Já nada me espanta e dizê-lo assim chega a ser triste. A vida chega-nos pré-definida, pré-cozinhada, pré-feita. Não faltam teorias que nos expliquem e modelos onde alojarmos as nossas contradições. Temos estudos, relatórios, estatísticas, previsões, tratados, leis, mapas. Não é expectável, ou sequer desejável, que nos percamos nas avenidas de sermos reais. E, porém, há este torpor que sufoca. É preciso reaprender o espanto. Quem sabe por que cores entenderíamos o mundo se nos rendêssemos só um pouco mais à serendipidade, levarmos um pouco mais a vista desarmada, prestarmos um pouco mais de atenção. Ver mais e ver melhor. Que tenhamos a coragem de deixar ainda a vida em aberto.
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