Tento
a liberdade de não pertencer a nenhum passado nem a nenhum futuro. Afasto-me da
sombra que o tempo criou e avanço de olhos abertos. É preciso clarividência
para reconhecer o que é singular. Quero testar a profundidade do peito. Quero
conhecer a lonjura do desastre que seria num instante apaixonar-me por ti. Quanto
tempo demorarei a desejar-te?
Abro-me
à possibilidade. Que nome tomaria esse instante? Se não te conhecesse. Se passasse
por ti na rua. Se te ouvisse na mesa do lado. Tu não sabes no que pensava enquanto
lias em voz alta ou, mais tarde, quando dedilhaste com elegância o pescoço
enquanto pedias a conta. Quanto tempo demora o fogo?
E surpreendo-me
na conclusão de todas as horas. Mesmo que eu não tentasse. Mesmo que este
blogue não fosse do caraças e as palavras não fossem sítio de dormir como são
de dar tesão. Mesmo que eu resistisse. Serias sempre um embate. O meu acidente
mais feliz. E nisto não há sobressalto ou sequer convicção. Querer-te é um
facto do mais leve e simples e não se deve ter vergonha num facto. Quando te coloquei a mão no joelho já não quis
parar ali. O céu não é o limite.
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