Quando acordámos, eu ainda era a mesma. Só a realidade se alterara toda, um pormenor que não daria para disfarçar por mais que quisessemos. O despertador volta a tocar, o pequeno-almoço é corrido e incompleto. A luz é outra e há um frio diferente na rua. Ninguém me pergunta onde vou, mesmo que só vá à casa-de-banho. Dizem-te dois ou três nomes mas ninguém acertará no meu. O dia guarda-nos pressas que não temos, encontros que escusavamos, mais de tantos minutos vazios e perguntas desnecessárias para todos os pressupostos do futuro, o único conhecido. Em matéria do coração, talvez nunca venhas a saber mais do que eu, agora.
Quando acordámos, estava já numa casa que não era a minha. E perguntava-me como pode o tempo relativizar a felicidade mas como não consegue a felicidade relativizar o tempo.
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