Deixei de conseguir contar-te as frustrações do dia e é a medo que coloco a nú certas dores. Eu sei, nada disto importa. São miudezas que se vão no sono. Mas é a diferença no antes e depois que é gritante e desilude. Porque já foste a quem, ingenuamente, julguei poder contar tudo, como se diz, mesmo que esse tudo seja apenas a superfície suportável do que não nos envergonha. O que foi que se perdeu primeiro, a paciência ou o interesse?
O que me desgasta ou comove é aligeirado, normalizado, quase ridicularizado na sua pequenez. E tens razão, tens razão. Eu sei, são só sentimentos e são só os meus. Todavia, no seu âmago, nada disto tem a ver com a razão. Reivindico a emoção do meu sentir, estado bruto. É uma comparação absurda, mas permite-me: quando um indivíduo parte para a porrada, o que quer é que os amigos, os do seu bando, vão com ele, não que lhe expliquem que a porrada nada resolve. É uma necessidade primitiva de amor e pertença o que se procura, aquilo a que se poderia chamar companheirismo. Nada mais. Não quero que me acalmes, mas que grites comigo.
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