era uma dedicação saudável q.b. pois, se a namorada não estivesse longe, a prioridade para o Domingo seria certamente outra.

Toda a gente sabe que te amo.

As esferas que se tocam

As esferas podem olhar-se, coexistem no silêncio abafado do que não é promíscuo, vão até onde conseguirem sem ser notadas. A transparência não é vergonha mas vitória, serei cada vez mais livre. Vocês sabem de mim e eu sei de vós. Podem olhar, podem comentar, podem até rir, se tiverem arte podem até manipular. Mas a esfera do privado só poderá tocar na esfera pública quando eu disser, não se enganem. A invasão de privacidade não tem nada a ver com muros.

Da perplexidade

O contrário do amor é o estado permanente de perplexidade.

(algures, no filme Como Esquecer)

Da unicidade

Quero-te inteira e em verdade, todos os lados e todas as cores, a perspectiva e a simetria, completa e espontânea. Disse ele que é preciso saber aceitar tudo. Quero-te tudo.

Se eu aceito o sol, o calor, e o arco-íris, preciso aceitar também o trovão, a tempestade, e o raio.

Kahlil Gibran

Be careful of who you love


Da diferenciação

Tu ganhou o teu nome. Porque és distinta e inconfundível. Porque nós só acontecemos porque tu és tu.

Do mocho e da matrioska

No pulso levo sempre a lembrança de ti, sangue que me pulsa nas veias, coração motor da vida.

Tantas noites a preencher

Daquilo que me recordo, e vou preservando cada vez mais apenas o essencial, este verão foi o que passou mais depressa. Ainda nos faltam tantas noites a preencher.

Olha lá, nem sequer vinhas nos meus planos



E olha lá,
Por mais que passem os anos
Por menos que eu faça planos
Sais me sempre a sorte grande

Agarrado a ti vou sem hesitar
E se o chão desabar que nos leve aos dois
Vou agarrado a ti


(meu amor)

E se inventado o teu sorriso for

Sentadas, os pés enterrados na areia fria, acolhes-me entre as tuas pernas. Cobres-me os ombros com o teu amor, despreocupada dos outros e tão ciente de nós. Apertas-me a mão com força, para que nunca me esqueça. Digo-te, brincando, que é por me conseguires arrastar para coisas daquelas que tenho a certeza que gosto de ti.

Finalmente, eles, ela, chega. Sabes as letras de todas as canções, esse dom que sempre me surpreende, e danças e acompanhas, feliz. Vou-te olhando entre um acorde e outro, maravilhada no teu sorriso, feliz na tua felicidade. O tempo corre, deitar-nos-emos já tarde, preciso ainda do teu cheiro e da tua respiração na minha nuca, dormimos cansadas e cheias de nós, poucas horas depois o despertador dará de si e teremos de nos acordar correndo, eu terei ainda de parar na estação de serviço por causa do sono, nesse dia chegarei atrasada ao trabalho. É pelo teu sorriso, um sorriso que faz tudo valer a pena, um sorriso de paraíso.

Não tenhas medo, disseste

O amor é um mesmo medo que se partilha.

It’s because I met/ need/ feel/ want/ love you


(hoje somos ainda nós.)

O eufemismo


Olhar-te-ei sempre, não queiras duvidar disso. Ficarei sempre, só mais cinco minutos, só mais dez, vinte, não me atraso, prometo, ficarei a vida toda. Porque este sorriso é de ti que me vem, porque tu sabes das pestanas e até gostas do mesmo chocolate que eu. Porque se pode ressuscitar pelo teu beijo e os teus cabelos são os melhores para se fazer nós, o teu riso a cura de quantas desgraças há no mundo. Nunca saberei falar de ti. Mas, se me auscultares o peito, ouvirás o teu nome, porque me estás no coração todo, vida para a vida. Amar-te é, bem o disseste, um eufemismo.


