Rapidamente, transformei uma afirmação numa questão e um estado num problema. Apresentei soluções, caminhos preparados e prontos a seguir. Apressei-me a analisar, resolver, fechar o assunto no mais curto período de tempo possível. Aproximar os desvios à média, reduzir toda e qualquer excepção à sua regra, alinhar desajustes, normalizar. Encaixar situações em formatos conhecidos, lógicas de um mais um igual a dois e matrizes de quadrantes perspicazes, teorias que cubram o espectro de todos os pressupostos, que nada seja anormal, diferente, ambíguo, desconhecido. Que nada seja insolucionável.
Quando assim te apressares, lembra-te daquela pergunta. Que a vida seja o que lhe permitires ser, além do bem e do mal. Sem pressa, sem vergonha, sem o que se aplaque ou se exalte. Que consintas o fascínio, o assombro, o medo e o desconforto na mesma escala de valor, porque a vida não tem dois pesos e duas medidas. Que conheças a simples beleza de existir. Vem sentar-te comigo, Lídia. Porque nem todos os mistérios são de esclarecer e nem todas as complexidades são de desenlaçar. Porque nem todas as ambiguidades são de definir, nem todas as lacunas são de fechar, nem todos os problemas de resolver. Acima de tudo, porque não faz mal.
1 comentário:
Acima de tudo, porque não faz mal.
Muito bem!
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