So when your hope's on fire but you know your desire don't hold a glass over the flame, don't let your heart grow cold. I will call you by name, I will share your road.

Dos antúrios

Admiro-a nas veias arrebentadas, picadas, queimadas, perdidas. Admiro-a quando, ignorante e iludida, nos diz que faz spam e com isso as pessoas ficam sem internet, perdão, facebook. Admiro-a até no álcool e no fumo, as drogas que evitam o sentir. Admiro-a quando diz com naturalidade que quer antúrios e que já avisou as floristas todas sobre isso. Admiro-a na atitude e na altitude, ainda que diga por inxemplos. Digo-lhe que a admiro e sei que ela não fará ideia do quanto a admiro. Aquele sangue que lhe escorre do dedo, agora que se cortou, é o meu.

(parabéns, mamuska)

Fazer dos dias dias

Serei noivo das nossas vontades, esperando aquele dia como se espera o dia. No compasso desta espera não se esperam outros que não corações descompassados. Quando respirarmos novamente com o ar todo dentro, estarei já aí.

For every heart that beats (girl, let me love you)

E no final o teu riso a acordar a vida, o momento que fez todos os outros. O teu riso a encher a música e feito dela. O teu riso como quem ama, mesmo que eu não saiba falar de ti. Tens-me.

Put your hand in my hand

E a verdade libertou-te

Agora depende de ti. Que tomes nas mãos o teu destino.

No sweeter song, no heart so true (aquela que insultou o perigo)

Os Portugueses não têm memória, só têm saudade

O respigador tirou-me fotografias e disse que eu ficava bem de braços cruzados. Eu pensava que o respigador era um fotógrafo. Depois viu-me a olhar em maravilha para as paredes e disse-me que era respigador, explicou-me o que é e o que faz um respigador. As paredes estavam cobertas de imagens e recortes de jornal sobre o Estado Novo. Mães, esposas e noivas de Portugal, se tendes o vosso homem em casa, a Salazar o devem, mostrem a vossa gratidão, votem em Salazar. Homens de Portugal, se não foram para a guerra, a Salazar o devem. Vós, ó portugueses da minha geração, que como eu não tendes culpa nenhuma de serdes portugueses, insultai o perigo. Também o Almada, o Pessoa, o Sá-Carneiro, o futurismo. O respigador disse que estava a fazer um documentário e que o cenário ajudava os entrevistados a recordarem melhor. A fotografia do Salazar estava virada de pernas para o ar, junto ao mapa peninsular do império colonial português. O respigador contou que muitos dos documentos que ali estavam eram originais e deixou-me sentir debaixo do dedo a assinatura de Salazar a atribuir funções a António Ferro. Eu não sabia quem era António Ferro mas fiquei admirada na mesma. Depois o respigador disse que Salazar nunca teria autorizado o euro ou a Troika e que, no seu tempo, enviou um general maluco só para garantir que a Troika não vinha. O respigador falou-me ainda da Alemanha e, pela primeira vez, vi um Mein Kampf ao vivo. O respigador disse também que, no outro dia estavam os homens das obras a assar sardinhas com tábuas de uma tipografia e que ele teve imediatamente de as comprar. Disse que era este o País que tínhamos. No fim, o respigador disse que os Portugueses não têm memória, só têm saudade.

O amor é um acto de fé ou Das virtudes

O amor é um acto de fé, pode ser até um acto de esperança, mas não deve nunca ser um acto de caridade.

São esmeraldas, senhor, são esmeraldas.

Até podem ser parecidos mas, sei, as esmeraldas não brilham assim.

(límpidos.)

Protect me from what I want (protège-moi)

Errata: onde se lê amor deve ler-se B.

Onde se lê Deus deve ler-se morte.
Onde se lê poesia deve ler-se nada.
Onde se lê literatura deve ler-se o quê? 
Onde se lê eu deve ler-se morte.
Onde se lê amor deve ler-se Inês.
Onde se lê gato deve ler-se Barnabé.
Onde se lê amizade deve ler-se amizade.
Onde se lê taberna deve ler-se salvação.
Onde se lê taberna deve ler-se perdição.
Onde se lê mundo deve ler-se tirem-me daqui.
Onde se lê Manuel de Freitas deve ser
com certeza um sítio muito triste.
 
