O amor foi feito p’ra gente ficar feliz, explicou-me ela.

Há quem insista na permanência da ausência, caixinhas dentro de caixinhas, e desate a inaugurar monumentos à sua perda, quão mais grandiosos e sofridos, melhor. Há quem queira cristalizar o tempo, como se ele não fosse fluído e sempre nos escapasse. Há quem faça do amor um mausoléu e dê por si a confundir o amor com a coisa amada, o reflexo de um reflexo. Temo as inquietudes que me servem e recrio a memória como me convém. Demorei-me. Isto é um mausoléu, eu sei. Todavia, há clarividência nesta decisão. Há firmeza nesta decisão. Os fantasmas não são de acordar se nunca os conheci adormecidos. Co-existimos na mesma morada, mas respeitamos o espaço de cada um. Sem eles, seria outra. Não te preocupes, por isso. Há propósito. Acima de tudo, que decidas bem onde e a quem te dedicas. Que os teus mausoléus sejam estrutura, não argumento. Com tanto por onde escolher, que nunca sejas daqueles que se dedicam à incapacidade de ser felizes.

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