A felicidade começava nela sempre pelos olhos, que se tornavam maiores, mais redondos, mais brilhantes, límpidos. Dois sóis se fosse dia, duas luas se fosse noite, coisa miraculosa e capaz de fazer acreditar finalmente num sentido para o mundo. Fosse feliz e os olhos encher-se-iam logo todos de luz. Só depois a sua felicidade alastrava ao resto do corpo, que a acolhia pronto como terra a receber água, a pele a ficar ainda mais suave e luzidia, aquele toque o mais agradabilíssimo. De todas as partes, importa porém realçar a boca e os sorrisos mais bonitos que se poderiam alguma vez criar numa boca. Quando sorri feliz, tudo se suspende para dentro daquele sorriso. É um sorriso cheio de verdade e salvação, que lhe acentua a beleza e que seria capaz de redimir a todos os pecados. Quando está feliz, ela sorri muito e a toda a hora. Sorri ainda na sua voz de criança feliz enquanto cede ao primeiro sono, já a tropeçar com esforço nas palavras da boa noite. Gosto muito de ti. Gosto tanto de ti. Olho-a, feliz, com a absoluta certeza de que é aquilo a felicidade e de que não quero sair de dentro daqueles olhos. Aproximo-me mais e abraço-a com firmeza porque a felicidade é coisa de agarrar.
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