Deus e a Fé

Depois de alguns, indesejados mas necessários, períodos de interrupção, acabei ontem à noite de ler "Deus e a Fé - Razões do crente e do não crente", editado em Portugal pela Casa das Letras.
Logo as duas perguntas inscritas na capa ilustram bem a discussão que um livro destes pode (e deve!) gerar: "Se Deus existe, como explicar o mal?", "Se Deus não existe, donde vem o bem?". De resto, visto abordar quatro temas tão complexos, profundos e subjectivos - os motivos do diálogo entre crentes e agnósticos, a existência de deus, o significado de Jesus Cristo, e a compreensão do Homem - , todo o livro é por si só um excelente ponto de partida para perguntas últimas e de sempre.

"Deus e a Fé" é o resultado da correspondência entre um crente e um ateu, mas não para encontrar aquele que tem razão ou os melhores argumentos. Pelo contrário, os autores (ambos espanhóis, um doutorado em Teologia e o outro doutorado em Filosofia) têm um discurso fundamentado, em jeito de verdadeiro diálogo, com tolerância, humildade e abertura a opiniões contrárias. Fica-se sempre expectante quanto à resposta seguinte e aprendi realmente imenso com estas cartas.
Realço apenas algumas ideias propostas pelos autores que me ficaram na memória e que dariam lugar a muito debate- a de que a fé não pode ser uma conclusão demonstrativa da razão, porque está sobretudo ligada à afectividade; a de que se Deus existisse, notar-se-ia; a de que, cada vez mais, existe uma espécie de religião à la carte; entre outras, muito proveitosas, que talvez venha a aprofundar por aqui.

Gosto particularmente deste tema. Talvez porque não saiba bem o que pensar da fé (e não me refiro apenas à fé espiritual mas a qualquer uma) e das pessoas que a têm. Nutro por elas um sentimento confuso. Às vezes, admiro-as, outras parecem-me ignorantes a viver alicerçados num sonho. Mas, independentemente de se ser ou não crente, é inegável a influência que o factor Deus tem na vida privada como na pública e, por isso, o livro tem sempre uma base de interesse. Além disto, transmite uma ideia muito importante nos tempos que correm - a de que não é bom encerrar-se no próprio castelo ideológico, a de que é preciso abrir-se àquele que pensa de modo diferente de nós. Aconselho vivamente este livro. Fez-me encarar pontos de vista em que nunca tinha pensado antes e vale muito por isso. Verifiquem...

6 comentários:

JAM disse...

O bem vem do mal e vice-versa.....acho que existem poucas dúvidas disso!
A fé, no seu "método" religioso, e a crença que o Homem tem em seres divinos que tudo corrigem, faz com que este mundo seja atrasado....
Esse livro é capaz de ser engraçado, tenho de ler, eventualmente.
Obrigado pela sugestão, linda

JAM disse...

Gosto desse lado pecador da coisa.....
Hum....titties!
(sorry, esta tinha de sair!)

Anónimo disse...

http://www.youtube.com/watch?v=E_EXqdJ4L7I


parecido ao que tinhas ai num post mais abaixo... O gajo dá-lhe.

Anónimo disse...

...hum enganei-me no sitio da resposta....era para a imagem de cima...ups

Marisa disse...

Kurotenshi, quanto ao assunto da fé, não gosto de assumir uma posição demasiado linear, mas ainda assim, dou-te alguma razão, sobretudo por causa do atraso/dano causado por extremismos...
Mas, já dizia Pessoa, com acerto, que "passar dos fantasmas da fé para os espectros da razão é somente ser mudado de cela". E eu concordo. Tenho a minha opinião mas...admito sempre a hipótese contrária.

Quanto ao vídeo do youtube, não sei se foste tu que recomendaste (suponho que sim) mas está muito giro também! LOL

Quanto às titties, já me tinha apercebido que era para o post acima! :) Mas não gosto desse nome (faz-me sempre lembrar tetas!). Prefiro boobies! :P LOL

JAM disse...

Não ,linda, o link não fui eu.....eu não gosto de ficar anónimo... :D