Pergunta a alguém se é feliz e repara como te olharão desassossegados, como se houvesse um estratagema escrupuloso por detrás da pergunta ou como se questionasses ali sem pudor o oculto de um segredo profundo. Repara como se movem inquietos e perguntarão cheios de agnosticismo o que é isso afinal, a felicidade, quimera tão longínqua como perdida. Haverão de hesitar numa conclusão firme, optando pela ambiguidade tranquila de um talvez, tem dias, o espectro acostumado do miserável vai-se andando, cá se vai indo. Para estes, a felicidade é excepção à regra, deslumbramento exigente e de condições variadas e nunca inteiramente satisfeitas. Repara como lhes é fácil entrar na noite de uma tristeza, um par de incidentes lhes basta para uma eternidade sem fim, porque a tristeza pode ser um vício como qualquer outro. Ela tem razão quando anuncia que já ninguém liga à felicidade. Pergunta de novo e observa. Ignora-te de ti por um momento e repara bem como há pessoas para quem a felicidade é um impossível. E então, de olhos bem abertos, que decidas escolher o encontro com a felicidade a cada dia. Nasceste para ser feliz.
Sem comentários:
Enviar um comentário