What would we do, what would we say then?



Matt Berninger. Michael Fassbender.

Quem chorou o mar?

Não me apresses. Sei o quanto me queres fazer futuro, os dias que foram sucessão e distracção, mas não me peças mais do que ser este instante em que te escrevo. Não te saberei dar mais do que isso, mesmo que o quisesse. Não me peças coisas, por favor. Segue a vida como quem vai na corrente, sem saber porquê ou onde vamos desaguar. Não te preocupes, todos os rios correm para o mar, é-lhes natural como o sangue. Sabe que não sou mais do que uma dessas gotas de água que vêm com a chuva, uma fagulha que se solta ou um suspiro indecifrável. Não penses que sou mais do que isso e não me queiras fazer mais do que isso. Não tenho necessidade maior do que ser agora. Se eu quiser ser agora em ti, que sejas sorriso e que a eternidade seja agora.

E não me prendas também. De mim não queiras a generosidade ou o hábito cansado mas a liberdade honesta de seres vontade pouco educada e imprevisível em mim. Só te posso dar o que há de bravio e irremediável, o fogo que irrompe aflito e urgente por dentro. Como se fosses uma inevitabilidade e eu não soubesse mais nada no mundo além da tua boca. Mas prende-me os pulsos e depois prende-me entre os teus braços. Fica, até que nos tornemos canção e a noite não chegue ao fim.

Alta definição ou Esta música não me acende

Esta mania nova que os filmes de agora têm de só mostrar o título no fim.

Os livros. Eram os livros. Diziam-me coisas bonitas e eu sentia que a beleza passava a ser um direito.


Todos os dias passo à frente desta livraria. Um dia não muito distante, hei-de ter uma assim, cheia de determinação de existir.

Ah, a América

Com tanto assunto neste mundo que beneficiaria daquela mobilização (100.000 assinaturas) e aquilo com que se preocupam é em exigir a deportação do Bieber.

Isto poderia significar alguma coisa ou Não gosto de gente que não sabe agradecer.

E elas corriam desalmadas na tentativa de apanhar o autocarro - que perderam por segundos -, sem saberem que aquele autocarro ia na direcção contrária àquela que elas queriam.

Vem, não vou perguntar se não queres dizer.


Continua à venda aí à direita ou Bem me parecia que devia ter pedido só 25.

Todos os heróis são desconhecidos
 
iludimo-nos do amor para não termos de falar da vida
e esgotamo-lo em sorvos sôfregos
para que não o esgote a morte mais rápida
em despistes que se fingiriam simulacros se noutra era tardia
mas a nossa era esta
onde o amor não chegava ao nada se parecia absoluto
e a tua bondade prestável do coração desarmado e mais puro
era acto que nem a esquerda ou a direita sabiam e só nos outros
que te tocavam o cabelo sem imaginarem
porque o que se oculta é sempre maior do que o que se revela
e ninguém entenderá isto que escrevo
porque o amor era o sítio para te adormecer o medo
mas as tuas lágrimas só as secavam o fogo


- - - -  
Amo dentro de ti um milhão de perplexidades

amo dentro de ti um milhão de perplexidades
o rebento das flores na primavera, a gota claríssima da água de que és feita
amo dentro de ti uma arquitecturada conspiração desfeita
amo incógnitas e as outras convictas pessoas que levas
amo-te universos e outras secretas esferas
amo até quem ainda não és
mas que eu sei existir
amo quem te viu partir



- - - -
O rasto de uma estrela, quase gente

e por vezes a tua voz chega-me como um mistério
ou um abraço inesperado que se recebe ainda quente
a tua voz atravessa-me como um poema
e eu posso de novo ser o rasto de uma estrela, quase gente

Talvez nós próprios fôssemos outra coisa que não aquilo que nos habituáramos a pensar ser.

Talvez fôssemos ingénuos mas importávamo-nos pouco. Acreditávamos como uma fé que a nossa vida eram as nossas escolhas. Sobretudo, acreditávamos na vontade e na responsabilidade das nossas escolhas e por isso não nos furtávamos às decisões, que tanto eram peso como liberdade, das quais tanto nos podíamos orgulhar como arrepender. Estas eram as nossas e daríamos a cara por elas. Tínhamos a liberdade de escolher o que fazer com a nossa vida e isso era tudo o que podíamos querer. Levávamos o rumo do nosso destino nas mãos e não era por inércia ou reacção que seguíamos o que a vida nos colocava diante. Éramos nós quem levava o mundo à frente porque nós éramos com convicção o desejo de ser mais. Não esperávamos que a vida nos acontecesse mas fazíamos a vida acontecer. Mas não tínhamos pressa porque todos os dias eram nossos e o tempo, parecendo absoluto na cadência previsível das horas, era em nós um mistério relativo, consumível e indomável. Não éramos escravos da nossa condição, das circunstâncias, do nosso lugar nem do nosso tempo, porque podíamos reinventar tudo de todas as maneiras, acreditávamos ainda tudo nisso. E, mesmo quando o acaso fugia para becos sem saída e o mar nos tentava engolir na sua tragédia de ser sítio longe, não temíamos. Por experiência ou porque alguma vez alguém nos dissera e nunca mais esquecemos, sabíamos que existiam tantos caminhos e que a todos eles podíamos sonhar. Acordarmos cheios de sol de dar ou com o peso de nuvens todas prontas para a tragédia era, mesmo nesses momentos, uma escolha que haveríamos de tomar. Porque podíamos. Porque acreditávamos. Porque talvez até fôssemos ingénuos mas não deixaríamos de acreditar nisso.

Quero-te para sonho, não para te amar.

Por vezes não sei para que parte de ti falo, se aquela que és ou se aquela que me ficou. Na maioria delas, sou apenas eu e troço de versos do poeta sem saber se está ele mais certo do que eu.

Falar é ficar. Se falo é porque ainda não fui. Ainda aqui estou.

Depois passou a omitir pormenores, não porque fizessem a diferença mas porque, aos poucos, ia aprendendo o valor exclusivo de ser intimidade, rascunho à solta em agendas, sem outros palpites, sugestões ou pontos de vista. Não era consciência mas defesa pois, de outros tempos, conheceu o dano. Desgostava-se cada vez mais com as pessoas e, por isso, falava cada vez menos, sabendo que o que se oculta é sempre mais revelador do que o que se mostra. Um sonho partilhado não se torna mais real por ser partilhado. Bastava por isso ao sonhador a coisa sonhada e aquele silêncio imperceptível de se ser sonho no sono de alguém. 

Se eu podia estar a estudar para o IELTS? Podia mas, com tanta coisa para fazer, achei que ontem era um dia tão bom como qualquer outro para começar a aprender Norueguês.

