Era um miserável por beber. Agora não bebia, deixara de fumar, deixara de comer carne, passou a praticar exercício e a fazer meditação diária. Vendia uma ladaínha difícil de acreditar, como a quem não coubesse outra solução. Enquanto falava não sorria, baixava os olhos, talvez nem ele próprio acreditasse no que dizia. Resignava-se à sua nova condição de miséria como quem aceita uma doença sem cura. Passou de miserável por beber a miserável por não beber. Engana-se porém, ao pensar que o denominador comum era a bebida. Nunca passou dum miserável.
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