Quando acabávamos de plantar, as unhas sujas da terra, íamos roubar pêras às pereiras do vizinho, esperando que não tivessem veneno nem bicho. Bebíamos água directamente do furo e sentíamos-lhe o sabor evidente a ferro. Enquanto esperávamos pelo arrumo dos tractores, debruçávamo-nos sobre o poço e atirávamos pequenos seixos às rãs que encontrássemos. Lembro-me bem da árvore espreguiçadeira que caía para dentro do poço, cresceu tanto que houve uma altura em que quase o ocupava todo. Hoje não existe, ocupa apenas a memória.
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