Parece que, como em algumas outras línguas, em Norueguês, dizer "um namorado" ou "uma namorada" não tem distinção gráfica ou fonética: en kjæreste.

It's a beautiful war.



The tip of your tongue
The top of your lung

You will be aware. And you won't hurt or be afraid.

When I was 22, this Colombian girl dumped me. She was both Colombian and went to the university of Columbia. And she was beautiful and she was smart and she was related to Gabriel García Márquez. And just as fast as we fell in love, she disappeared. And I knew she had just used me. You know, she was an intellectual and I was a thug. And I just stared at the ceiling all day remembering the first time we fucked on my couch in sunnyside after a rainstorm on a Thursday. Then one day after being fucked up for months, I realized something. I didn't know her. She didn't know me. Just because I tasted her cum and spit or could tell you her middle name or knew what record she liked, that doesn't mean anything. That's not a connection. Anyone can have that. Really knowing someone is something else. It's a completely different thing. And when it happens, you won't be able to miss it. You will be aware. And you won't hurt or be afraid.

Adam, Girls, S3E1

(para memória futura, que fique escrito que as minhas personagens preferidas de Girls são o Adam e a Jessa.)

The best you ever had is just a memory and those dreams.

A esperança é usurária do futuro.

Sou fácil de definir: vi como um danado.

Se só uma vontade me sobrasse, que fosse essa essencial de saber ver. Que te consiga ver sempre além do que dizes e mostras, além paredes e mares, além do medo e além de mim. Que te consiga ver além da pele, que te consiga ver como és, que te consiga ver por dentro de quem és.

The wolf of Wall Street

Uma forte cultura organizacional resulta de uma liderança forte ou de se dar às pessoas aquilo que elas querem receber, provavelmente as duas.

Sharing different heartbeats in one night.


You have enemies? Good, that means you've stood up for something, sometime in your life III

Pedem acções mas depois acusam de demagogia quando alguém lhes apresenta alternativas. Não gosto da palavra "demagogia" e acho que é o tipo de palavra que só deve ser usada com conhecimento de causa.

You have enemies? Good, that means you've stood up for something, sometime in your life II

É impressionante verificar o número de pessoas que, por alguém não criticar com afinco o governo e/ou até concordar com as suas políticas, se apressa a julgar que se trata de alguém que nunca trabalhou na vida ou que nasceu em berço de ouro e sempre viu tudo pago pelos pais. Somos todos muito bons a achar que ninguém sabe o que é estar na nossa pele.

509: step into this room and dance for me.


Agora eu era linda outra vez e tu existias e merecíamos noite inteira um tão grande amor.

As palavras não são nada. Deviam ser eliminadas. Nada do que possamos dizer alude ao que no mundo é. Com trinta e duas letras num alfabeto não criamos mais do que objetos equivalentes entre si, todos irmanados na sua ilusão. As letras da palavra cavalo não galopam, nam as do fogo bruxuleiam. E que importa como se diz cavalo ou fogo se não se autonomizam do abecedário. Nenhuma pedra se entende por caracteres. As pedras são entidades absolutamente autónomas às expressões. As pedras recusam a linguagem. Para a linguagem as pedras reclamam o direito de não existir. Se as nomeamos não estamos senão a enganarmo-nos voluntariamente. Às pedras nunca enganaremos. Elas sabem que existem por outros motivos e talvez suspeitem que o nosso desejo de falar seja só um modo menos desenvolvido de encarar a evidência de existir.

valter hugo mãe, A Desumanização

Da vaidade ou Whatever I am, you did it.

Defendo categoricamente que o que fica é tão importante como o que foi e, de vivências várias -  incluindo humana, amorosa ou profissionalmente -, reparo que a ideia de legado é-me não só motivação como necessidade. Daqui, consigo notar como saliente tudo o que outros acrescentaram em mim mas, pelo meu lado, reconheço que é das coisas que mais temo, o acrescentar pouco ou nada a quem mais estimo. Não foi afinal, como antes se escreveu, uma simbiose mas inquilinismo.

1.1. Rationality is logical coherence – reasonable or not.

Inteligência e racionalidade, sendo parecidas, são coisas diferentes. A mesma coisa para a racionalidade e razoabilidade. A tua coerência lógica haveria por isso de merecer sempre a minha atenção e admiração mais sincera - és, sem dificuldade, a pessoa que mais respeito intelectualmente - mas nem sempre a minha concordância. Nem tudo são estatísticas e já se viu que, estando as filosofias cheias de lógica, de pouco servem ao homem senão para o distrair com problemas novos ou com os outros, eternos. Há, sim, toda a validade no que apontas - nem seria da tua natureza que fosse de outra maneira - mas, mesmo não contando com isso, não consigo furtar-me a uma ideia hipotética de nós como antes, coisas que não são daqui. Que te apelidassem de preconceituosa pela tua posição, seria só o gesto natural de quem não te conheça e que não saiba que és exímia a separar a questão da natureza da natureza da questão, a encontrar as incoerências e o espaço inócuo das falácias e pressupostos. Assim exposto, não te dou argumentos porque um argumento é outra coisa e a minha posição vem-me do meu interesse mais do que do meu conhecimento. A lógica disto, a única e possível, é que nos consigamos entender nas nossas diferenças e apesar delas. Para o resto, haveria coisas para as quais a lógica seria pouca senão insuficiente, a tua presença tão vincada e insistente dentro de mim, por exemplo. Vem agora e refuta-me, como se eu estivesse a pedir.

Coisas deste lado da província ou Já estou melhor, obrigada.

1) Chamam tea break ao coffee break.
2) Oxford deve ser uma terra de escritores pois os Moleskines da papelaria da rua principal têm o aviso de estarem protegidos com alarme.
3) Comprei finalmente um chapéu-de-chuva e, pelas 17 libras que custou, é bom que dure até à próxima geração.

You have enemies? Good, that means you've stood up for something, sometime in your life I

What is a four-letter slang word that finishes the sentence “Do you wanna ___?"



It's a lonely night and everybody's happy.

Talk dirty to me.

Que o senhor do refeitório diga sempre "here it comes, here it comes" com tal entusiasmo enquanto aguardamos, ele e eu, o recibo do pagamento por cartão e que eu tenha de fazer um esforço grande para conter o riso, não sei se diz mais dele ou de mim.

Ainda não sei se isto é um bom sinal

Falando do meu nível de Inglês eis que, na minha segunda semana, ela resolve dizer-me que também estão disponíveis oportunidades internacionais, para o Brasil e outros na América do Sul.

Sou de business ou Naturalmente que me tinha de sair o elo mais fraco.

Seguidores fortes não fazem um líder forte mas um líder forte faz seguidores fortes.

Não, nunca fiz nada disto.

