Desabituei-me do nome e é talvez por causa disso que há ainda este estremecimento sempre que o oiço. A terra moveu-se uma vez mais e ninguém percebeu que foste tu. O que nos chamam faz também de nós aquilo que somos e é por isso que uma parte de mim, a mais profunda e entranhada, há-de ser sempre aquele nome de família. A outra parte, amor. Quando me chamas assim é ainda uma novidade a aproveitar-se de mim e a acomodar-se ao espaço, ainda que o sentido existisse antes do som, a essência a preceder a existência como nos diálogos intemporais das mais altas filosofias. Cada palavra é uma promessa ao tempo, eco de qualquer eternidade ou de qualquer memória, filhas do mesmo destino. A tua palavra é aquela convicção livre e despudorada que me segura como quem abraça. Chamas-me amor e eu torno-me, de súbito, amor.
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