Precisamos do engano como precisamos de chão para pisar. Sem o engano, esmagar-nos-ia a realidade. Aquele que é mais enganado é também o mais apaziguado com o mundo. A paz chega a ser engano. Afinal, há um doce conforto no engano e está-se tão bem na cama. Os crentes sabem-no e os apaixonados também. É por isso que o amor é um exercício de fé. É aí que se mede o homem, quem ele é depois do engano. A vida é essa sobrevivência a um engano. E é por isso que amo quem segue de olhos abertos, as pessoas raras. Amo a clarividência que brota do desengano. Os teus olhos.
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