Quando vieres, os ponteiros dos relógios não vão parar como na casa dos Saramagos, milagre inusual que só se digna acontecer aos poetas. Sobre o tempo, dizem que amanhã haverão de continuar as mesmas nuvens e, a fazer caso no que eles dizem, dar-se-á ligeira descida de temperatura. As marés não se alterarão nem o sol dançará no ar quando vieres. Não haverá rufar de tambores nem comunicados de última hora, não serás notícia no jornal. Quando vieres, ninguém dará conta, suspeito. Só as palavras se alterarão todas, palavras de dizer a serem palavras de tocar, a voz da escrita a ser a voz da vontade, o peito finalmente acalmado nos afectos e silêncios promulgados no cansaço, o mais feliz. Quando vieres, nada muda no mundo, que o saibas já. Mas espero-te com a mesma atenção e a mesma ansiedade. O meu coração a bater és tu.
(vem mas é pra casa)
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