(nunca ninguém me falou assim)

And it feels good and it's so warm having those eyes playing with me


Nunca reparei bem, até aqui, nas minhas pestanas. Para mim, eram só umas pestanas iguais às outras, a proteger os olhos do lixo que por aí anda, a enfeitar os olhos, mesmo sem o rímel, ou a servir para os desejos entre o polegar e o indicador, em cima ou em baixo. Beijas-me os olhos no vagar que finalmente conseguimos, olhas atenta para dentro de mim, dizes que eu tenho umas pestanas bonitas. Sorris porque eu tenho umas pestanas bonitas. E eu sorrio contigo, desconfiando dos teus olhos, mas feliz por me saberes ver bem. Sabes conquistar-me todos os dias, em gestos tão simples como este. Não há nenhuma palavra, escrita ou falada, que seja suficiente.

Life is far too important to be taken seriously


Reparas que não escrevo tanto quanto antes, a fonte vai secando e os textos parecem sair agora a custo, cada bater de tecla a encher-se de cuidados numa sequenciação com pouco sentido, um escrever sem destino que enoja aqueles que instrumentalizam a palavra, lacaios que insistem em atestar-lhe um propósito, mas isto não serve para nada. Uma letra seguida de outra letra nem sempre formam uma palavra e o inteligível deve conseguir sê-lo dispensando inteligentes, mesmo que isto não seja simplesmente uma metáfora. Tudo o que é feito com mais esforço do que vontade tende a desaguar em águas paradas, um cheiro a podridão que se sente no calor do ar. Esta água não flui.
 
O tempo vai-nos escapando entre os dedos, finjo que não vejo ou que não importa, mas sei dizer-te com precisão quantos são os segundos que faltam até que vás. Escreve quem não vive e sobram-me, já com pesar, os intervalos da vida em nós a chegarem. Talvez nesses.

70%

A pressa é inimiga da perfeição, não o esqueças.

And since I fell for that spell, I am living there as well.



Uma música raramente é só uma música.

Change works best when you go to something, even if it is the unknown.


No mesmo dia em que passei parte da manhã a pesquisar ofertas de emprego no estrangeiro, o CEO envia-me um email de agradecimento, pois muito aprecia a minha dedicação à empresa e diz contar muito comigo para o futuro. Como sempre, o racional em diálogo com o emocional, e as palavras a procurarem os gestos consonantes que não encontro. Uma vez mais, o desafio de sonhar grande ou viver pequeno, uma caixa apertada numa zona muito confortável. Ainda que tudo falhe, tu és trigger.

Imenso


O moscatel, de Setúbal. A sangria, tinta. As pipocas, doces. Os livros, com dedicatória. Os emails, com assunto. As mulheres, pequeninas. Os cabelos, longos. Os olhos, verdes. E depois chegaste tu, ninguém suspeitaria. O amor, imenso.

O pronome possessivo


Nem sempre um pronome possessivo indica posse, pois pode sê-lo também para expressar afectividade (Não faça isso, minha filha), indicar um cálculo aproximado (Ele já deve ter os seus 40 anos) ou atribuir um valor indefinido ao substantivo (a Marisa tem lá os seus defeitos, mas eu gosto muito dela). Do mesmo modo, apropriado não tem de ser o particípio de apropriar, como tornar próprio, apossar-se ou que se apropriou, mas pode tratar-se somente de ser adequado. As palavras serão sempre o que entendermos delas e é por isso que são tão perigosas.

It takes an ocean not to break

A bem-amada

No talho encontro a sra. Virgínia, das minhas primeiras catequistas, e a Tina, sempre igual. Depois o Carlos Miguel e o meu primo ex-traficante. É uma sensação boa de casa, sinto-me ainda filha bem-amada desta aldeia, contente por ser distinta e distinguida entre os turistas, que aqui se chamam banhistas e que a enchem por esta altura. Reconhecem-me, perguntam por mim, o que é feito. E respondo-lhes que estou por Lisboa, como se bastasse, sem saber dizer mais nada, certa de que este esclarecimento é a resposta para todas as perguntas, a matéria para todas as conjunturas.

(no próximo fim-de-semana é a festa da aldeia e no sábado haverá fogo-de-artifício. sou bem capaz de voltar.)

Aquele onde fomos ontem com a B.

