Viagens na minha terra: ela parte-me o pescoço.

Surpreendeu-me na demora do abraço, ele mais insistente do que eu. A bochecha encostada à minha num calor que sabe a saudade e a regressos (depois dele, só conheço outra pessoa com bochechas assim). Abraçou-me como a alguém que lhe fez falta ou como quem gosta de nós. Ainda não me pede nada, ainda não me julga. Em troca, surpreendo-o também no meu conhecimento das cancões que aprende na catequese ou ao ganhar-lhe em todos os jogos e a superar recordes. Ensino-lhe os nomes dos dedos só para que se ria de todas as vezes enquanto repete o médio, o dedo do toma. Há uma autenticidade no seu riso que espero que demore a perder. Conto-lhe do gelo no Ártico onde vivem ursos, gordos e grandes como ele, meu amor, meu urso polar. Vai já ganhando medida e vontade própria, a escala métrica da sportzone já lhe sugere um tamanho maior de pneus para a bicicleta. Canta como se fosse o rei maior da parada mas envergonha-se a dizer boa noite à rapariga da caixa, toca todos os brinquedos da loja mas é com o mais simples de todos que se encanta e que corre a vir mostrar-nos, qual criança que é. Quando a madrinha vier vamos à neve. Quando a madrinha vier vamos ao bowling. Quando a madrinha vier jogamos ping-pong e à bola. É ele que me torna mole. Para ele sou futuro, toda a felicidade que ainda há-de vir.

1 comentário:

Anónimo disse...

:)