A cada regresso levo a mesma desconfiança e o mesmo medo. Quanto terá mudado o mundo desde a última vez. Quanto terei eu mudado. Qual o momento em que nos tornamos desconhecidos sem que o notemos a tempo. Qual o momento em que as palavras perdem o sentido e nos deparamos, sem agitação, com o vazio porque reconhecemos já a inevitabilidade de que são feitos todos os fins. Quando foi que me tornei estrangeira reflectida na inocência do meu afilhado, que me pergunta quando volto para o meu País. Quanto de mim ainda está naquele sítio e de quanto já me livrei. Há quem regresse para a saudade, para a vanglória, até para a vergonha do queixume. Mas os meus regressos são sempre viagens de ida e volta, de garantia e confirmação, validar hipóteses e procurar a tranquilidade das certezas, mesmo que sejam mínimas. Umas vezes enchem-me, outras esvaziam-me.
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