Errata, Manuel de Freitas

Em caso de medo, corre para a frente

Sentes-me a pressa no pulso e entendes. Tenho notado que entendes sempre mais do que aquilo que te digo, sobretudo o que não te digo. Não sei de onde vem isso, que bruxedo ou magia se faz, mas o certo é que entendes. Houve um dia, não sei se ainda te lembras, "há tantos caminhos, Marisa", disseste. Algo muito parecido com isto, seguramente. Foi uma frase como qualquer outra, mas de qualquer outra não me lembro e agora veio-me esta, alguém entenderá porquê, a linguagem cria de facto a realidade. Foi só mais tarde que descobri que este caminho se cruzava com o teu e que percebi porque é que são precisos semáforos em alguns cruzamentos. 

E agora tocaste-me no flanco e, no teu jeito tão natural de quem não se sabe feita de filosofias e poesias, daquelas que não rimam, disseste que em caso de medo há que correr para a frente. Nesta bifurcação, corro para a frente, onde tu estás. Sinto-te as pedras, as ervas, o pó e a direcção, o cheiro a terra, o rasto e o horizonte. És caminho.

Nenhum caminho será longo I




há sempre um sítio pra fugir, se queres saber um sítio onde podes descansar. há sempre alguém pra te agarrar, pra te esconder. se vais cair eu vou-te ver antes da dança, antes da fuga, eu sei-te ver. antes do tempo te mudar eu vou saber, antes da névoa te vestir e te levar, há um sítio onde o escuro não chegou pra onde podes ir, um rio pra libertar. há sempre alguém pra te salvar, se queres saber, se queres sentir a todo o gás. há sempre alguém pra te dizer se vais cair pra te travar e adormecer. antes do dia, antes da luta, eu sei-te ver.

antes da noite te sarar eu vou saber, antes da chuva te romper e te lavar, há um sítio onde a estrada te deixou por onde tens que ir se te queres libertar.

e tudo o que for por bem, tudo o que der razão pelo ponto vai ligar. tudo te vai unir, tudo se faz canção, no caminho de voltar, no caminho de voltar. há sempre paz noutro lugar, entre nuvens, um sítio onde podes perceber que há sempre alguém para te ver, em segredo, te descobrir e renovar, e renovar. 

te descobrir e renovar.
te descobrir e renovar.
te descobrir e renovar.

Nenhum caminho será longo

Quis acordar-te com urgência, como se fosse uma epifania ou uma necessidade maior do que eu. Precisava de te questionar se acreditas mesmo que aceitamos o amor que achamos que merecemos. Precisava de te confidenciar que é mais certo que o amor una do que separe. Dizer-te ainda que o amor pode tudo, cura, salva, ressuscita. Acordar-te com meiguice só para te dizer o quanto ficas tão serena a dormir. Acordar-te para te dizer que agora vou sonhar contigo.

(descansa, meu amor.)

And if you're still bleeding, you're the lucky ones.


O dia um sonho sólido onde a noite se limpa e se deita (ficam sombras).

Regresso devagar ao teu
sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que
não é nada comigo. Distraído percorro
o caminho familiar da saudade,
pequeninas coisas me prendem,
uma tarde num café, um livro. Devagar
te amo e às vezes depressa,
meu amor, e às vezes faço coisas que não devo,
regresso devagar a tua casa,
compro um livro, entro no
amor como em casa.



Manuel António Pina

Eu quero estar cá amanhã.

Do Mauro

No seu rosto feliz e despreocupado enquanto joga, sempre que ultrapassa o carro adversário, grita-lhe "Adeus, amigo e boa sorte!". Que sejas sempre assim e que o teu abraço me continue a comover em ternura.

And now my heart stumbles on things I don't know.

Não partas nunca mais.