Digo-lhes que não, é tudo novo para mim, e respondem que então os enganei muito bem, o que me deixa particularmente satisfeita. A habilidade de ser credível na farsa deveria ser tão valorizada quanto a de ser genuinamente credível.

Humildade ou Também já me chamaram prepotente

A sério que às vezes não entendo se sou eu que realmente sou muita boa ou se são os outros que realmente são muito burros.

You have enemies? Good, that means you've stood up for something, sometime in your life.

Estimados,

Cortes não têm de ser necessariamente maus e, para se poder mudar a sério são, muitas vezes, necessários. Que cortem nas bolsas de doutoramento e pós-doutoramentos, não vejo como vem daí mal ao mundo, já devia ter sido antes. Mais, que se deixe de investir em cursos que não se enquadram com as necessidades do mercado, já devia ter sido antes, chama-se lei da procura e da oferta. Não é a primeira e não será a última vez que há quem procure e não encontre o que precisa, estamos desajustados. Querem seguir o vosso sonho?, força nisso, mas estejam preparados para as consequências. Queixam-se que não há emprego?, saiam do vosso cantinho e olhem melhor, não esperem que caia do céu. Queixam-se que trabalham muito?, lembrem-se que, como muita coisa, é uma escolha. Despedimentos na função pública? Acho muito bem, separe-se o trigo do joio, priviegie-se a meritocracia e não a progressão por anos de casa. De resto, já há muito se confirmou que a gestão privada tende a funcionar melhor do que a pública e, que se diga que os gestores ganham muito, é verdade mas, o que querem, a empresa é deles. Era privatizar o que houvesse a privatizar, com os devidos cuidados nas áreas ditas sociais e sob a supervisão de entidades reguladoras credíveis e talvez muita coisa mudasse. Querem as férias em estâncias de esqui no inverno e destinos tropicais no verão?, façam menos greves e trabalhem para isso. Ponham os olhos nos bons para serem como eles, o Champallimaud, o Belmiro, o Zeinal, esses que são todos uns capitalistas e uns ladrões e está bom é para eles e só sabem explorar o coitadinho do povo. Uma desgraça que se calhar eu pertença a uma classe que se poderia dizer média e que o orgulho que tenho no carro que os meus pais conduzem seja o mesmo que tenho nos calos das mãos do meu pai e no bronze que a minha mãe ganha no verão, quando toda a gente pensa que foi de férias. Uma desgraça que eu não tenha sido educada como uma coitadinha. Uma desgraça que a má da troika tenho vindo agora lixar-nos a todos. Somos todos uma cambada de queixinhas, citando o outro. Escutem uma coisa muito simples: o mundo não vos deve nada.

Não consegui ler o artigo todo do Camilo Lourenço mas tendo a concordar com a maioria do que diz. Isto vale tanto como saberem que estou a cozer bróculos, portanto, também adianto que sou contra o referendo da co-adopção mas a favor da mesma. Também sou contra o acordo ortográfico mas isso já devem ter percebido. Pronto, é isto. Felizmente, nem tenho visto televisão.

I find it harder to ignore the things I want you for.


A substituta ou I live for the applause.

Ser bom já nem é a habilidade de ir substituir uma star-performer. Ser bom é ir substituir duas.

Sou de business: chegou e já quer revolucionar o mundo.

Têm todas o mesmo tipo de problemas, as mesmas dificuldades, as mesmas personagens-tipo. Quando lhe oferecem o mesmo tipo de soluções, acreditam sempre que na deles não funciona porque a deles é particular, diferente.

Alta definição: esta música não me acende ou How to lose friends and alienate people.

Pessoas que acham que estão a ser muito solícitas e prestáveis e a única coisa que estão realmente a fazer é a ser chatas e incómodas.

Is this the place we used to love, is this the place that i've been dreaming of?


A story is about significant events and memorable moments not about time passing (the ending often defines its character).

Antes de partir, perguntou-me se eu levava tudo o que era importante e eu apertei com mais força aquelas conchas que tinham restado dentro da mão como quem respondia.

40: o longo cabelo dela.

Não nutro amizade pela palavra "sacrifício" mas aprecio com especial carinho o verbo "dar". Que me tenha contado que o Cristianinho dela não tenha tatuagens para poder dar sangue e que ele tenha sido hoje condecorado pelo presidente são situações isoladas, é verdade, mas que despertaram a mesma emoção que foi saber do cabelo dela, tão longo, e que a fez a meus olhos mais bonita. 

(li ou foi contigo que falava de como o conhecimento de um facto adicional, à posteriori, pode ser suficiente para criar rectroactivos na imagem que se tem de alguém?)

Provavelmente será isto o mais perto que alguma vez estarei da Universidade de Oxford.

Pois, não há metro, os autocarros não passam de minuto a minuto e não anunciam o nome da próxima estação, e havê-los depois das 23h já é uma sorte, é uma paz de alma que chateia mas há aspectos muito positivos e que se começam a pronunciar: gosto de ir ao centro e sei exactamente onde é o centro; existem casas que se inclinam para a rua como se fossem cair e tubarões que caem do céu para cima de telhados; o Starbucks tem um piso amplo como em Belém e junto à mesa do canto descobri hoje que alguém escreveu um verso de Bukowski no parapeito da janela, minha perfeita serendipity; as pessoas são todas mais simpáticas e mais bonitas; acredita-se que está aqui reunido todo um futuro promissor ou, pelo menos, quem esteja disposto a pagar pela ambição de estar aqui; as ruas estão cheias de estudantes e de bicicletas, incluindo mulheres bonitas de bicicletas bonitas; e depois há colegiais, algumas tão lolitas nas suas saias curtas, que depois já nem sei se é realidade ou fantasia minha. Ah, e os colégios e a história e isso. Até estou a gostar, vá.

Coisas daqui: a luz que faz o tempo.

5h da tarde e já estão a desejar "boa noite".

So if my words break through the wall to meet you at your door.

Métadine: infinito, como os números.

Can't you realise?, she asked.

Dizia que invejava a minha liberdade e perguntou-me mesmo se eu não me apercebia do quão livre era. Sou capaz de ter sorrido a pensar noutras palavras parecidas e tão inesperadas quanto estas. Para ela, a minha liberdade era a rapidez das minhas decisões, aquilo que era também o defeito e a virtude da minha impulsividade, o não pensar demasiado no que me é prioridade como necessidade. A liberdade dela não era porém a minha liberdade, pois que cada um vive sobre os conceitos que conhece.

Do referendo: to know her is to love her.

