Não é ele quem os condena, somos nós. Ele mostra uma parte e nós inferimos o resto. Destituímo-los dos seus papéis, esquecemos ou ignoramos o todo. Aquele criminoso é também o melhor pai que aqueles filhos poderiam ter, é um marido e um amante mediano, é um professor esforçado que faz horas extra não remuneradas para ajudar os alunos com dificuldades de aprendizagem. Dá sangue todos os meses, nunca se esquece do dia de aniversário de casamento, joga no euromilhões todas as Sextas com o sonho de poder dar uma casa ao irmão e uma vida tranquila à família, daria a vida pelos seus amigos se preciso. É uma pessoa com um ponto fraco. Na ordem das coisas, esse ponto fraco seria insignificante não fosse o dano que daí pode advir. Tem uma secreta predilecção sexual por menores, algo de que se envergonha mas que não consegue vencer. Ele mostra-nos o pedófilo e nós vemos um pedófilo.
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