Então é isto, o belo.
Um quarto de hotel numa cidade estrangeira mas que sabemos de cor. A luz dum dia de Verão que chega pela janela e desaba nos pés descalços. O perfil de uma mulher que sabe o que quer. Um cheiro a sabonete e a promessa. As cortinas que sôfregamente ecoam a brisa do meio da manhã. Ela, sentada no sofá, uma perna baloinçado, a outra flectida debaixo de si, triângulo isósceles, ângulo mais que perfeito.Tem um vestido de flores que lhe cobre o corpo matriarcal e deixa adivinhar as formas, o volume do peito, o chamamento da mão. Brinca com um dos caracóis enquanto trauteia em ditongos perfeitos o preenchimento, o ritmo, a intensidade, a textura, a mobilidade e a cor, quem sabe se não outra coisa. Talvez apenas os meus sintomas os mesmos, repetíveis até à exaustão da loucura. A boca, os olhos, a pele. É bela. Ao fundo, o som do tram misturado com os sonhos e a pobreza do mundo. Também poderia ser uma velha canção de amor. É isto.
Sem comentários:
Enviar um comentário