Tu rias e caías uma e outra vez à espera de acreditares apenas no que fosse mais imediato.

Brincávamos a cair nos
braços um do outro, como faziam
as atrizes nos filmes com o Marlon
Brando, e depois suspirávamos e ríamos
sem saber que habituávamos o coração à
dor. Queríamos o amor um pelo outro
sem hesitações, como se a desgraça nos
servisse bem e, a ver filmes, achávamos que
o peito era todo em movimento e não
sabíamos que a vida podia parar um
dia. Eu ainda te disse que me doíam os
braços e que, mesmo sendo o rapaz, o
cansaço chegava e instalava-se no meu
poço de medo. Tu rias e caías uma e outra
vez à espera de acreditares apenas no que
fosse mais imediato, quando os filmes acabavam,
quando percebíamos que o mundo era
feito de distância e tanto tempo vazio, tu
ficavas muito feminina e abandonada e eu
sofria mais ainda com isso. Estavas tão
diferente de mim como se já tivesses
partido e eu fosse apenas um local esquecido
sem significado maior no teu caminho.

valter hugo mãe

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