O sono torna-se sempre secundário. Estudamos com dedicação a anatomia da noite como se saísse em exame no dia seguinte - cada réstia de silêncio, cada sombra de sorriso, a repetição das palavras como canções de embalar que alguém ensinou. O amanhã há-de esperar. É possível cruzar a vida com um único par de verdades e o destino não precisa agora que lhe apontemos soluções. Enquanto aguentarmos a noite, que a noite nos aguente a nós porque a saudade é uma fractura que exige tempo. Foi só recentemente que passaram a existir demónios na língua Portuguesa mas existe o teu canto de sereia louca. Quando o corpo finalmente cede, deito-me na tua voz. E nos olhos encolhidos e na boca tão breve, sou sempre este olhar repousado sobre a ternura do rosto, gesto imperfeito do que não posso conter.
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