Eu não sei (tanto sobre tanta coisa que às vezes tenho medo).

Vinicius sempre soube.

Se antes parecia-me pessimismo, acredito agora que "seja eterno enquanto dure" é das coisas mais honestas e bonitas que se pode ter numa relação, seja ela qual for.

(despediu-se dizendo que manter-nos-íamos em contacto porque eu sabia sempre tudo, desconhecendo ele que daqui por um mês talvez eu já não saiba nada.)

What doesn't kill us makes us stranger.

Insistir sobre algo que já não existe é, no extremo, uma falta de respeito para com as boas memórias do que um dia existiu. Remexer o passado é então como uma profanação de cadáver. Igualmente inútil, igualmente deplorável.

Sou uma pessoa equilibrada.

Estou a ler, ao mesmo tempo, um livro sobre freiras e outro sobre perversões.

I am not not the product of my circumstances. I am the product of my decisions.

Não te enganes, rapaz: entrevistas de trabalho não são mais do que acções comerciais. Só precisas de técnicas de vendas, imaginação e exagero.

Try this trick.


Some mistakes are better the second time.

É nestes momentos que se pede que sejamos adultos, que façamos o que está à altura da situação, sem melodramas e com a cabeça fria, porque as emoções atrapalham, distilam, ofuscam a brevidade dos dias, produzem textos longos e exagerados. Aqui também faz frio mas o frio é diferente. O espaço em volta confunde-se com o espaço por dentro. O futuro haverá de fazer-te falta, é essa a saudade que te molda já hoje, algo por que esperar. O que se delimita, o que se reserva e o que se exclui são pormenores que fragilizam mas não quebram. Todavia, não há nada mais triste do que perder a vergonha de ser-se miserável em público. As pessoas falam da vergonha como se fosse algo a evitar mas a vergonha é precisa, até fundamental. Não te livres disso. Não te distraias. Não há vítimas nem algozes, imunes nem impunes. Fomos só nós e, pesem embora as impressões mais imediatas, esta é uma história feliz.

A vida é o mais estranho dos equilíbrios, o mais belo e, ao mesmo tempo, o mais irónico. Logo agora que havia um lugar para sermos comuns e que os dias são maiores. O destino sempre foi determinado mas eu haveria de poupar-nos e encontrar as razões suficientes para fazer de qualquer altura a altura errada (sempre que escrever de amor, deves acreditar em mim). Calhou-nos ser esta. 

Melhoramos os nossos erros enquanto fazemos troça do tempo porque reconhecemos cedo que o passado é uma pedra inamovível. Nenhum sentimento se repete ou se anula, nenhum gesto se esgota porque a vida é irónica mas é imensa. Mesmo que fosse já daqui a cinco horas então. Ainda seríamos nós. Coloca-me a mão sobre o peito e descobre tudo o que alguma vez me importou. Conheces-me. Conheço-te. Antes como depois, perdura o que é puro. Aquilo que o tempo não pode corroer, que não o esqueçamos.

Há quem acredite que a vida é como uma sucessão de marés, ondas que vão e vêm, o encanto seguido do desencanto seguido do encanto, o riso e a lágrima preparados e à espera de vez. Há quem diga que somos temporadas de maré cheia e maré vazia. Deita-te do meu lado e agarra-me ainda a mão como quem se agarra a uma memória ou a uma esperança pequenina. Haveremos de escusar-nos sempre às despedidas. Estaremos na crista da onda a aguardar a próxima maré. Ela virá por nós.

Torna-te leve.

Tem cuidado: a tristeza atrai muita coisa mas dela nunca se ouviu dizer que atraiu pessoas.

Freedom is not free.

Quanto te custa a liberdade?

Entre nós só fumo denso.


Não quero habituar-me a ti.

A noite não é suficiente. A espera é a parte fraca que sou obrigada a dar. O toque faz-se surpresa, quase um acidente. Não sei para onde vamos agora. Não quero ainda habituar-me a ti. Nas mãos apertadas, só cabem alegrias e memórias. O amor é para os heróis e nós somos apenas humanos. A beleza do mundo ser redondo está nas voltas que dá, tômbola de acasos em perpétua giratória. Os Gregos já o sabiam, nenhum marinheiro haveria de cair na ponta do mundo, mas somos nós agora quem roda com ele. A beleza do mundo está nas pessoas que nele habitam, metades periclitantes em eterna demanda, e a felicidade, em saber que a solidão é escolha porque Noé juntou todos os pares na hora de partir. A noite não é suficiente para a minha ficção. Tornamo-nos iguais, eu não pergunto e tu não contas. Duas suposições chegam para uma conclusão mas duas conclusões não fazem um facto. Lágrimas novas nascem de lágrimas velhas. O coração é enorme porque aguenta tudo. É um músculo porque é resiliente, minga e cresce no peito enquanto dormes. É quente, porque se agita e incendeia quando cantas, os jeitos na voz como quem ajeita o cabelo, veia cava, veia supra, assim a anatomia do meu desejo. É teu, porque só sei assim.

