Lembrar até esquecer*

Apetece-me este vídeo hoje, novamente. Sei que não notaste, mas quando o vi, pela primeira vez, foi isso que me prendeu a atenção. Os detalhes, meu Deus, os detalhes. Todas as particularidades que te tornam inteira na intensidade de seres. Posso apostar que não reparaste, talvez unicamente atenta ao génio perfeito, como qualquer genialidade aliás, com que ele toca as cordas. Mas foi por causa disso. Alguém mais to terá já dito? Até mesmo quando te mandei o link, cortesia disfarçada a ansiar a tua resposta, qualquer que fosse, e que tanto tardou para tudo o que esperava. A queda. São afinal sempre infinitos e absurdos todos os lugares onde te procuro, ou talvez nem seja a memória, talvez que só a imaginação elevada à sua potencialidade palpável. Não importa já, desde que continue assim.

Mas eras tu e só eu é que poderia saber. Porque existia aquele crescendo que faz acelerar o coração numa roda viva, a respiração já fora do seu compasso habitual, a vontade premente de querer mais num sorriso que desponta de lado, safado, de luxúria e concupiscência, a cabeça abanando, incredulidade e desejo nesse abandono e até o teu olhar semi-cerrado e desperto na expectativa cruel e demorada que me dava prazer deixar em ti. O indicador atrevido, lento dolorosamente lento, a passear-se nos lábios, na boca, na língua, provocador e em câmara lenta como no cinema, como agora. Bastava isso e logo a tua expressão súbita e transformada de posse e loucura, desejo que arrasta desejo. Não sei esquecer isso, portanto continuo a lembrar. Lembrar até esquecer.



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