There's nothing between us, a bit of joy and memories.


No seu simbolismo de banda sonora, chega a ser um belo sumário sobre o meu “bonito serviço”, como disse o Rui Caeiro. E não, nunca me cansarei disto.

Unbothered. Moisturized. Happy. In My Lane. Focused. Flourishing.

Qualidade de vida também é isso, sentir o privilégio de me poder dar a essas pequenas excentricidades, como pedir uma garrafa de vinho com os hamburgueres. E haverá melhor, depois, do que conduzir, no regresso, com o sol a bater na cara enquanto Rubel e Emicida cantam Mantra? Não me deixa esquecer.

(Jorge, eu já perdi meu tempo encarando o próprio espelho, medindo amor, contando like, ouvindo os outros, tendo frio e tendo medo.)

Olha aí: então agora não me toca.

Não achei que pedisse demais ou que fosse despropositado. Nem sequer ia com outras intenções senão essa de te abraçar o corpo, a despedida antes do sono. Seria natural, pareceu-me. Mas, de imediato o embate brusco e incisivo, como quem reage a uma ofensa, e perdi ali logo a noite. Recolhi à beira da cama para dali não mais sair, protegida de tentações, não fosse adormecer e, instintivamente, dar por mim a aproximar-me do abismo que é o teu corpo. Caíria mais depressa para ti do que para o chão, que é o mesmo que dizer que mal dormi, presa a essa ideia perigosa do merecimento. Eram três da manhã e estava eu a pensar no idiota do João e na Ana Sofia. Abençoada Ana Sofia. O idiota do João que insistia no argumento inocente de merecer, ele que estava a dar tudo, ele que fazia tudo, e por isso tudo merecia. E eu, que desprezo o João e o que ele representa – na investida, dedicação desmesurada de ridículo; na rejeição, de orgulho ferido, a clamar que quem não quer é ele, pois que estar perto dela é tóxico –, eu ali a ser João e a irritar-me com isso, a ter pena de mim por isso, a não conseguir dormir por isso. Porque eu também merecia. Até o cão recebe mais carinho do que eu, doía-me por essa hora. E se aquela pessoa era eu, e a outra eras tu, como pode ter sido esta ocasião tão diferente daquela outra, há uns anos, é certo, onde foste tu quem disse “estava a ver que não” sobre a minha mão ausente e então encontrada, como quem espera e se apazigua na certeza do meu toque. Era outro quarto – na tua vida, em que quarto habito agora? No forçado silêncio da noite, alentei a tristeza, mas garanto que não a procurei, aconteceu-me. Não digas que a culpa é minha. Eu só procurei um carinho. O carinho, como quando o beijo era artigo definido e, por isso, nosso. Achei que merecia, foi isso. Não se mede o amor, mas eu sou uma mulher que quer tocar e ser tocada. Tocar para crer. Tocar para querer.

De novo, para ver se te entra: you are entitled to nothing.

A dependência pode ser uma besta, mas o merecimento é a maior armadilha. 

Mas os double são sempre melhores e com melhor vista que os twin.

A nossa relação sempre foi uma relação à distância: bastaria contar os passos que nos medeiam na cama.

A Natália é a Correia, a UNOPS é na Dinamarca.

Não sei se reparaste que eu estava a ser feliz: a tua coreografia tão bem encenada; ou as cabeças nas almofadas, olhando uma para a outra – tu contavas-me de hipóteses de futuro e eu sorria porque coincidiam com as minhas.

É você que tem os olhos tão gigantes e a boca tão gostosa.

Custa-me a acreditar que existam músicas que não foram feitas especialmente sobre ti.

Grande amor da minha vida.

 

Grande amor da minha vida
Nunca se sinta sozinha
Meu amor, eu te prometo
A cada momento te fazer feliz
Meu amor eu agradeço
Para sempre o dia que eu te conheci.


1. "Daqui do fundo do poço a acústica é maravilhosa".
2. "Fui rir, chorei."

Not wisely but too well.

"Dizer que aprendemos com os nossos erros é obviamente o mais puro wishful thinking. Digamos simplesmente que aprendemos".

