interditar a memória.
Tornar a inteligência bela é voltar à não inteligência.
Só
é belo o que não é inteligente; porque o inteligente é o não imediato:
um passo atrás ou à frente, enquanto o belo é o instante, a superfície
tão fina que frente igual a COSTAS, o início é o mesmo que o FIM.
interditar a memória.
a memória é ocupação do espaço.
a memória é o não imediato,
a memória é o inteligente.
O
Corpo inteligente é inteligente mas não é corpo porque corpo é estar
presente, agora, por completo, e o inteligente, repito o inteligente é o
não-imediato, um passo atrás ou à Frente.
a dança não tem Memória.
A criatividade não tem Memória.
O Corpo começa agora no momento que acaba.
O Corpo começa no mesmo sítio que acaba.
O corpo é 1 sítio e 1 tempo e depois 1 outro sítio e 1 outro tempo que não recordam o sítio e o tempo anteriores.
CORPO AMNÉSICO.
Esqueceu porquê aqui e agora.
Aqui e agora e antes nada.
Aqui e agora e depois nada.
CORPO AMNÉSICO e sem projectos.
Cortar-lhe a cadeira dos velhos e o monte donde se vê o FUTURO dos NOVOS.
Um
CORPO sem cadeira (não há cansaço porque antes não existiu) e UM CORPO
sem VISÃO (o FUTURO é 1 espaço onde ainda não se chegou).
Sem
visão não há nenhum lado onde se chegar, e sem cadeira não há sítio
onde descansar, portanto só resta ao corpo ser todo aqui e agora e só
resta ao corpo dançar.
(Corpo a quem cortaram a cadeira e os olhos).
Gonçalo M. Tavares
Gonçalo M. Tavares
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