Os olhos contavam tudo. No encontro dos olhos contavam-se todos os caminhos que permitiram aquele momento, todos os dias que fizeram aquele dia, todos os sins e todos os nãos, toda a espera, todos os medos. Todas as certezas se anunciavam ali, ver-te a ser sempre ver-me nos teus olhos, o teu olhar a ver-me por dentro, sete-luas em sete-sóis. Olhos como se fossem por natureza límpidos. Olhares como polaróides na sua paradoxal missão de serem ao mesmo tempo instante e eternidade do sentir, histórias de primeira e de última vez. Não afastes os teus olhos dos meus, desta canção ignoro a despedida. Os nossos olhos detêm-se numa única confirmação, aquela segurança que vem de quem sente fazer a coisa certa, aquela alegria de quem se descobre por fim, ainda uma secreta esperança que tudo perdure puro. Olharmo-nos assim é sempre as palavras a faltarem-me e todas a quererem vir à boca. Há no nosso olhar tudo o que sabemos e, por isso, não precisamos dizer. O nosso olhar é então palavra de beijar, beijos que se incendeiam no vagar da pele e voam na possibilidade de mil horizontes. Os olhos contam tudo e os meus só dizem o teu nome, amor.
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