Viu-te uma única vez, não sei se chegou a uma hora sequer, é capaz de ter sido há um mês, e ontem, quando lhe perguntei se queria ir comer um gelado, perguntou se íamos àquele café onde fomos da outra vez contigo. Disse o teu nome. Eu sorri muito, maravilhada com a memória do meu afilhado sobre a memória de ti.

Depois, nos seus quatro anos, o Mauro perguntou porque é que tu te chamavas B.

O mais humano sentimento



Finalmente.

É preciso fazer alguns sacríficios para ser feliz.

Perguntavam da crise, se ele sabia quanto ia pagar para estar ali a encher-se de marisco, e ele deu aquela resposta que me assentou: "é preciso fazer alguns sacrifícios para ser feliz".

Deve ter sido a primeira vez que ouvi uma resposta tão cheia de sentido numa entrevista da sic sobre o festival do marisco de Olhão.

Ide escrever

Passado este tempo surpreendo-me ainda com a tua vontade das palavras, como se houvesse um sítio a chegar e se estivesse a criar uma arte maior perante nós, como se houvesse um dom ou um tempo que não pudesse ser desperdiçado antes que nos fugisse. É possível que nos alegremos naquilo que não entendemos.

E vais rindo em felicidade, perguntando se hoje vou escrever. E incitas-me em disciplina quando a preguiça ou a vontade de ti se sobrepõem às horas, "ide escrever", mandas. Shakespeare a querer ficar e Viola a mandá-lo embora porque é prioritário que ele escreva. Hei-de cobrir-te de significados, engravidar-te de palavras, fazer-te sorrisos. Como agora.

Não posso adiar (mais) o amor

Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas

Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio

Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração 

António Ramos Rosa

A tudo um propósito

A saudade não dói, a saudade aumenta-nos.

a s., aqui

You make it look so easy

Não sei quando irei dizer, vou adiando o momento à espera de não sei que condições perfeitas ou que o falar se baste nos sinais visíveis para quem queira ver, talvez ainda acreditando que a combustão dos dias seja um natural reflexo do que não dizemos mas sabemos e que por isso não seja necessário. Há coisas que só nascem do desconforto insuportável, guerras que rebentam como um gás em pressão, ele disse que era preciso ter o caos dentro de si para dar à luz uma estrela dançarina, ou cintilante conforme as traduções, sobretudo aqui uma palavra nunca é só uma palavra.

E, nova nisto, com toda a naturalidade do mundo, chegaste à tua mãe e disseste que ias dormir com a tua namorada, que sou eu. E, entre o meu assombro e a minha felicidade, despontou um sorriso que te pertence.

Figueiró: os foguetes deitados antes da festa

As circunstâncias do teu mundo não permitem planos longos, até ao lavar dos cestos pode sempre dar-se o caso de ainda ser vindima, vai-se a ver e o dia ainda não chegou para a vontade que se acumula, só mais um pouco. Nesse mundo de incertezas, de escalas no limite do relógio, qualquer certeza não pode ser desprezada, por isso tudo o que é certo agarras com as duas mãos. Este amor.

(volta para mim, que me mata este arder no peito, este silêncio de ti. espero-te.)

De nós: priceless

Muitos fariam afagos, mas eu faço-te nós no cabelo.

Ainda há esperança para esta relação

Em todas as diferenças possíveis de se calcular - e até mesmo nas incalculáveis - eis que descobrimos enfim um ponto de concordância imediata e assertiva - temos o mesmo chocolate preferido, pasmem-se.

Tu és escritora

Disse "tu és escritora", entre a confirmação e a incitação que me honra e me estranha. Que venham para me lembrar ou para me convencer daquilo que sou para que me torne naquilo que me dizem ser.

Se um dia houver livro será, certamente, de esclarecimentos.

Põe a tua mão sobre o meu cabelo...tudo é ilusão.

Sonhar é sabê-lo, escreveu ele. Na desilusão não se quebram factos, repara, mas ilusões. Um engano é consumado mas uma ilusão é sempre consumida e é por isso que a desilusão fica apenas com um dos lados.

Olha aqui eu a gostar













Tudo pelo teu sorriso de contentamento a ver isto.

