Por vezes, viver pode parecer irracional. Naquele caso, certamente, poderia ser algo de irracional. Tão ilógico que chega a causar estranheza aceitar essa vontade. Ele assume uma vergonha de estar vivo, ocupar espaço, destoar do mundo, homem feito carcaça, feio, fraco e inútil para ser gente. Talvez que lhe fosse melhor morrer, acabar de vez com o sofrimento de existir num dia-a-dia que só pode conduzir a um mesmo fim. Contudo, fomos desenhados para acreditar. Somos sobreviventes. Contra todas as probabilidades, contra a razão, contra a carne, contra os outros e as expectativas e desejos dos outros. Fomos feitos para a vida mesmo quando é a morte quem nos chama. Por isso, ele quer viver. Ainda.
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