Quando o Isaltino Morais foi parar à prisão, a filha haveria de defender fervorosamente o pai perante as câmeras de televisão e o teu, sabendo dos temas que sempre vos afastaram - trabalho, pretos e paneleiros, direitos e deveres humanos e fiscais - haveria de te provocar perguntando se tu terias a mesma reacção, mesmo sabendo de antemão que não. Durante muito tempo haveria de ser essa a piada da família nos almoços seguintes, somente o tempo suficiente que dura qualquer escândalo nos telejornais. Depois, poderia ainda fazer-se notar o facto de tu não entenderes o papel do subsídio de férias e de natal, de achares que é sempre preferível contar a verdade e respeitar com obediência cega a vontade de quem é autoridade. Mesmo a história do teu pai a roubar papo-secos durante a madrugada em Coimbra e o juiz a dar-lhe razão contra todos pouco mudaria essa perspectiva, apesar de ter mudado seguramente a imagem que tinhas do teu pai, homem determinado nas acções mesmo que fraco nos argumentos como tu. Agora, estacionas no largo desobedecendo ao sinal, questionas a integridade de quem te interpela, ignoras recibos e recebimentos. Todas estas histórias que só encontram sentido e enquadramento na tua memória para atestar que talvez o tempo, que as pessoas tendem erroneamente a querer confundir com maturidade, tenha tornado branda a tua postura, mais incrédula a tua ética, menos firme a segurança do teu pensar, tão propício agora à periferia de outras experiências além da tua. Não que não saibas já distinguir o certo do errado ou o preto do branco mas, como ela russa da boca perfeita lhe dizia a ele americano dedicado, para nós foi sempre tudo cinzento.

Que chegasses tu tão consciente dos teus princípios, lógicas e regras e disposta a mudar o curso da vida por não desistires das tuas batalhas, com a capacidade de distinguir a natureza da questão da questão da natureza, haveria de ser sempre por isso algo extraordinariamente novo, senão desconcertante e assim assustador. E já se sabe que o que nos assusta é tantas vezes o que nos fascina. Nunca ninguém falou assim. Que tu conseguisses separar cada uma das cores do arco-íris e a clara da gema sem derramar uma hesitação, distinguir a verdade da tua verdade e o que é o interesse geral do interesse particular, seria por isso atingir a mestria da racionalidade que tanto ambicionas, pese embora as vantagens e desvantagens disso. Adianta pouco ter um coração racional se te satisfazer somente a mente. O que de mais puro tens em ti é um animal instintivo, recorda. 

Pensar-te geral elevava-te então no mesmo sentido com que evitava pensar-te particular, só para não cair na tentação de ouvir uma conclusão que não chegasses a dizer. E, todavia, seria também essa uma razão, já não sei se maior ou menor, para que fosses tu e querer que os meus me viessem de ti, aquela coisa mais fixe de se ouvir de alguém.

Do referendo: disciplina de voto ou Princípios

Tal como a fé é diferente da religião, a democracia é diferente da política. Conseguir perceber a diferença entre uma e outra é ter a capacidade de suportar as consequências de consciência tranquila.

Do referendo

Mas isto não estava já decidido?

Dreams are just dreams. Words are just words.



It can't be real.

Because if you don´t, leave her be. And if you do, leave her be.

Poucas coisas fazem tanto dano numa relação como a ideia da posse.

So you know.

O pescoço está reservado à felicidade.

Corrigiu o meu "tava" para "estava": o dia estava estranho.

Sou a especialista, a esforçada, a competente, a dedicada, a de que se espera o melhor. Consequentemente, admiro quem é fraquinha, se faz de fraquinha, de quem pouco se espera. Há menos folga para a desilusão.

Tenho muito interesse nestes temas, disse o desconhecido.

Para me falar de sexo, deu-me um livro. Para lhe falar de mim, dou-lhe o livro. Lemo(-no)s cada vez mais.

Cause your breasts are soft and warm, it feels like being born (my heart is a trigger).


Até ao céu de todas as ruas (infinitos).

Ela dizia que gostar de alguém era respeitar a liberdade dessa pessoa para fazer o que quisesse com a sua vida. Dizia que o seu maior medo era o medo de não amar o suficiente. Repare-se que o que ela disse não foi um medo de não mostrar suficiente, mas sim o medo de não amar o suficiente. Ainda assim, achei que deve ser esse dos medos mais bonitos que uma pessoa pode ter. Talvez também o mais sufocante.

Basta por esta noche cierro la puerta me pongo el saco guardo los papelitos donde no hago sino hablar de ti mentir sobre tu paradero cuerpo que me has de temblar.

"Concordar" como quem une corações, "discordar" como quem se afasta do coração do outro, "saber de cor" como quem sabe de coração, encontrar a sede da "coragem" no coração, "recordar" como quem regressa ou traz de novo ao coração. Gosto tanto de aprender estas coisas da etimologia que um dia destes ainda penso em dedicar-me ao Latim.

Seduce my mind and you can have my body

(...) there are known knowns; there are things we know that we know. There are known unknowns; that is to say, there are things that we now know we don't know.  But there are also unknown unknowns – there are things we do not know we don't know." (D. Rumsfeld)

Sendo imprevísivel, quando chega, muda tudo. Mudando tudo, pode-se olhar para trás e parecerá previsível, quase inevitável. Assim tu, cisne negro, o desconhecido desconhecido.

It's sometimes better to open a beer instead of your heart.

Definições claras podem conduzir a compartimentos fáceis. Contudo, todos nos queremos acreditar indefinidos, se possível indecifráveis, e vamos alimentando a ilusão de que a nós ninguém nos arruma. Eu seria, como no poema, a cadeira e duas maçãs, ambicionando uma indefinição só minha, que não se soma, não se entende, nem se diz. Não caiba eu em lado nenhum para poder encher todo o espaço sem regressar àquela inquietação de ser um sítio arrumado em ti, escuro e longe, como um exílio. Vem e dessarruma-me.

O meu admirável mundo novo: the lucky one

Recebo tantos parabéns e votos de sucesso que me pergunto se terá sido uma conquista assim tão grande eu ter entrado ou se foi a surpresa assim tão grande de eu ter saído.

O meu admirável mundo novo: dia 3

No nosso primeiro almoço de equipa falaram de tudo: falaram de programas de televisão que não conheço, comediantes que não conheço, pessoas que não conheço, o novo hotel que não conheço e que abriu nesta cidade que não conheço. Depois mudaram de assunto para falar de viagens e falaram de cidades que não conheço. Preciso, efectivamente, que alguém me leve a Itália.

And I guess it's just as well but I miss your face like hell.


Do altamente provável: não é nada de pessoal, garanto-te.

Esquece o melhor que puderes.
Há drogas e cinemas (por
enquanto). Não vais ser tu a aprisionar
os gestos felizes ou sem rumo
de que ainda sou capaz.
Não é nada de pessoal, garanto-te.

Bebi sempre de mais, acordo
tarde e as crianças estão longe de ser
o meu animal doméstico preferido.
Detesto horários, famílias e obrigações.
Até a partilha dos lençóis,
quando não é o amor a rasgá-los.

