The world's got plenty of good and bad liars but our lies should come with chariots and choirs.

This bare truth of which most won't share (I hope you share).

Há dias mais longos que outros. Lançam-se filmes e séries, publicam-se livros, abrem cafés e inauguram-se exposições, salvam-se pessoas, nascem crianças, acontecem milagres e os dias continuam longos. Ennui. Os gestos e as palavras não coincidem, o relógio mente, já se fez tudo. Pensamentos sem forma são pedras que pesam. Despes-te de importância, privas-te da maravilha. Esgotado o mistério, não há do que fugir. Está-se melhor dentro do silêncio. O silêncio é mais quente, aceita melhor. O silêncio encobre tudo e não pergunta nada. Em silêncio não há falhas ou desilusões, nenhuma verdade a confrontar. Dizes silêncio e responde-te o silêncio.

Histórias, nossas histórias, dias de luta, dias de glória.


Oh, minha gata.

We would have gone to the cinema and after that to the restaurant.

Conheço o teu futuro melhor do que conheço o meu. Conheço-te e conhecer-te é, por definição, conhecer-te o futuro. Desconheço as dúvidas debaixo dos teus passos, inquietações em que tropeçam, mas sei-lhes as certezas, chão que procuram. Não é novidade. Está escrito nos astros, casa de sagitário quando a lua se cruza com o meio do céu em júpiter. Vejo-te os trabalhos, as rotinas, aquilo de que foges e aquilo de que não prescindes. Vejo-te os garotos e os ralhares com peso e medida, os lanches que lhes mandas para o caminho mesmo que a viagem seja breve e os beijos nas bochechas, coisas que o coração sabe e só o sentido de vergonha impede agora de descrever aqui.

O futuro chegará a horas. Como os extremos convergem sempre para a média, o marginal a aproximar-se infinitissamente do normal, assim há também um tempo certo para onde convergem todos os incidentes. Porque nenhum desejo é suficientemente grande para ditar a realidade, nenhuma clandestinidade subvertida o bastante para chegar a ser modelo. Tudo isto sabemos, vemos e aceitamos e, por isso, quando o futuro chegar, encontrar-nos-á prontas.

Há entre nós um entendimento silencioso que subjaz a todos os planos, preâmbulo do melhor que ainda está por vir. Quando nos abraçamos com força, é nesse futuro que pensamos. Nada lhe ficaremos a dever, nada nos deverá. Por cortesia, peço-lhe só mais cinco minutos. Por amor, dou-lhe a vida toda.

Well, for one, her life doesn't start when I arrive and stop when I leave. She has other things she cares about.

Assusta-me um certo tipo de pessoas que mudaria de repente a vida por uma excitação. Irrita-me a facilidade com que o faria já amanhã.

We don’t remember days. We remember moments.

S03E12: Are you afraid he's coming? Or are you afraid he's not?

Foi uma cena de aeroporto, como faria sentido ser. Todos os aeroportos são lugares de verdade. Se alguém se dignasse ir a um a esta hora da tarde, seria difícil encontrar uma mentira que fosse. Nos aeroportos só há verdade. A cada partida e a cada chegada, a sua verdade. Ele, quase alcançando a sua, desiste então. O último minuto, sempre o decisivo, e ele desiste. É verdade que nunca sabemos qual o momento que nos mudaria a vida, podemos passar-lhe ao lado e continuar toda a vida ignorantes, a culpar uma infelicidade que não soubemos decifrar a tempo, a porta que, distraídos, não vimos, a estrada que o medo não desviou.

São então os olhos que se baixam e a voz, ainda mais baixa, é agora quase envergonhada. Acabou. Acabou-se. Foi demasiado lento, demasiado tarde. Não é por não ter dito as palavras que ele queria ouvir que ela disse as palavras que ele não queria ouvir, mas uma pessoa depreende, imagina, teme e sucumbe, porque nem mesmo um sim chega para ser um sim e um não para ser um não, quanto mais todas as outras palavras, o que se diz no que não se diz, o que não se diz, dizendo. Há uma distância inarrável que vai de mim a ti, daquele homem àquela mulher, e de nós àquela pessoa. Cada um é apenas uma margem. Não sabemos por isso o que se passou subitamente na sua mente, ainda que se escute uma triste música de fundo a ocupar o espaço.

Dizem que a força não está no número de golpes que se desfere mas no número de golpes que se aguenta. Dizem que não é possível medir forças com a vida e que por isso não é como a atacas mas como lhe resistes. Foi este o final e as razões persistirão insondáveis. Se foi medo da rejeição ou cansaço, não sabemos. Se foi aceitação ou liberdade, o seu gesto mais cobarde ou o seu gesto mais altruísta, são estas, ainda assim, nada mais do que suspeitas. No final do episódio, a cena do aeroporto, aquele era apenas um homem triste e eu apenas alguém com esperança.

S03E11: Does she make you laugh?

Na dúvida, talvez seja esta a única pergunta que importa.

Não é apenas a pobreza que é envergonhada.

Pergunta a alguém que ganhe bem quanto ganha e responder-te-á entre dentes, envergonhado; pergunta a alguém que ganhe mal quanto ganha e responder-te-á a plenos pulmões, injustiçado. Os ricos têm mais vergonha de falar de dinheiro do que os pobres.

Queixava-se amargamente da vida, sem saber que ela só tem a riqueza que tivermos.

Pior do que a incapacidade de ver bem os outros, ao longe ou ao perto, é a incapacidade de conseguirmos ver-nos bem ao espelho.

67/70 ou Eles é que são Ingleses mas o problema da questão era o Inglês.

Pior do que ser burro, é tentar justificar a burrice.

67/70 e três letras depois no currículo

No mundo profissional, não é a paixão ou o talento mas o tamanho, o que importa: o tamanho do nome, apelidos herdados, comungados ou adquiridos; ou o tamanho dos títulos e certificações que precedem e sucedem o nome, doutores e engenheiros.

Se for humilde, nada. Se for ainda mais humilde, tudo.

Por vezes é preciso contrariar uma ocupação, enxotá-la sem remorso antes que se instale definitiva. Sendo grande, a minha preguiça não é maior do que o silêncio. Talvez a vida seja de facto uma questão de hábitos, aqueles que devemos manter e aqueles que devemos contrariar. Hoje escrevo com o único propósito de contrariar-me, supondo que alguma razão é já ter razão suficiente. Sou quem escreve para não esquecer, acima de tudo isso, mas penso em ti e reparo que até o tacto, o olfacto, a visão, guardam com mais zelo essa tarefa. A minha lembrança é a dos sentidos e tudo o que sei de ti é de cor, etimologia do coração e pulsar de sangue.

O que escrever aqui hoje, parecer-me-á talvez já amanhã inútil. Não tenho o que ensinar e conselhos é coisa que não se deve oferecer a ninguém. O que é verdadeiramente meu é tudo o que é intransmissível. O que sinto já foi sentido por outros e continuará a sê-lo, o que possa dizer, a mesma coisa. A nossa diversidade é a nossa igualdade. No contínuo do tempo e do espaço, pouco há de novo. Somos de facto iguais e há tão pouco afinal que resista ao tempo, repara. Ocupa-me uma nulidade existencial, uma ideia sacrílega de que tudo o que vale a pena não está aqui. António Lobo Antunes a dizer que quem não fode não pode ser bom escritor e eu a dar-lhe razão, mesmo que se esteja a referir ao Fernando.