(Niet, é o José Pedro Gomes)

SW: she offers me protection, a lot of love and affection

À conta de querer dizer tudo sei que não te direi nada, é sempre assim, já sabes que as palavras não interessam nada. Mas tu estavas lá e terás sentido como eu, acredito. O melhor não foi a piscina, nem o tempo livre a gastar, nem os momentos de entrega tão esperados, mas aquele momento simples em que adormecemos durante a tarde no corpo uma da outra, os nossos braços e as nossas pernas, nós tão feitas nós, a mesma certeza comungada ao acordar. E naquela tenda a servir-nos de morada confirmei que casa é onde tu estás.

SW: o amigo Jorge

Ainda bem que o Zmar é dos melhores sítios para iniciantes no campismo.

(e, no finalíssimo, descubro que estou sem bateria no carro.)

SW: show yourself to me

SW: until you kissed my lips and you saved me

Talvez ainda hoje aches que sou eu quem te está a salvar.

(salvas-me a mim.)

SW: the national song

Quando te falei da problemática da canção acalmaste-me com o teu sorriso e disseste que podíamos ter qualquer canção que quiséssemos. Disseste que escreverias um hino só para mim.

SW: quantas feridas são precisas para escorrer um sangue novo

A lua ia alta e redonda como nas melhores noites e, àquele acorde, fosse pelo amor ao amor ou pela tentativa simples do calor feito afecto, as parelhas aproximam-se, dão-se as mãos gordurentas das bifanas, beijam-se os cabelos sujos de pó, ela, certamente ela, terá dito ao ouvido dele, let's just breathe, a frase a combinar com a música, é nestas situações extremas que o amor se embeleza ainda mais.

Eles estavam todos assim, e eu um passo atrás de ti, um passo mais alta, o tamanho ideal para quando me colocas os braços à volta do pescoço, o tamanho ideal para te beijar o cabelo e também o tamanho que me fez ver-te as lágrimas a correrem, sem esforço, àquele acorde.

E por momentos naquela canção mais longa temi que nenhuma canção nos pudesse servir e que em outros acordes eu não soubesse distinguir o lugar do teu pensamento. Usei palavras de que me arrependi e envergonhei, não duvides nunca da minha capacidade de ser idiota.

Talvez mesmo a nós, sobretudo a nós, nos devesse bastar respirar cada momento.

Chamaram-lhe experiência

Experiência é cometer os mesmos erros cada vez melhor.

Do querido e da querida

"Querida, encolhi os miúdos" e "Querido, mudei a casa" poderiam ser duas versões de um mesmo mito - alguma das partes tem sempre de ceder.

SW: o post com data


O dia não nos passará imune. Tu rirás sob as cócegas que te hei-de fazer e eu sorrirei de alegria só pela felicidade de ouvir um riso tão harmonioso e sincero quanto o teu. Haveremos de sorrir e rir muito, tirar fotografias felizes, amarmo-nos no pó e no sal. Ainda assim, mesmo sem contares os dias, sem precisares de te esforçar, está lá, está sempre, sem lugar nem tempo, o universo em desequilíbrio. E posso distrair-te de tudo mas não te posso distrair de quem és, todo o amor e todo o medo dentro de ti, os dois pilares que te sustêm. No seguimento dos dias, não te largo a mão.

Tomei para mim aquela frase que não te mostrei mas que sei de cor como se fosse uma oração, a de que ele dormiria melhor porque haveria mais alguém no mundo a cuidar de ti. Vou cuidar de ti.

As canções dos outros


Sabes que és ainda infantil quando sentes ciúmes de uma canção.

(oiço-te em todas as canções)

Dos psicólogos


Custa-me na pele, todos os dias, não te conseguir salvar. A escrita também não te salvará, tu sabes, só tu te podes salvar. Mas há dores que têm de ser exploradas para que não doam tanto. Escreve, escreve até que tudo se expurgue. Aguentarei.

Das lágrimas no peito


A memória é um lugar estranho: recordas melhor o texto que foi apagado do que todos aqueles que persistem.

Dona Flor


Alguém menos atento poderia pensar que o meu nome é Dona Flor.