De tempos a tempos aparece novo escândalo para nos entreter a morbidez e dar chão. São choques que dão compasso às estações e rapidamente se diluem na impavidez quotidiana. A rotina consome todas as indignações e não há inquietude que rebente a barragem de águas paradas e podres em que chafurdamos. Pais que violam filhas, velhos que matam pretos, cães que morrem, crianças que morrem, mulheres que morrem, a morte em todo o lado – quantos mortos te coube este ano? – incêndios no verão, cheias no inverno. Mais do mesmo, um vai e vem de crises episódicas que nem ondas do mar, que nem vagas de calor. Que raio de simulacro de empatia te tocou, logo agora que está quase na hora da novela? Seguimos sonâmbulos, confiando que amanhã será melhor.
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