O sol quando nasce é para todos, mas não é à mesma hora.

Não é todos os dias que se tem a plena consciência de se estar a ser feliz. Nota como, na maioria das vezes, é apenas na retrospectiva que a percebes, a felicidade. Não, isto não acontece a todos nem acontece a toda a gente. É preciso ter sorte. E se esta felicidade for exagero – o que não é, quando nos servimos de palavras? – que se diga somente que soube-me bem. Que fazes-me bem. Que por causa do teu riso é possível voltar de novo a respirar entre a rotina cansada dos dias. Como um fôlego de ar. Que rezo para que o fosso - pejorativo, admito - não seja nunca obra nossa.

Guardarei essa lembrança de noite privada. O teu corpo no murmúrio do meu pronuncia uma vontade inquieta, sossegada apenas pela brisa intermitente da ventoinha. É preciso estar ainda atenta à iminência de qualquer incêndio. Deitada a teu lado a ouvir-te rir até de madrugada, mesmo que sob um calor infernal e a promessa de uma mordidita, sou eu a ser feliz, sabendo-o. Estava o sol para nascer às cinco e trinta e seis, mais ou menos.

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