É uma daquelas perguntas das noites longas, elefante na sala caminhado atrás de nós em passos pesados, lentos, intermináveis. A pergunta ignora a resposta por medo dela. Condenas aquilo a que não consegues escapar, existencialismo de algibeira que se corrompe tão facilmente.
O mesmo nó na garganta. Fechamos os olhos em repulsa e condenamos em voz alta, cerramos o punho e batemos no peito porque nós não, nós somos diferentes, nós somos definitivamente melhores do que aqueles, melhores do que aquilo. A dor é nao sabermos, porém, agulha num palheiro que existe mas não se vê. Não eras tu, ali, com aquelas pessoas, naquela situação, naquele momento. A humanidade torna-se circunstancial. Afinal, regras são para cumprir, fiz o que mandaram, e quem és tu agora para me julgares.
Não deixes porém que te iludam ao ripostarem que não havia escolha porque até acordar é escolha. Que não te iludas também tu, animal domesticado que cala e consente. Podes ser fantoche, mas que te permitas ver os cordéis em movimento. Depois, que te envergonhes, sim, mas que assumas o que só a ti pertence. Tens a responsabilidade de ser livre.
As tuas escolhas são a tua individualidade, o manifesto mais bonito da tua liberdade. A cada dia, espero que escolhas a vida.
(depois de ver Experimenter e Le Jeux de la Mort)
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