Os dias, porém, depressa
nos obrigam ao esterco das rotinas,
ao desejo inútil de procurar
a morte noutros braços.

Mas não. Não vou mudar de marca
de cigarros nem de pasta
dentífrica. Acordo logo que puder,
já sabes. Telefono-te rouco,
eventualmente triste, a precisar
de alguma liberdade para poder provar,
sozinho, que a liberdade não existe
mas dá bastante jeito.

E no entanto, depois disto tudo,
é altamente provável que eu te queira
amar. Como não sei melhor, como sei.


Manuel de Freitas

Gosto muito de aeroportos.

Era assim que estava escrito: os aeroportos vêem mais beijos sinceros do que altares de casamento. As paredes de hospitais já ouviram mais preces do que as paredes de igrejas.

We could drink hot cocoa and make love on a bearskin rug (make me happy. i know it's not real).

E ela pedia-lhe que ele respondesse que sim, só por aquela noite, só por aquela vez, só para a fazer feliz. Não importava que fosse mentira porque ela sabia que não era real. Ela preferia a mentira sem fazer ideia que ele já lhe mentia desde o início.

Motherland: de certeza que é uma conspiração

Informados como são, naturalmente que faz todo o sentido que o blog tenha recebido visitas da Rússia. Medo.

O ar é de todos: locals only.

Não queriam ser confundidos, era preciso deixar clara a exclusividade, fazer um grupo fechado só para locais. Depois vai-se a ver e nem quem gere o grupo é local. Ainda assim, sabem como esteve hoje o mar. Eu não.

(vejo aquelas imagens e tenho saudades do Largo.
já te podes arrepender de me ter adicionado ao grupo.)

A vida dos outros: Hollande

Os políticos têm direito a uma vida tão privada como têm os futebolistas, as estrelas de cinema e os da Casa dos Segredos.

Mais coisas que guardo para um dia dizer a alguém (nadie).

E eu quero brincar às escondidas contigo e dar-te as minhas roupas e dizer que gosto dos teus sapatos e sentar-me nos degraus enquanto tu tomas banho e massajar o teu pescoço e beijar-te os pés e segurar na tua mão e ir comer uma refeição e não me importar se tu comes a minha comida e encontrar-me contigo no Rudy e falar sobre o dia e passar à máquina as tuas cartas e carregar as tuas caixas e rir da tua paranóia e dar-te cassetes que tu não ouves e ver filmes óptimos ver filmes horríveis e queixar-me da rádio e tirar-te fotografias a dormir e levantar-me para te ir buscar café e brioches e folhados e ir ao Florent beber café à meia-noite e tu a roubares-me os cigarros e a nunca conseguir achar sequer um fósforo e falar-te sobre o programa da televisão que vi na noite anterior e levar-te ao oftalmologista e não rir das tuas piadas e querer-te de manhã mas deixar-te dormir um bocado e beijar-te as costas e tocar na tua pele e dizer quanto gosto do teu cabelo dos teus olhos dos teus lábios do teu pescoço dos teus peitos do teu rabo do teu
e sentar-me nos degraus a fumar até o teu vizinho chegar a casa e se sentar nos degraus a fumar até tu chegares a casa e preocupar-me quando estás atrasada e ficar surpreendido quando chegas cedo e dar-te girassóis e ir à tua festa e dançar até ficar todo negro e pedir desculpa quando estou errado e ficar feliz quando me desculpas e olhar para as tuas fotografias e desejar ter-te conhecido desde sempre e ouvir a tua voz no meu ouvido e sentir a tua pele na minha pele e ficar assustado quando estás zangada e um dos teus olhos vermelho e o outro azul e o teu cabelo para a esquerda e o teu rosto para oriente e dizer-te que és lindíssima e abraçar-te quando estás ansiosa e amparar-te quando estás magoada e querer-te quando te cheiro e ofender-te quando te toco e choramingar quando estou ao pé de ti e choramingar quando não estou e babar-me para o teu peito e cobrir-te à noite e ficar frio quando me tiras o cobertor e quente quando não o fazes e derreter-me quando sorris e desintegrar-me quando te ris e não compreender porque é que pensas que eu te estou a deixar quando eu não te estou a deixar e pensar como é que tu podes achar que eu alguma vez te podia deixar e pensar em quem tu és mas aceitar-te na mesma e contar-te sobre o rapaz da floresta encantada de árvores anjo que voou por cima do oceano porque te amava e escrever-te poemas e pensar porque é que tu não acreditas em mim e ter um sentimento tão profundo que para ele não existem palavras e querer comprar-te um gatinho do qual teria ciúmes porque teria mais atenção que eu e atrasar-te na cama quando tens de ir e chorar como um bebé quando finalmente vais e ver-me livre das baratas e comprar-te prendas que tu não queres e levá-las de volta outra vez e pedir-te em casamento e tu dizeres não outra vez mas eu continuar a pedir-te porque embora tu penses que eu não estou a falar a sério eu estou mesmo a falar a sério desde a primeira vez que te pedi e vaguear pela cidade pensando que ela está vazia sem ti e querer aquilo que queres e achar que me estou a perder mas saber que estou seguro contigo e contar-te o pior que há em mim e tentar dar-te o meu melhor porque não mereces menos e responder às tuas perguntas quando deveria não o fazer e dizer-te a verdade quando na verdade não o quero e tentar ser honesto porque sei que preferes assim e pensar que acabou tudo mas ficar agarrado a apenas mais dez minutos antes de me atirares para fora da tua vida e esquecer-me de quem eu sou e tentar chegar mais perto de ti porque é maravilhoso aprender a conhecer-te e vale bem o esforço e falar mau alemão contigo e pior ainda em hebreu e fazer amor contigo às três da manhã e de alguma maneira de alguma maneira de alguma maneira transmitir algum do / esmagador, imortal, irresistível, incondicional, abrangente, preenchedor, desafiante, contínuo e infindável amor que tenho por ti. 

Falta, Sarah Kane, Teatro Completo, tradução de Pedro Marques
copiado da Menina Limão

Those will be the days that won my soul.




When I’m older, when I’m gray and when I’ll stop working
I hope that I can say
When all my days are done
We were just having fun.

O agoiro de uma fantástica vinda.

O momento em que te vejo nunca é o mesmo em que te encontro. De todos, talvez seja este o único óbvio. Havia de tudo dentro dos teus olhos, até as respostas a perguntas que não ousei fazer.

I imagine you are home, in your room, all alone.

Não queiras repetir os sonhos para não os maculares com a realidade.

Oxford: o meu admirável mundo novo.

