Mandam-me sentar, perguntam-me quando cheguei, o nome do hostel, quantas vezes estive aqui antes, quantas vezes já saí do País. Ainda antes disso, pedem-me que soletre o meu nome e que repita a primeira linha da minha morada, para confirmar se bate certo com o que está nos papéis do banco. Esperam que me engane a dizer a minha data de nascimento, que vão confirmar no cartão do cidadão, ou que vacile numa qualquer questão que me denuncie e, lembrada daquele filme com a Maria de Medeiros, quase temo uma deportação. Hoje senti-me, pela primeira vez, emigrante. São os outros quem nos faz estrangeiros.
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