You better know what you're fighting for I

Não escrever é já escrever. Há outros sítios, histórias que não se fazem aqui. Não escrever é também ter medo do que se possa escrever, não saber até onde podem ir as palavras, o som seco que fazem quando embatem com violência contra aquele muro.  Não aguento mais as palavras, tornaram-se insuportáveis, aparecem como gritos no escuro. Assustam. São umas inúteis, bem tens visto. Quis dar-te as palavras todas e esgotaram-se. Hoje são um vazio de deserto. Palavras suicidas, calam e explodem no ar, são desgostosas do seu sentido. As que sobram são ainda todas para ti, uma ou outra escapam-se e fazem-se crescidas em liberdade, saboreiam como afortunadas o ar que lhes enche as sílabas. Sei que voltarão. Afeiçoaram-se a mim e, apesar de tudo, sempre as tratei bem. Mas agora escrevo não escrevendo, não consigo de outro modo. Amote sem palavras. Amote com o que não se esgota. Amote com o amor.

(é Outono e vou chamar-te meu amor.)

Brassicaceae

Calçar as botas de borracha, galochas, chamarão elas. Sentir a terra a afundar-se debaixo dos pés numa ou noutra zona. Subir para cima da carrinha e sentir-me rainha do mundo. O cheiro a turfa molhada, a turfa molhada a desfazer-se entre os dedos, as unhas encardidas no final. O som ritmado do tractor, sempre igual nas alegrias e nas tristezas. Há quantos anos não fazias aquilo mas ainda não perdeste o hábito. Uma planta e depois outra e depois outra. Centenas de plantas enfileiradas de verde, jovens e bonitas. Então é assim a vida. O sol e o vento a bater nas ventas, o dia que passa entre pensamentos e nuvens. Ao longe avistam-se as cezaredas, os geradores eólicos a funcionar, serras e árvores. É possível que te distraias com uma ideia e demores a tarde toda para a encontrar novamente. No final, o céu a mudar de cor, ouvem-se já os grilos, é terminada a tarde. Olhar e ver o resultado, aquela extensão de verde foste tu, aquele produto será alimento e família mas por agora é só o teu orgulho que se sente nas costas cansadas. O trabalho pode libertar. Subir a ladeira e o carro patina na lama, só mais um esforço. Despedir-me ainda do Strike, do Banzé, do Peter e do Feeling, a que o meu pai chama Pirlim e a minha mãe chama Herança, embora nenhum destes seja o seu nome e o cão os aceite a todos, pudéssemos nós ser assim. O teu pai comenta “não tens disto lá no teu escritório, não é?”. Sorrio e digo-lhe que não, lá não há disto. Sou da terra.

Da espera

Esperas a semana toda pelo único dia em que podes ser mais tu e que anuncia o fim-de-semana. Vais talvez demasiado casual, com as botas dos chineses, descoladas, e não te importas. Esperas os meses todos pelo mês das férias, aquele em que cabemos só tu e eu e quem nós quisermos que caiba. Tristes de nós, a esperar para fazermos o que mais gostamos, usarmos o tempo com quem mais gostamos. Esperamos, esperamos. Esperamos o fim do mês. Esperamos dias melhores. Esperamos que as coisas mudem. Espero que estejas bem.

You better know what you're fighting for

Gritarei vida até que o eco te devolva vida.

When you feel so tired, but you can't sleep.

Ainda que tudo seja ilusão minha, sei que ressuscitas pelo amor.

Unfold me. Breathe me.

Quando ouvimos, exactamente ao mesmo tempo, sincronizadas no mesmo segundo, a mesma música, o mesmo batimento cardíaco.

This is the longest night

The search

Quatro pessoas sentadas no cimo de uma duna a verem dois cães a jogarem à apanhada, enquanto os surfistas vão tentando o mar.

Acordou e pensou: hoje vou fazê-la sorrir

Amo-te.

(simples assim.)

Don't become a ghost without no color I

A tristeza devia ser considerada uma doença auto-imune.

(somos fortes.)

Don't become a ghost without no colour

Sucumbes. Talvez desta vez tenhas sido engolida, talvez te tenhas embrenhado demasiado fundo nessa escuridão e acabaste por perder o caminho de volta, estás perdida. Diz o dicionário que desistir é não insistir, não querer continuar, não se pode por isso dizer que desististe, talvez não saibas apenas como insistir ou como continuar. Mas o porquê é mais importante do que o como, repara. Mas eu não sei nada, dirás. Dirás que talvez eu nunca entenda, dirás outras coisas mais e eu baixarei a cabeça em concordância, eu não sei. Mas não vou a lado nenhum.

