Da felicidade nos campos de concentração.

Não fala dos horrores. Não entende porque falam de horrores e acha ignorante o exagero, que se apelide de inferno. Ele não esteve no inferno, não conhece o inferno, só os campos. De resto, só encontrou o que seria natural encontrar num sítio daqueles. Não fala de infortúnio, de engano, ou de destino. O afamado destino judaico. Falar de destino seria admitir que não existiu liberdade de acção. Seria omitir a possibilidade de escolha entre a conivência e a resistência. Pior, seria afirmar que também a indiferença foi natural, tão natural como os próprios campos. Pelo contrário, fala de felicidade. Choca-nos com a felicidade. Também ela, tão natural.

(Fatelessness)

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