A cafetaria e a biblioteca fecham às 17h. Os computadores desligam-se automaticamente às 18h. Pedem-me que escolha se quero entrar às 8h ou às 9h, sair às 16h ou às 17h. Deve ser (também) isto o que chamam de work-life balance.

O cemitério está cheio de pessoas indispensáveis, disse ele.

Ela, que nem sequer conheci, disse que, mesmo não me conhecendo, tinha sido uma enorme surpresa. Ele, que só me conhece daqui, ligou-me só para dizer que recebeu a notícia com choque mas que me deseja a melhor sorte. Às vezes a sério que gostava de perceber esta imagem que fazem de mim.

It's the story of how George Clooney would rather float away in space and die than spend any more time with a woman his own age.

Os Globos de Ouro, tal como os Óscares, é o momento que todos esperam para gozarem e falarem mal uns dos outros sem se preocuparem com o politicamente correcto. A Tina Fey é a maior.

Thinking, fast and slow: não conhecer melhor.

Repara que o mesmo som pode ser experienciado como muito alto ou muito baixo consoante tenha sido precedido de um sussurro ou de um rugido. A percepção vem então da comparação e o progresso mais da mudança do que da estabilidade. Ter um histórico é ter a possibilidade de distinção, possuir o conhecimento de causa e assim poder conhecer melhor.

Thinking, fast and slow: Vem sentar-te comigo, Lídia.

A reacção emocional é sempre mais forte face a um resultado que advenha da acção do que aquele que advenha da inacção. Repara que isto tanto dá para o arrependimento como para a realização. A perspectiva que utilizes, isso já é contigo.

This is the last time you tell me I've got it wrong (no reasons why).


I've got an atlas in my hands.

Talvez fosse isso o que a fascinasse mais, como um ímpeto ou um incentivo: aquela possibilidade de infinito. Acordar aqui e adormecer acolá, ser sempre uma estrangeira e estar sempre em casa, deixar uma história em cada porto, arriscar o desejo acima de todas as coisas, ser tudo relativo, tudo tanto, tudo possível. Era provavelmente isso o que pensava quando chegou naquela manhã de céu cinzento, quase sempre assim, e ficou entorpecida a olhar o London Eye. A vida era aquela roda gigante ali na sua frente, tombôla de sonhos. A vida era isto, o inesperado que tomba para o lado incerto, uns mais direitos que outros, a possibilidade nova que vem com a madrugada todas as noites. Nunca foi a decisão, sempre a possibilidade. E a roda gira, mesmo enquanto ela dorme.

Da teoria da utilidade: faz-me rir e eu prometo que não te faço chorar.

Nature has placed mankind under the governance of two sovereign masters, pain and pleasure. It is for them alone to point out what we ought to do, as well as to determine what we shall do.

Jeremy Bentham, An Introduction to the Principles of Morals and Legislation

(É simples: procurar o prazer, evitar a dor. Depois é os nomes que lhe quiserem dar, vida, felicidade, saúde, amor, sexo, coisas.)

I would shave my legs for you.

Diz que somos sempre dois: alguém que experimenta e alguém que lembra. Que sejam os dois coincidentes é a utopia mais perfeita pois, se a vivência é essencial à memória, nem sempre a memória é clara ou mesmo certa. Negligencia a duração da experiência e exponencia o sentimento do fim, é selectiva, protectora, distorce a seu belo prazer. Não é a primeira impressão, é a última a que conta. E, porém, é esta tironia da memória que nos conduz as decisões, pobres joguetes. Se puderes, não trabalhes por isso o teu futuro para provar a melhores experiências mas para aprenderes a guardar melhor as memórias, o sorriso que se sente por debaixo do beijo.

BSB: quando o meu preferido era o Kevin.

Ouvi falar do filme, vi as estátuas de cera, desconfiei da histeria e por consequência do bom gosto e, afinal, gosto pelo menos de uma música dos One Direction. Não negues à partida uma ciência que desconheces, têm razão.

Seduce my mind and you can have my body (depois fico a pensar nestas coisas).

Uma relação falhada não é a que acaba ou mesmo a que acaba mal mas a que foi má.

Não gastes palavras p'ra viver (já está na hora).


I will remember your face 'cause I am still in love with that place but when the stars are the only things we share will you be there?

Somos aquela conversa ininterrupta, mesmo com os mares e as terras, a temperatura do céu e a outra mais quente, a do corpo, os dias e as histórias que são intervalos ao futuro ou atalhos para o passado. Ficar é outra coisa, o invísivel que se suspende mas que perdura de puro atravessando a noite, o que é conhecido da pele, viciante à boca, o mais próximo do peito que se poderia ser. Ficar seria a beleza mais evidente do gesto, o que se demora e se aquieta no toque, encontrar de novo aquela limpidez que tanto poderia ser dos olhos como do sorriso. Isto é de quem fica. Porque quando eles dizem que o assunto acabou aqui, viria ela a esclarecer que não, o assunto nunca acaba.

Slippery when wet.

Decora isto: intimidade é diferente de sexo.

I'm so surprised you want to dance with me now.


Ainda bem que sempre existe outro dia. E outros sonhos. E outros risos. E outras pessoas. E outras coisas.

Dizia que se tivesse dinheiro ia por aí já amanhã de mochila às costas a desbravar mundo sem perceber que era o dinheiro que a ancorava, hoje.

Uma espécie de despedida.

Ele - You don't want the mango lassi today?
Eu - No, not today.

A route 36

Falam alto em locais públicos mas, em compensação, agradecem ao motorista do autocarro no final da viagem.

Ah, o meu País.

O filme Português com a avaliação mais alta no IMDb é o Balas e Bolinhos.


Tira bilhete ou Há quem diga que sou insensível.

Sempre que oiço "don't cha" haverei de lembrar-me de ti sem conseguir evitar um riso prazeroso.

Do uso adequado da pontuação: reticências e pontos de interrogação.

A sério que o Masters of Sex acaba assim??

Hello sunshine.



Show me a happy place.

There was nowhere to go but everywhere.