Que sejas ainda aquela luz a romper o negrume do céu, o teu e o dos outros. Que te deslumbres com o funcionamento do corpo humano, obra-prima de alguém, e maravilhada me contes o processo de ovulação. Que te surpreendas ainda com o simples acto de respirar, o peito a subir e a descer, o tempo pausado entre cada golfada de ar, a naturalidade instintiva desse gesto. Que me fales com entusiasmo da ocitocina e que os angrybirds sejam sempre happybirds na tua boca. Que sorrias ainda daquela forma quando nos queremos e não nos contemos e que os teus olhos sejam um paraíso límpido onde encontro o meu descanso. Que as palavras, estas e outras, e a música sempre a música, sejam ainda um bálsamo que liberta. Que acredites. Que ames. Que vivas.

Direi que tenho saudades tuas e só tu conhecerás a extensão desse significado.

(alguém escreveu aquela música a pensar em ti.)

Quero que se foda o sublime

Quero que se foda o sublime. A minuciosa construção do absoluto literário. Assim sem emendas e em rigoroso vernáculo, parece-me mais exacto. Quero que se foda o sublime (desculpem-me a repetição). Prefiro portas fechadas, casas destruídas, chaves de pouco ou nenhum uso para gestos de pouca ou nenhuma glória que são o absoluto onde me posso sentar para beber mais um copo deste vinho que te pinta os lábios e te acende nos olhos esse fulgor de luz, esse pulsar de salto, onde me lanço para voltar ou não voltar, mas ter cumprido do sangue o impulso. Quero que se foda o sublime (começa a saber-me bem repeti-lo, o ritmo sincopado conjugado com a limpidez expressiva). Estou a falar contigo, a viver contigo, a morrer contigo. Estou a dizer-te ama comigo, sofre comigo, morre comigo um pouco mais devagar.

Jorge Roque, in Canção da Vida, Averno, 2012
via Bibliotecário de Babel

I will wait for you



Now I'll be bold
As well as strong
Use my head alongside my heart

Posts que confirmam que este blog é tão patético quanto qualquer outro.

O meu amaciador ejaculou (no sentido de ter deixado de o apertar e aquilo continuar a esguichar sem parar.)

Se a coerência é uma figura de estilo, o mainstream é um lugar comum.

Notas que atingiste um certo estatuto na idade quando a senhora do contrabando de perfumes te aborda na rua a perguntar se não queres levar um perfume para ti ou para o teu marido.

Say my name

Deu-se o momento altamente improvável de ter hoje encontrado daquelas pessoas que conhecemos a acreditar que nunca mais vamos ver na vida. Encarei-a certa de ser só uma parecença e, afinal, passados cinco, seis (?) anos, chama-me pelo nome como se ainda partilhássemos os mesmos apontamentos de Contabilidade Analítica. Pelo espanto e alegria que o facto dela ainda saber o meu nome me causou, mais do que pelo encontro fortuito ocorrido, confirma-se então o que tens teimado em me fazer acreditar: tenho um fetiche com o meu nome.

Eu sei que tu sabes que eu sei que tu sabes

O google acredita que lhe vou perguntar como lidar com a sogra, ou com a traição, com a separação ou com a morte, ou com a insegurança, ou com a frustração, com as birras ou com a solidão, com a adolescência, a morte de um ente querido, porventura com a inveja. As pessoas acham que o google sabe muita coisa e o próprio google, pode acontecer a todos, ficou a acreditar que também sabe.

Mas o que eu queria perguntar ao google é como é que se lida com isto. Perguntei e o google não me soube responder.

(o tempo que for preciso.)

A coerência é uma figura de estilo

És simples e complexa ao mesmo tempo mas não te consigo explicar por que digo isto. Sei-o portanto um pouco como se falasse da vida.

