Reconheço seres o meu delírio mais flagrante, o inverossímil mais bonito da minha ficção. Sei que deliro ao chamar-te casa e que é absurdo que não consiga avançar. O que sinto é ilegítimo. Finjo não reparar nas fronteiras ainda que estas me rasguem. Evito a pergunta que arde. Foi sempre o fogo, o caminho. Quanto me custará o amor?
“Queres ser feliz ou saber a verdade?”
Sei da parte mais incorruptível em nós. O que se faz porque o coração quer, de coração aberto. Quando foi que a nossa escolha deixou de ser segura? A nossa junta de dilatação vai gasta, aguenta cada vez menos, e a mágoa engana. O cansaço pesa e mata. Não menosprezo o dano que nos causamos.
É tão frágil tudo, amor. Tão arriscado cada gesto, o limite de uma palavra. E os momentos são tão breves. Distraímo-nos e passa um dia, uma semana, um mês, uma vida. E tenho medo. A ideia de não ficares aterroriza-me. Não preciso da razão, mas preciso de ti, da paz que vem de ti.
Há um sítio dentro de mim que te pertence e que te espera. Que não seja tarde até que nos apercebamos. Que não me custe a amizade.
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