Dom Pêro da Covilhã ou Sohwakhaeng.

À medida que cresce, vamo-nos estranhando. Faz parte, bem sei. Começa a sentir pudor, a achar menos piada ao mundo, a procurar outros interesses. Assisto à sua metamorfose com curiosidade e com carinho. Apesar de tudo, parece-me uma criança grande. Quando me vê fumar, vai a contar à mãe como se me descobrisse um segredo ou presenciasse o ilícito. Faz-me rir e talvez a minha indiferença o perturbe ou o fascine, talvez seja a independência de ir a descobrir sozinha graffitis pelas ruas naquela cidade onde nos encontramos pela primeira vez juntos. Depois pede para vir comigo e, não sendo isso nada, é-me tudo. Comover-me-ei sempre nesses gestos banais e inesperados. Quando pede para disputarmos a colina coberta de neve, vejamos quem chega primeiro, quando somos cúmplices de aventuras despropositadas, quando pergunta se posso ficar depois de jantar para brincar com ele. O seu abraço é sempre mais apertado nas despedidas e estou em crer que mais sincero. As despedidas fizeram-se para mim e para o meu afilhado, para que nos reconheçamos.

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