Emotions are overrated.

Eram amigos: só contavam um ao outro as coisas boas.

(Youth, de Sorrentino, fez-me um par de dias)

It’s never your successful friends posting the inspirational quotes.

Acção-reacção: inspira-me a mediocridade.

Selective humanity.



"Of Course, the attack on the French is an attack on humanity, but is an attack on a Lebanese, an Afghan, a Yazidi, a Kurd, and Iraqi, a Somali, or a Palestinian any less an attack on all of humanity and the universal values that we share?" (Hamid Dabashi)

Got time to kill.


A prova de que há, de facto, beleza no mundo: encontrar esta música num documentário sobre pornografia.

Da utilidade da Economia.

Explicar os efeitos do tempo numa relação através da lei da utilidade marginal.

This paper is born out of desperation.

Sou uma pessoa demasiado impressionável: admiro de imediato qualquer autor que tenha publicado um paper onde começa pela franqueza de dizer que o mesmo nasceu do desespero.

Honesty kills relationships.

Ainda se chocam, o encandeamento ao sair da caverna. Começam por revirar-se nas cadeiras uns, mexer com inquietação nas canetas, abanar a cabeça outros. Anunciava-lhes que nenhum direito é, na realidade, universal e ria-se enquanto lhes contava, quase como se lhe trouxesse gozo desafiar assim a cru as ideias feitas. Liberdade para todos mas tiramos a liberdade a loucos e assassinos, democracia como ideal mas dizem alguns sobre os ditadores que antes é que era bom. Até a vida, com aborto e eutanásia, mas o que é vida afinal? Depois divaga. Diz que a verdade nem sempre é boa, que a honestidade mata relações, que ser egoísta pode ser a nossa melhor hipótese de sobrevivência. Diz-nos que por vezes é preciso matar. Diz-nos que é muita presunção dizer que a cultura de um País é melhor do que a de outro. Diz-nos que é até uma falta de respeito. Educa-nos para um mundo a cores de vários gradientes, onde não cabem preto e branco. Alerta-nos para não pensarmos singular mas plural, porque não existem valores que não sejam relativos e dependentes, leis que não sejam humanas, ideias que não nasçam dum contexto. E eu, que paguei por um curso de gestão, agradeço as aulas de filosofia.

Perder um comboio só custa se corrermos para o apanhar.

Repara como a mais-valia do dinheiro não está, como dizem, no aumento do poder de escolha mas antes na diminuição do custo de escolher. A medida não está na quantidade mas no impacto, não é quanto adquires mas quanto te pesa excluir. Com dinheiro, não há luta de prioridades. Não excluis, somente adias.

And if my daddy thinks I'm fine (I won't go).

Há coisas em que toda a gente reparou. Os excessos, a ascenção e a vertigem. E depois há tudo aquilo que não se viu porque nunca podemos ver tudo. As bochechas cheias, a fresta entre os dentes, a vergonha apesar da torrente na voz, as palavras fluídas porque eram genuínas. Aquela que achava que nunca viria a ser famosa. Os nervos enquanto canta ao lado do ídolo, porque não quer fazê-lo perder tempo. O ar surpreso de quem nunca tinha sonhado tão alto, enquanto anunciam o prémio. O amor a ser, como é sempre, o paraíso e o inferno na terra, salvação e perdição. A sua magia era ser comum. A sua fraqueza foi ser real.

O pior amor é este, o que já é feito de ódio também.

Ordem de Despejo.

Recebes as frustrações, os cansaços, os problemas, as queixas. O que se despeja. O mau. O desperdício. O resto. Queres ser motor e és escape. Queres a excitação e recebes o abandono. Queres a novidade e recebes a rotina. Queres sentimento mas o que recebes é consentimento. Queres a paixão mas recebes a compaixão. Buscas o princípio mas já só encontras o fim. Porquem existem os dias e depois existe o dia-a-dia. Esta é uma ordem de despejo.