Vou adiando até ao limite todas as despedidas com medo de nunca mais sentir a mesma coisa. No café, ao final da tarde, continuam as mesmas pessoas de sempre, apesar de há quase um mês não aqui ter vindo: o homem magrinho de barba rala que escolhe sempre um dos sofás e fica até ao fim com o portátil no colo e os fones nos ouvidos; o preto divorciado, com o tom de voz monocórdico, e que tem o café como ponto de troca - é aqui que ele devolve o filho à ex-mulher, uma gordinha de óculos que o trocou por alguém mais enérgico ou mesmo por uma mulher, ou que o recebe por algumas horas até ao encontro seguinte; por vezes, o miúdo chora; a loira que acabou agora mesmo de chegar e que, poderia jurar, já vi na televisão embora não saiba onde, muito magrinha e sempre de roupas muito justas ou muito excêntricas, a pintura exagerada, os brincos enormes, o british accent como das séries; vem sempre com a mãe e com o namorado, sempre os três, e sempre ao final da tarde; e há o cowboy, com cara de cowboy, barba de cowbow, chapéu de cowboy, lenço de cowboy e botas de cowboy, a postura firme, o aspecto másculo, às vezes vem com o namorado. Encontramo-nos todos aqui mas acredito que eles prefiram o empregado árabe à empregada espanhola. Lá fora, a pedinte da big issue no seu colete vermelho, que cumprimento sempre e que me devolve sempre o sorriso nos seus dentes de ouro. Ao lado a montra da livraria, sempre tão bonita, dedicada a um tema ou a uma cor, sempre tão bonita. A minha rua ladeada de árvores onde os pássaros amanhecem mais cedo, ansiosos de luz. A minha rua é a mais fixe de todas. E até mesmo o metro e toda a gente a cantar em coro o "i just call to say i love you" no autocarro de madrugada. Até mesmo o centro cheio de turistas e a rapidez dos dias ou demorar 1h para ir a seguir jantar ao outro lado. Casa são estas pessoas desconhecidas com que me vou cruzando todos os dias e sei que vou ter saudades disto.

Remember my name, you'll be screaming it later ou Não podia ser de outra maneira.

Contigo demorei-me demais. Hoje apareces e nada se agita em mim ao ponto de ser-me cada vez mais evidente que não haveria futuro para nós, certezas que só o tempo esclarece. Deveria ter sabido melhor, já que sempre me irritaram pessoas que abusam dos pontos de interrogação em questões que nada têm de supreendente, como se só um não fosse suficiente para chegar ao propósito. O facto de ser o mesmo tipo de pessoas que devolvem um  seco "como queiras" quando não gostam da resposta é só mais uma acha. Olhando em retrospectiva, diríamos que o feitiço se virou ao feiticeiro ou que o que vem também volta, o que se dá é aquilo que se recebe. Foste e és ainda tu o mais enganado. 

(2014 está a começar inesperado, estamos cá para ver.)

Who would have known how bitter-sweet this would taste.


Wings to fly, roots to come back and reasons to stay.

Há coisas que não são de dizer em voz alta. Por vezes, nem em voz baixa. Há outras que nem sequer são de escrever, dão-se melhor com o silêncio, fazem mais sentido ocultas ou dentro da cabeça sem o perigo de se tornarem eco. Cá dentro é sempre tudo maior. Há estas que só são de fazer e que só são deste momento, não adianta dizer, não vale a pena escrever e muito menos pensar. São coisas de se fazer e esta era delas, o que te faço agora. Sei que não sou eu: nunca parti. Está tudo bem. A porta está destrancada, a luz acesa.

¿Se pueden inventar verbos? Quiero decirte uno: yo te cielo.

Há o teu rosto fotografado em um bom par de fotografias pelo mundo, não sei se sabes. Pode muito bem ser que te encontrem hoje no meio do deserto ou na China, podem ser as fotografias destas férias ou alguém que recorda com tristeza um tempo que não volta. De facto, alguém pode estar a chorar sobre o teu rosto fotografado, dê-se o caso de algures no mundo ela olhar aquela fotografia que tinham tirado os dois quando tudo era ainda perfeito e sem a outra, o london eye ao fundo, alguém ali no meio a seres tu. Estranhos levam-te para casa sem o teu consentimento, tantas vezes. Talvez tu estivesses com cara de parva a ouvir o músico de rua naquele momento ou absorta a olhar o rio enquanto pensas nela ou no que vais fazer para o jantar. Podes estar melhor vestida ou ignorante disso tudo. E alguém te leva. Assim, de rompante. E depois já não és tu e és tão somente uma sombra numa fotografia, alguém que passava, sem história e sem planos, quem ficou. Somos memórias uns dos outros. E, com sorte, alguém te vê.

Poderia jurar que aqui as aves acordam-se mais cedo.

A maior felicidade vem pelos outros. A minha excentricidade é feita de sonhos alheios.

As pessoas que eu mais admiro são aquelas que nunca se acabam.

Felizes aqueles que vivem de princípios pois deles será o engano menor.

Da revisitação de Detachment

Somos todos iguais, em qualquer lado do mundo, em qualquer tempo. Chamamos vida, felicidade, sorte, amor e procuramos todos a mesma coisa. Chamamos morte, tristeza, vazio, medo, e fugimos todos do mesmo. Estamos todos partidos, fodidos. Cada um carrega os seus demónios, as suas falhas, e as suas alegrias, as histórias que não tornam a repetir-se. Há cegos de ver e mancos de gestos, há para todos os feitios e para todos os gostos, sempre mais do que consigamos imaginar. Mas o abraço é o mesmo, o sal é o mesmo, é o mesmo céu que nos abriga. Somos iguais, sobrevivemos.

Tacenda

Depois fingi que não ouvi, estaria distraída. É preciso que venha o tempo dos esclarecimentos que tudo acalma. Falaremos no mesmo tom de voz e nenhuma palavra será livre, olhar-te-ei nos olhos para que me possas enganar só mais uma vez com o mesmo descaramento de antes. Quem não sabe não consegue ver, é tão simples e tu sabias. Foi só agora que aprendi o respeito mas tu sabias. Não direi nada porque nada mais será igual, como uma forma que não pode voltar atrás no seu estado primeiro.  Toda a admissibilidade dos nossos dias será um engano, porque por vezes o presente consegue alterar não apenas o futuro mas todo o passado. Tudo será normal e, porém, nada.

37/50: Quem é o gostosão daqui?

Soube-me melhor estes 37/50 sem estudar do que se tivesse feito 50/50 com estudo. É mais válido este do que os outros coleccionáveis todos. Além disso, deu um número bonito.

Alta definição ou Esta música não me acende: versão TV

Não gosto da Cristina Ferreira, embora acredite que foi das melhores apostas da TVI. Gosto do Manuel Luís Goucha a maior parte das vezes. Não gosto da voz da Júlia Pinheiro. Deixei de gostar da Fátima Lopes a primeira vez que a vi ao vivo na Feira do Livro e ainda mais quando deixou a SIC. Já gostei muito da Iva Domingos. Gosto muito da Diana Chaves. Não gosto da Rita Pereira mas que ela sabe dançar, sabe. Gosto muito da Clara de Sousa. Gosto muito do Rodrigo Guedes de Carvalho. Não gosto do José Rodrigues dos Santos.

Ah, o meu País.

Pessoas que fizeram mais receberam menos. Parece que só o futebol faz alguém imortal em Portugal. E até a aplicação do Quem quer ser Milionário atesta dessas coisas, perguntando em que ano foi o Europeu em Portugal sem esclarecer sobre o Europeu de quê.
 
