Nem a mais grandiosa imaginação poderia suplantar as imensas possibilidades que cabem numa vida, nenhuma arte maior do que esta que se completa a cada inspiração. De nada valem adivinhações ou profecias, morrem onde a vida começa. Não tentes, não te canses com isso. Também eu pensei que era necessário um mundo novo, a reinvenção de todas as coisas, o puro esquecimento de quem fica. Mas existes tu e existe a vida, os verdadeiros eixos em que roda o mundo, e condições suficientes para o que é de ser tudo. Existir é, de todos, o maior assombro a que podemos ambicionar. Deslumbrarmo-nos, a derradeira prova de que existimos.
A minha surpresa mora na retrospectiva do irrepetível e ri sobre os rumores exagerados da morte, ainda que tenha a certeza que foste quem aprontou isto. Este sítio a que chegamos pela primeira vez é outro. Estamos, talvez agora, num sítio novo. Olho-te nos olhos e abandono o medo, porque a tranquilidade faz-se de certezas, o que sempre se soube. Somos, por um breve momento, a iminência de todas as falhas e a felicidade antecipada de todos os amanhãs. Tu, o inesperado de uma palavra a acontecer irrevogável dentro de mim.
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