Aquela Palavra

Não sei se não entenderás como precipitada aquela palavra. Algumas palavras pesam muito, não é? São simples, curtas, sonoras. Certezas. Afirmações. É tornar palpável e até sério o que pode parecer ténue e frágil. Mas que culpa tenho? Nunca gostei de prazos, de metas próprias da idade, de obrigações do tempo, de caber em dias. Não importa a cadência do tempo, importa como o sentes e vives. E é por isso que seja passado um dia, uma semana, mês ou ano, não me interessa, porque não me canso de te olhar, porque te quero em cada instante, em mais uma palavra importante e pesada: Sempre.

Não era assim daquele jeito, abreviado e confuso, que ta queria dizer. Nos meus sonhos e pensamentos, ela é te sussurrada ao ouvido quando, entre os teus braços, reparar nos teus olhos fechados e supor que dormes. Mas que culpa tenho? A palavra queria sair ao teu encontro ainda antes da minha certeza em ta dizer ou, como se diz, foi mais forte do que eu. Assomou-me à boca como uma necessidade a cumprir, vinda do fundo de mim para se entregar a ti. Talvez aquela palavra estivesse à tua espera há muito tempo, desde eras imemoráveis, e agora, excitada na descoberta de ti, não se aguentou mais como prisioneira. Escapou-me. Voou para ti. Apanha-a entre os dedos e trata bem dela. E então, aquela palavra será vida e o verbo será carne e eu serei tu.

Sem comentários: