A mão abre a intimidade de outra mão. Expõe o lugar nunca preenchido.

Não penses que não entendo. Olho isto de fora e, também eu, não sei. Há, como disse a directora prisional num travo filosófico de que nem se apercebeu, a permanência da tua ausência. Não nos tocamos sequer. E, porém, estás aqui e não preciso de outro gesto.

Há um sentido quase sagrado na partilha de uma cama. “Como se quisesse adormecer dentro de ti”, escreveu para que eu o pudesse sentir contigo. Quando partes, fica ainda o teu cheiro e o teu calor. Quando ficas, ouves o meu bocejo mesmo quando não o noto. Isso importa. Como sempre, não te terei dito nada. Devia tê-lo feito. Queria ter-te enchido de beijos. Pedir-te: não me assustes assim nunca mais.

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