But crazy has places to hide in that are deeper than any goodbye.
Lembrava-me de que “a poesia é um veredicto, não uma ocupação”. Lembrava-me de que só importa aquilo que amas, o resto é escória. (...)Escrever faz parte daquilo, ele contempla-a a dormir, quente e rendida, enumera-a, os cabelos espalhados que parecem uma caligrafia, as contracções dos músculos, os vasos sanguíneos, os brincos de jade nas orelhas. Ela é a mulher por quem ele esperava e que lhe estava destinada, o consolo sem planos, a glória obscura, o povo eleito. Podem dizer tudo um ao outro, partilhar tarefas que se tornam rituais. Estão unidos pela exaltação, por aquilo que representam, “qualquer coisa de imortal”, o amor enquanto “protesto contra a sorte e a circunstância”, o amor que transforma, como uma magia, o amor incognoscível, quase intolerável.
Pedro Mexia, sobre O Jogo Favorito, de Cohen
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