Sentes-me a pressa no pulso e entendes. Tenho notado que entendes sempre mais do que aquilo que te digo, sobretudo o que não te digo. Não sei de onde vem isso, que bruxedo ou magia se faz, mas o certo é que entendes. Houve um dia, não sei se ainda te lembras, "há tantos caminhos, Marisa", disseste. Algo muito parecido com isto, seguramente. Foi uma frase como qualquer outra, mas de qualquer outra não me lembro e agora veio-me esta, alguém entenderá porquê, a linguagem cria de facto a realidade. Foi só mais tarde que descobri que este caminho se cruzava com o teu e que percebi porque é que são precisos semáforos em alguns cruzamentos.
E agora tocaste-me no flanco e, no teu jeito tão natural de quem não se sabe feita de filosofias e poesias, daquelas que não rimam, disseste que em caso de medo há que correr para a frente. Nesta bifurcação, corro para a frente, onde tu estás. Sinto-te as pedras, as ervas, o pó e a direcção, o cheiro a terra, o rasto e o horizonte. És caminho.
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