(Frederico Lourenço)

I'll stare directly at the sun but never in the mirror.

Haverá maior crueldade numa relação entre duas pessoas do que saber-se o que a outra pessoa precisa, mas negar-lho?

Idiots. Idiots everywhere.

Deixei de conseguir contar-te as frustrações do dia e é a medo que coloco a nú certas dores. Eu sei, nada disto importa. São miudezas que se vão no sono. Mas é a diferença no antes e depois que é gritante e desilude. Porque já foste a quem, ingenuamente, julguei poder contar tudo, como se diz, mesmo que esse tudo seja apenas a superfície suportável do que não nos envergonha. O que foi que se perdeu primeiro, a paciência ou o interesse?

O que me desgasta ou comove é aligeirado, normalizado, quase ridicularizado na sua pequenez. E tens razão, tens razão. Eu sei, são só sentimentos e são só os meus. Todavia, no seu âmago, nada disto tem a ver com a razão. Reivindico a emoção do meu sentir, estado bruto. É uma comparação absurda, mas permite-me: quando um indivíduo parte para a porrada, o que quer é que os amigos, os do seu bando, vão com ele, não que lhe expliquem que a porrada nada resolve. É uma necessidade primitiva de amor e pertença o que se procura, aquilo a que se poderia chamar companheirismo. Nada mais. Não quero que me acalmes, mas que grites comigo.

Forgot password?

Foi um gesto simples e inofensivo. Tão banal que passaria despercebido. A metáfora adequa-se: fechaste a porta e deitaste fora a chave. A nossa história ficou esquecida lá dentro. Só eu ouvi o estrondo da porta a bater.

É por dentro que eu gosto que aconteça a minha vida. Íntima. Funda. Como um sentimento de que se tem pudor.

Na tua infinita solidão, sou tolerável. E, parecendo que não, isto é um feito.

Ai, mãe, que o pai vem aos ésses.

Afasta-te de pessoas que dizem que o seu sonho é ser feliz ou qualquer dia estás por aí a dizer que o que preferes na vida é respirar.

Amor é bem fácil de achar. O que acho mais difícil é saber amar.

Gostava de ter a quem dedicar canções de amor, levar a hotéis e a experimentar restaurantes. Não se trata de sentir sozinha; mas, é tão difícil encontrar restaurantes que sirvam cataplana para um!

Todo o dia a mesma noite.

Se não fosse uma história tão infeliz, dava um título perfeito.

Não há Portugueses entre as vítimas.

Não te enganes: teres nascido em Portugal foi um acaso. Não é uma sina. Não te faz melhor nem pior. E, sobretudo, não te faz diferente.

Coisas a ensinar aos sobrinhos, na categoria de ambições irrealistas, mas poderosas.

‘O que os outros pensam de ti pertence aos outros’.

O meu menino bom.

Finge que me coloca perfume e eu finjo que não gosto.

- Ele: cheira bem, cheira a ginja!
- Eu: Ginja?!
- Ele: então, tu gostas de ginja…

Schadenfreude.

Apresentaram-me há dias a palavra, numa discussão vagarosa sobre Os Versos Satânicos, a melhor hora do dia para parar o mundo e os piores modos de morrer que sustentassem o argumento da forma sobre o quando (os meus amigos fazem-me mais rica).

Refere-se ao prazer derivado do infortúnio dos outros. Não sei como nos escapou, pois deve rondar a mesma idade da tão-afamadada camoneana ‘inveja’.

A competitive salary: the salary will be competing with your bills.

Conseguimos normalizar tudo, até a miséria.

Marrakesh: a sério, batata frita?

Ao ouvirem Portugal: batata frita, bacalhau cozido, feijoada, Lisboa, obrigado, vitamin-siiii, 1-0.

Are you satisfied with the life you lead?

New year, same resolutions: don’t you worry, child.

Conhecendo-me, vai sorrindo à saída de cada carta. Dir-se-iam consistentes ou condizentes. Tenho a temperança e quem olhe por mim. Estou bem.

New year, same resolutions: do tarot.

Conhecendo-me, chamou-me à razão, o dedo certeiro na ferida. A questão não era se eu ia, mas se eu queria.