É cada vez mais consensual a ideia de que, se queremos fazer alguma coisa em literatura, temos de a fazer contra a literatura, porque se não estamos a repetir ou a papaguear o que já foi feito. Não vale a pena ser um daqueles, como é que se chamam... os prémios saramagos, talvez com uma excepção única, são tipos que sabem escrever, escrevem correctamente, mas o que eles escrevem não adianta a ponta de um corno, porque aquilo já está feito, já está feito de outra maneira e já está feito de melhor maneira, não vale a pena ir por aí. Noutro dia estava aqui uma moça neste café a quem eu perguntei quem é que ela gostava de ler e ela respondeu Pedro Chagas Freitas. Ela gostava sinceramente dele, não deu para dizer “isso não interessa nada”. Não fiz isso. Só o faço com pessoas que têm mais conhecimentos. Ela precisava de ler muito até perceber que aquilo não interessa nada.
Rui Caeiro, em entrevista a Jogos Florais
(tu, dizendo que os livros, as canções, os filmes, o mundo, tudo está batido, tudo fraquinho. Hoje morreu o Rui Caeiro.)
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