(a minha avó diz que não conhecia pessoalmente o Isébio. a minha mãe diz que, estivesse bom tempo, e se calhar a minha avó até teria ido ao funeral.)

Someone is making up nasty rumors about you!

Enviaram-me uma mensagem com o título acima. Só pode estar assim explicado o porquê de eu não ter ficado com a casa que queria. Seguramente que foi isso. Sendo spam, seguramente que quem enviou a mensagem não sabe que me estou a cagar para isso.

Everybody lives for love.


Agora, eu sei: do amor me interessa apenas o não-saber.

Não interessa o que fazes ou que curso tiraste, importa quem és, qual o teu poema preferido. Assim me redimo.

You tap, I kick.

Dizia-lhe que o seu prémio de consolação, ele que a perdera para aquele, era que aquele não a tinha conhecido antes e ele sim, quando ela era diferente, ainda mais livre e ainda menos magoada pela vida, imbatíveis os dois num ritmo acelerado que era só o deles. Ele tinha o passado dela e isso aquele não lho podia roubar.

Se eu pudesse, gostava de ser um rascunho teu, que nunca publicasses.

Não perguntas, ou é da garganta ou da cabeça, mas se perguntasses eu teria que responder que não és nenhum destes cinco, era isso que pensava no banho, olhando-os no seu voo. És o que fugiu do braço e se foi para outro sítio. Debaixo da pele, dentro de mim. E por lá andas, desconhecida, sem sabermos eu e tu do sítio onde venhas a pousar. Debaixo da pele, dentro de mim, mas tu não perguntas e eu não respondo. Pela garganta ou na cabeça, acontecem-nos as histórias mais formidáveis. E voamos.

O valor do silêncio

Sabes que estás num bom tipo de relação quando o silêncio não é desconfortável.

Tem a sua piada I

A primeira coisa que perguntou foi o porquê da ausência de pontuação. A segunda foi que "je t'embrace" se escreve "je t'embrasse".

Tem a sua piada

Enchi-me de mariquices para o primeiro e afinal a emenda veio pior do que o soneto.

The tour guide

Para testar o quanto as pessoas são civilizadas coloca-lhes uma fila à frente e um espaço apertado.

E o burro sou eu?

O senhor da energia aumentou os preços e apresentou uma lista de truques para poupar, como, tomar banho em conjunto, jogar monopólio em família em vez de jogar consola, ler em vez de ver televisão, fazer noites à luz das velas, ocasionalmente. Toda a gente acha que ele está a fazer pouco de pobres coitados e que é inadmissível a ousadia de vir com uma lista de ideias de poupança. Eu nem sou de cá mas acho que o senhor da energia disse coisas cheias de sentido.

O meu olhar tem razões que o coração não frequenta (diz-me quem és tu, de novo).

Expectativa: a palavra que antes de o ser, já o era.

And I find it kind of funny, I find it kind of sad, the dreams in which I'm dying are the best I've ever had.

Não esperes, quis tantas vezes dizer-te. Se puderes, não esperes nada de ninguém, sabe que és bastante por ti, tudo. És tu todos os homens e todas as mulheres e todas as crianças e todas as aves. Os sonhos, os medos, as vontades, és tu. Quando alguém canta em alta voz, ou adormece a chorar, és também tu. No vento que se agita, quando as folhas dançam e o mar esbraceja a dor de quem fica, vejo-te a ti. Um universo que crias a cada manhã e que se acaba todas as noites quando se fecham os olhos (há um universo inteiro nos teus olhos, se ainda não te disse). Sai por isso a conquistar tudo, o tempo, a solidão, o desejo por todos os dias e todas as vezes, a liberdade de que ela fala. E ainda que a vida se repita nos gestos, nos gostos, nos palpitares tão ansiados, lembra que nada há que possas perder. Recomeças em cada momento. Agora, este.

And I wanna kiss you, make you feel alright (all my tears have been used up on another love).


We can bring it on the floor (shouldn’t talk about it).

Novamente: só o que te recorda todos os sentidos faz sentido. Falar de fé neste caso é como confundir fé com religião e note-se que é possível ter uma sem ter a outra.

My New Year's resolution is to stop hanging out with people who ask me about my New Year's resolutions I

Não é o ano que tem de mudar, és tu.

My New Year's resolution is to stop hanging out with people who ask me about my New Year's resolutions.

Pessoas que fazem resoluções para o ano seguinte são geralmente as mesmas que fazem balanços do ano que termina. Isso e tops, de livros, de filmes, de tudo.

The evidence suggests that optimism is widespread, stubborn and costly.

Desconfia sempre de pessoas que não se arrependem de nada; são geralmente as mesmas que não aprendem com os erros.

A cama 1.

Responde que não gosta de gente coitadinha e conta a história da vizinha que fica curada com aspirinas a pensar que são outra coisa. Não são poucas as vezes em que eu preferi que ela gostasse de gente coitadinha só para que eu tivesse a certeza. Há sempre pior, naturalmente, mas interessa-me pouco, só esta é a minha. Magoam-me os dias da espera  sem sabermos o que esperamos e a sua resistência impressiona-me e orgulha-me na mesma medida em que me desespera. Chega a dar-nos conselhos cheios de sabedoria, porque só troçando poderia distrair aquele pensamento. Não sei se ela tem medo de morrer ou se já o perdeu há muito tempo. Diz-nos, por exemplo, que, se pudermos escolher, que escolhamos a cama 1 porque é a que tem a melhor vista e dá para ver se há ou não visitas, quem chega e quem parte. Se houver algum problema, é também a melhor cama para se fugir, como daquela vez em que ela foi num instante a casa só para fazer o jantar e pediu ao meu pai para a levar rapidamente de volta antes que alguém percebesse. Já as camas 7 e 8 são camas de transição, nunca se sabe se para melhor ou para pior, é esperar para ver. Rio-me e respondo-lhe que deveria escrever um livro, algo que fosse de utilidade também para os outros. Rio-me, é a única coisa em que ela me deixa acompanhá-la. 

Cathedrals in my heart.

Ela não sabe que enquanto me diz que já não tem fé eu penso que isto já nem com fé lá vai. Ela não sabe que foi também ela uma bela prenda de 2013. Ela não sabe que me lembro das suas palavras de há um ano atrás, o mesmo dia em que perdi a pulseira, que me fizeram chorar mas também sentir a mais livre. Brasil, Londres, Lapónia ou outro sítio qualquer, disse ela. Elas não sabem que eu sou lamechas e que penso nestas coisas enquanto vejo os fogos.

Help me lose my mind (a two-way thing).

Escolheu a pornografia ao sexo real e a Julianne Moore à Scarlett Johansson e o filme é tão convincente a apontar as razões que eu até consegui entender.