Paul et Emmanuelle

Chorou tanto que o acordou, mesmo que estivessem em divisões diferentes da casa. Parece que uma dor tanto atravessa paredes como outros lugares mais distantes e sem tijolo, cimento e areia que a contenha. Disse-lhe que não aguentava mais, tinha de deixá-lo. Disse-lhe que o problema não era ele mas ela, nos filmes como na vida real. Disse-lhe que não podia mais lutar contra o seu próprio corpo, que não podia continuar a aprisionar os seus impulsos mais genuínos, que era uma mulher que queria homens, tão natural como a sua própria sede. Ele calou o choro que fez seu, nada disse e, ainda com o robe vestido, chinelos de quarto, bateu a porta como quem abandona uma história, ninguém sabe o que lhe vai na cabeça, território nem dele. Caminhou, caminhou, caminhou. Subiu na direcção do rio, viu os homens que recolhiam o lixo, viu sem-abrigo dormindo, viu putas e bêbados, viu a noite e o amanhecer enquanto subia o rio. Quando chegou a casa era outro dia.

Disse-lhe que aceitava, que ela podia ir aonde quisesse, que ele aguentava, que era pior ficar sem ela. E ela sorriu, foi onde quis, fez o que quis. Mas ainda que seduzisse a todos, que ruborizasse e aceitasse todos os assédios, só ia para a cama com um. 

Dizia a moral, ao menos nas histórias e nos filmes, que a liberdade ancorou-lhe o desejo.

(foi um filme bonito, saí a sorrir.)

As formas de conhecer-te são só duas ou três; esta é a que demora mais tempo.

as formas de conhecer-te são só duas
ou três; esta é a que demora mais tempo.
a chuva parou e continuamos distraídos neste
amor de cabotagem, nunca demasiado
longe ou perto da carne e dos órgãos que uma
abóbada de ossos protege. cumprimos
a liturgia das horas, repetida sem convicção ou
eficácia, e por vezes as palavras começam
a fazer sentido, como os gestos com que
te aproximo de mim, com uma só mão
e algum sono. uma navegação lenta,
familiar e confortável, porque
essa é a melhor forma de te conhecer
os dedos e o modo como os usas
para fazer tranças às horas, como quem
tece cabelos ou desfia um rosário
sem murmúrios, apenas a técnica de rodar
terços e mistérios no fundo da mão
para entreter os pretendentes e
esperar que eu regresse das longas
viagens – dez anos de cada vez –
em que me ausento sem sair de casa.
esta tarde estive em Lisboa e trago-te maçãs
vermelhas de uma mercearia da rua dos Lusíadas,
com as quais tenciono adormecer-te (como
na história que contamos todas as noites), porque
é essa a única forma de te conhecer
os medos e interpretar os sonhos, escrever
ao teu lado, enquanto dormes, a lista
das tarefas diárias com que nos ocupamos a
matar o tempo.
Tiago Araújo

But crazy has places to hide in that are deeper than any goodbye.





Pedro Mexia, sobre O Jogo Favorito, de Cohen

For every step in any walk

Nessa semana o sol desencontrar-se-á da lua e o tempo aquietar-se-á só para que te possa amar com a vontade toda que vou guardando. Nessa semana, a vida multiplicar-se-á em sonhos e feitos, ansiosa do que ainda há e do que sempre esteve. Mostrar-me-ás todos os lugares e todas as histórias e sem dificuldade descobrirei o momento em que me colocaste nelas, a minha mão a tocar a tua. Sentirei como minha a tua luz, o teu frio e o teu calor, os passos que levas todos os dias e os caminhos que perdem a noite com o teu olhar. Armarei casa no teu coração e, ainda que sejas tu a cozinhar, cuidarei de ti pelo simples prazer que é cuidar de quem se ama, cobrir-te os desejos e destapar-te os planos à noite, cheirar-te ainda o cabelo, beijar-te ainda a boca na extensão dos beijos nossos. Nessa semana, criarei mundos e serão todos para nós, meu amor. Nessa semana o tempo, sim, será pouco, mas também eu vou amar-te tanto. Em tudo.

(quase.)

Não se ama alguém que não houve a mesma canção

Em súmula, acho que o problema da expressão poderá estar relacionado com o facto de eu adorar comédias românticas e tu não, coisas dos signos. Felizmente ouvimos a mesma canção.

(basta-me olhar-te nos olhos.)