“Não se acostume com o que não o faz feliz” é uma mensagem poderosa. Alegadamente, até Pessoa percebia de auto-ajuda, o que não é de estranhar para uma pessoa que nunca fodeu. Dou pela frase todas as manhãs, num mini-azulejo magnético, antes de seguir para o sítio que não me faz feliz.
Não era para mim, aquele azulejo com aquela frase. Todavia, não hesitaste a dar-mo quando to pedi. Era Verão, éramos felizes, tínhamos o melhor pequeno-almoço de sempre, palavras tão próximas que quase redundantes, e eu irritava-me com a burrice, o preconceito e o mau atendimento da Livraria Lello, atestando que uma escadaria, umas madeiras e uns bustos não chegam para fazer uma boa livraria.
Hoje olho uma vez mais aquela mensagem, pensando no ciclo que finalmente se quebra. Assustam-me e excitam-me os saltos sem rede, o mesmo deslumbre que prende crianças e adultos no circo. É a mesma excitação que sinto quando compro bilhete apenas de ida. O medo que move. Ele diz que cada viagem é sempre um regresso a nós mesmos. Partimos para podermos entender o significado de casa, seja isso o que for. Hei-de partir sem conhecer o caminho a tomar mas sabendo que todos levam a casa.
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